Exportação de carne de frango cai 70% em Passo Fundo

De janeiro a outubro o município vendeu U$ 34,1 milhões em proteína de aves, bem menos do que no mesmo período do ano passado que somou U$ 111,1 milhões

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O saldo da balança comercial de Passo Fundo caiu pela metade neste ano. Os números são pressionados negativamente pela exportação de carne de frango, cuja redução nas vendas foi de quase 70%. De janeiro a outubro deste ano, foram vendidos U$ 34,1 milhões em carnes de frango. No mesmo período do ano passado, U$ 111,1 milhões em carnes saíram de Passo Fundo para o exterior. Em setembro e outubro deste ano, não houve nem registro de exportação do produto.


Com a baixa na venda de carne, foi registrada a queda de 58% no saldo final da balança comercial do município. De janeiro a outubro de 2018, o valor estava em U$ 317,7 milhões. Neste ano, até o momento, o resultado está em U$ 133,2 milhões. No último mês, o resultado só foi positivo porque a comercialização de soja impulsionou o indicador de exportações. Os dados foram extraídos da Balança Comercial, divulgados pelo Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços.


Possíveis causas
A queda na exportação de frango, não só em Passo Fundo, tem ligação com os escândalos de corrupção envolvendo empresas de carne brasileiras e seus desdobramentos. A Operação Carne Fraca deflagrada pela Polícia Federal em março do ano passado é um dos casos. À época, foi exposto um esquema ilegal envolvendo fiscais agropecuários a serviço do Ministério da Agricultura e donos de frigoríficos nos estados do Paraná, de Minas Gerais e Goiás. A PF afirmava que os fiscais investigados na operação recebiam propina das empresas para emitir certificados sanitários sem fiscalização efetiva da carne e que o esquema permitia que produtos com prazo de validade vencido e com composição adulterada chegassem a ser comercializados.


Além dos mandados de busca e apreensão e das investigações, a operação virou destaque na mídia internacional e trouxe consequências à exportação da carne brasileira. Desde então, o mercado internacional olha com desconfiança para os alimentos brasileiros deste setor. A União Europeia (UE) aplicou duras medidas e chegou a suspender a compra do produto brasileiro em 14 países. A operação teve várias fases e ainda há desdobramentos em curso. Outros esquemas de corrupção envolvendo empresários do setor e políticos chegaram a conhecimento público nos últimos anos. O que pode ter respingado negativamente nas empresas e marcas. Por fim, no início deste ano, a greve dos caminhoneiros, que paralisou o Brasil, trouxe consequências para frigoríficos e produtores de aves.


ABPA comemora números de exportações
Porém, por outro lado, levantamentos da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) mostram que as exportações de carne de frango totalizaram em outubro 366,3 mil toneladas, volume que supera em 0,4% as exportações realizadas no mesmo mês do ano passado, com 364,3 mil toneladas. Em receita, as vendas do período alcançaram US$ 578,5 milhões, número 8,3% menor que o resultado obtido em outubro de 2017, com US$ 631,2 milhões.


No acumulado do ano, o setor exportou 3,425 milhões de toneladas, volume 6,7% menor que as 3,673 milhões de toneladas embarcadas entre janeiro e outubro de 2017. Em receita, a retração é de 11,2%, com US$ 5,4 bilhões de toneladas nos 10 primeiros meses deste ano, contra US$ 6,1 bilhões registrados no mesmo período do ano passado.


“A média das exportações registradas ao longo deste segundo semestre, de 397 mil toneladas mensais, superam em mais de 8% do desempenho alcançado no ano passado, o que confirma a perspectiva de recuperação apontada pela ABPA para 2018”, destaca Francisco Turra, presidente da ABPA.

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