Sindicato estima que dois mil funcionários tenham sido demitidos em Passo Fundo

Demissões no setor de hotelaria, bares e restaurantes teriam acontecido devido à queda no fluxo de atendimento causada pela pandemia do novo coronavírus

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O Sindicato dos Trabalhadores em Hotéis, Bares, Restaurantes e Similares (STHBRS) de Passo Fundo estima que, no último mês, aproximadamente dois mil funcionários do ramo tenham sido demitidos no município. Há, ainda, trabalhadores que tiveram o contrato suspenso por 60 dias. O motivo seria a redução no movimento registrado nos estabelecimentos desde que a pandemia do novo coronavírus teve início. De acordo com o presidente da entidade, Paulo Ricardo Moreira, dezenas de empresas chegaram até mesmo a fechar as portas. Ainda não há um balanço oficial sobre o número de estabelecimentos que decidiram encerrar as atividades recentemente.

Desde que a evolução da doença cresceu em Passo Fundo, colocando a cidade como a segunda do Estado com mais casos e mortes por Covid-19, inclusive com dois focos localizados de contaminação, Moreira tem visto a situação com maior apreensão. “Vinha se discutindo a possibilidade de reabrir com alguns cuidados. Agora não sabemos mais o que pode acontecer. Todas as categorias estão sofrendo, mas acredito que a nossa seja uma das principais”, avalia. A entidade estima que a categoria mais afetada seja a de garçons – muitos dos quais trabalhavam sem carteira assinada, sendo pagos por horas trabalhadas –, já que o decreto municipal que restringe as atividades econômicas no município, em vigor há 40 dias, atinge principalmente bares e restaurantes.


Movimento na rede hoteleira caiu 90%

Conforme o presidente do sindicato que representa os empresários do ramo, Leo Duro, o movimento caiu mais de 90% na rede hoteleira e cerca de 80% em bares e restaurantes, que podem trabalhar apenas no formato de tele-entrega. “O dono de um dos maiores bares de Passo Fundo tem registrado prejuízo de R$ 5 mil por dia. Tenho colegas precisando demitir 10, 20 funcionários”, observa. O maior prejuízo, no entanto, é observado em pequenos negócios, segundo ele.

Duro usa de exemplo, também, o hotel onde é proprietário, comparando a média diária de hospedagens que era registrada no hotel antes da pandemia e a média atual. “Antes, eu hospedava cerca de 53 pessoas por dia. Agora, baixou para nove. A hotelaria está devastada. Não somos uma cidade turística, mas somos um polo em educação, saúde e agronegócio, três caminhos que levavam muita gente a se hospedar na região. Atualmente, estamos abertos basicamente para atender apenas trabalhadores que mantêm serviços essenciais”, observa.


Município estuda plano de retomada

A situação dos hotéis, bares, restaurantes e similares foi pauta de reunião entre um grupo de empresários do setor e o prefeito Luciano Azevedo, na tarde dessa terça-feira (28). Conforme o representante da patronal, Leo Duro, na oportunidade, as partes definiram um “inovador plano de reabertura” de restaurantes e lanchonetes, considerando a situação epidemiológica da região. “Deixamos bem claro que a nossa intenção não é simplesmente reabrir, é ter um equilíbrio entre saúde e economia. Por isso, o que elaboramos é um plano que prevê uma base de treinamento e qualificação dos estabelecimentos que queiram reabrir com restrições, sem comprometer a saúde pública. Essa adequação e treinamento seria feito em conjunto com o Sindicato, a Vigilância Sanitária e a Secretaria Municipal de Saúde”, explica.

A intenção é incluir, nas normas, pontos como higienização e gestão de pessoas. “Mencionamos cuidados como higiene, limitação no número de clientes, horário para intercalar o turno dos funcionários, verificação do condicionamento dos alimentos, entre outros. Em contrapartida, quem aceitar participar dessa reabertura inicial, deve concordar que em caso de descumprimento está sujeito a perder o alvará. Há todo um estudo preliminar porque sabemos da gravidade da pandemia e nos preocupamos, também, com todos nossos colaboradores. Há muito medo na reabertura, mas também temos medo da crise econômica”, esclarece o presidente.

Ainda de acordo com Duro, a Prefeitura Municipal de Passo Fundo se comprometeu em estudar a proposta. Uma resposta deve ser dada até a próxima semana. Caso aprovado, o treinamento poderia começar a ser executado em aproximadamente um mês. “É muito cedo para dizer, mas foi uma promessa do prefeito considerar. Imaginamos que, se der certo, entre um e dois meses teríamos a reabertura parcial da parte de alimentação”, esclarece. Considerados ambientes de alto risco, bares não estão inclusos no plano, em um primeiro momento. A decisão pode ser influenciada, ainda, pelo novo decreto estadual que deve ser publicado pelo governador Eduardo Leite nesta quinta-feira.


Arrecadação de alimentos

Para ajudar os trabalhadores que perderam o emprego e enfrentam dificuldades financeiras, o STHBRS está organizando uma campanha de arrecadação de alimentos, intitulada “Dia do Trabalhador em 2020 é dia de solidariedade”. Como descreve o presidente da entidade, Paulo Ricardo Moreira, a iniciativa deve ajudar principalmente aqueles que trabalhavam em boates, pubs, casas noturnas e eventos, sem carteira assinada, estando em situação emergencial. “Vale lembrar que o nosso sindicato também representa trabalhadores da região, incluindo os municípios de Sarandi, Guaporé e Soledade”.

Interessados em contribuir com alimentos não-perecíveis ou valores em dinheiro podem entregar os donativos de segunda a sexta-feira, em horário comercial, na sede do sindicato, localizada na Avenida Brasil Oeste, 897, no Centro de Passo Fundo. As arrecadações serão distribuídas no dia 1º de maio. O contato para mais informações é o (54) 3312-3694.

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