"O cenário é devastador"

Presidente de sindicato, Leo Duro avalia efeitos da pandemia no setor de hotéis, bares e restaurantes

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Apenas no mês de julho, oito restaurantes fecharam as portas em Passo Fundo (Foto: Hector Falcon/Unsplash)Apenas no mês de julho, oito restaurantes fecharam as portas em Passo Fundo (Foto: Hector Falcon/Unsplash)
Apenas no mês de julho, oito restaurantes fecharam as portas em Passo Fundo (Foto: Hector Falcon/Unsplash)
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Quatro meses após a chegada do novo coronavírus em Passo Fundo, o cenário é considerado 'devastador' pelo presidente do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Passo Fundo, Leo Duro. Segundo ele, os números de demissões e negócios fechados seguem crescendo exponencialmente. Apenas no mês de julho, oito restaurantes fecharam as portas em Passo Fundo. 

Hotéis

O setor de hotéis tem uma base mais forte, de acordo com o presidente da entidade, no entanto, pousadas e hospedagens menores fecharam, assim como motéis. Proprietários de alguns hotéis decidiram suspender as atividades e aguardam para reabrir posteriormente. Leo acredita que o medo das pessoas já passou e que o número de clientes vem aumentando, com mais pessoas viajando, “mas ainda assim, não paga as contas”, afirma. O trabalho, segundo ele, é para amenizar os prejuízos. Para dimensionar os estragos causados pela pandemia no setor, Leo Duro usa o próprio negócio como exemplo, dizendo estar há 140 dias no prejuízo e que a previsão de melhora é somente para o próximo ano. 

Medidas

Segundo Leo, os hotéis têm adotado medidas para reduzir os prejuízos, como descontos, redução dos valores das tarifas, utilização de plataformas online e a criação de laços com os clientes. Além de cumprir com todos os protocolos de higienização sanitária. “É um periodo dificil de saúde pública e a gente está fazendo o máximo”, afirma. 

Restaurante e Bares

Na visão do presidente do sindicado, restaurantes e bares têm sua rotina diretamente impactada de acordo com as bandeira definidas pelo estado. “A forma como o distanciamento controlado foi implantado, principalmente para o setor de serviços, é horrível”, declara. Léo afirma que as mudanças dificultam muito o planejamento dos proprietários dos estabelecimentos. “Não tem um empresário que consiga gerir uma situação dessas”, afirmou. 

Assim, como os hotéis, restaurantes e bares também estão se adaptando. “Bares que trabalhavam mais com bebidas, se transformaram totalmente e hoje são referência em lanche”, exemplifica. As mudanças, segundo ele, são como "um suspiro de esperança". "Para esses negócios a perspectiva de melhora fica para o ano que vem. Enquanto isso, a gente vai procurando alternativas”, diz o presidente.

De festas para lanches

A casa noturna Mahanna costumava promover festas para o público alternativo em Passo Fundo. Com a pandemia, a casa precisou suspender as atividades antes de completar um ano de funcionamento. “Nós fomos os primeiros a sermos afetados, fomos os primeiros a parar, ainda mesmo antes dos decretos serem feitos, por uma questão de responsabilidade e de educação com os nossos clientes”, relatou Jean Fabris, proprietário da casa. O fato de ser um negócio novo tornou o impacto ainda maior. “Por ser uma casa noturna nova na cidade, nossos gastos mensais continuam elevados devido ao alto valor do investimento da estrutura”, explicou Fabris.

O prejuízo do negócio já chegou a R$ 40 mil. A casa não precisou realizar demissões porque contava com trabalhos freelancer. Para contornar os prejuízos, a alternativa foi cortar gastos extras, como internet e telefone. O proprietário também precisou negociar o valor do aluguel. 

A casa, que antes vendia lanches durante as festas, passou para o sistema de tele-entrega. “A estrutura a gente já tinha. Para nós foi uma verdadeira aventura, de criação de festas para criação de lanches”, conta o proprietário. Mesmo com uma boa aceitação do novo produto, o rendimento não bate com as despesas mensais. “Mas já nos ajuda bastante”, afirmou Fabris. 

Esperança na vacina 

Em relação ao futuro, a expectativa é pela vacina. “Assim como todos artistas, produtores e demais pessoas que vivem da aglomeração, estamos só esperando para que tudo passe rápido e que a vacina saia ainda este ano e a gente possa voltar a trabalhar”, explicou Jean Fabris. Ele também relata uma rotina de incerteza devido ao modelo de distanciamento controlado. “Não tem como fazer planos, uma semana estamos na bandeira laranja e outra na vermelha, parece ser uma rotina que nunca acaba”, contou. Ele aguarda a estabilização das bandeiras para um possível atendimento ao público.

Notícia atualizada às 14h56

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