O saldo de geração de empregos voltou a ficar positivo, pelo terceiro mês consecutivo, em Passo Fundo. De acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), o município registrou a criação de 653 vagas de emprego durante outubro. O índice é calculado com base na diferença entre admissões, que no mês passado ficou em 2.347, e de desligamentos, com 1.694 demissões registradas na cidade. Este é o terceiro saldo positivo computado desde o início da pandemia e o segundo melhor resultado do ano, atrás apenas do mês de fevereiro, quando foram abertos 812 postos de trabalho.
O salto no crescimento é significativo quando comparado ao saldo do mês de setembro, período em que foram criados 257 vagas com carteira assinada – à época em que os números referentes ao nono mês do ano foram divulgados, o Caged apontava um saldo positivo de 270 vagas para o período, no entanto, os índices foram alterados no banco de dados do cadastro. “Não sabíamos muito como seria a retomada após a abertura dos setores. O resultado nos surpreendeu positivamente. Se pegarmos os dados de setembro e comparamos com o de outubro, tivemos 150% a mais de vagas positivas. Se continuar assim, Passo Fundo pode fechar o quarto ano consecutivo contratando mais do que demitindo”, analisa o coordenador da agência local do FGTAS/Sine, Sérgio Ferrari.
O levantamento aponta ainda que a maioria dos trabalhadores admitidos em outubro foram mulheres, com 335 contratações, prevalecendo a faixa etária entre 18 e 24 anos. Na divisão por ramos de atividade, quem liderou a abertura de vagas foi o setor do Comércio, que admitiu 1.048 pessoas durante o mês e desligou outras 769, resultando em um saldo positivo de 279 vagas. Em segundo lugar na geração de empregos, está a Indústria, com saldo positivo de 187 postos, seguido pelo setor de Serviços, que admitiu 166 novos trabalhadores. A Construção gerou 20 vagas e aparece em quarto lugar. O setor que menos contratou durante outubro foi o agropecuário, registrando a criação de apenas um posto de trabalho.
Com o aumento das contratações, caem os pedidos de seguro-desemprego
Para Ferrari, a retomada no crescimento de vagas denota uma recuperação gradativa da economia. “Nós notamos muito isso na questão dos pedidos de empresa por profissionais. Estamos com uma média entre 70 e 80 vagas disponíveis todos os dias na agência. A indústria é um setor que está contratando muito, então é porque está vendendo. E agora, com o fim do ano, aumentam também as contratações de temporários”, observa.
O cenário contribuiu, consequentemente, para a diminuição dos pedidos de seguro-desemprego, ainda de acordo com o coordenador da agência do FGTAS/Sine. “Antes não baixava de 30 ou 40 pedidos por dia. Hoje, é cerca de 10 ou 15”. Em relação ao número de pessoas fora dos postos de trabalho em Passo Fundo, ele estima que o saldo gire em torno de 5 a 7 mil pessoas.
Apesar dos resultados positivos, no acumulado do ano, o saldo de geração de emprego permanece negativo. Conforme o compilado de mês a mês do Caged, nos 10 primeiros meses de 2020, Passo Fundo teve 729 demissões a mais do que contratações. Foram 19.002 trabalhadores admitidos, contra 19.731 desligados. Hoje, são pouco mais de 57,4 mil trabalhadores com carteira assinada no município.
Saldo positivo no país pelo quarto mês consecutivo
O saldo de geração de empregos, no Brasil, ficou positivo pelo quarto mês consecutivo. Foram criadas 394.989 vagas com carteira assinada em outubro, resultado de 1.548.628 admissões e de 1.153.639 desligamentos. O estoque, que é a quantidade total de vínculos ativos, em outubro chegou a 38.638.484, variação de 1,03% em relação ao mês anterior. No acumulado do ano, o saldo é negativo em 171.139, decorrentes de 12.231.462 admissões e de 12.402.601 desligamentos.
Dos cinco grandes grupamentos de atividades econômicas, quatro tiveram saldo positivo no emprego em outubro. O principal foi o setor de serviços, que abriu 156.766 novas vagas. No comércio foram criados 115.647 postos; na indústria, 86.426; na construção, 36.296.
Segundo o secretário do Trabalho, Bruno Silva Dalcolmo, em abril as admissões caíram e as demissões registraram alta, em função da crise gerada pela pandemia de covid-19. Esse efeito do início da pandemia levou o saldo de empregos formais a permanecer negativo ao longo do ano. “As admissões encolheram muito, chegaram a 40% do volume normal, durante o mês de abril. E houve pico de demissões também. Isso abriu um déficit grande no mês de abril. A partir daí, podemos notar uma progressiva retomada do ritmo normal da economia. Mas como as empresas demitiram muito durante o mês de abril e depois já estavam muito enxutas, é natural que as demissões perdessem ritmo”, disse.
Atualmente, acrescentou o secretário, as contratações estão em crescimento. “No momento de reabertura da economia, de retomada forte como está acontecendo agora, isso documentado por gastos de cartão de crédito, de energia elétrica, falta de matéria-prima, é natural que as admissões crescessem em ritmo mais forte do que as demissões”, acrescentou.
Recuperação de empregos
O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que até o fim do ano é possível recuperar os empregos perdidos no início da pandemia de covid-19. Para o ministro, ao observar o saldo acumulado do ano até outubro, negativo (mais demissões que contrações) em menos de 200 mil (171.139), é possível prever que 2020 terminará sem perdas de empregos. O ministro reforçou que a economia brasileira segue em rápida recuperação. “Desde 1992, o Brasil não criava tantos empregos em um mês. A economia continua retornando em V [rápida recuperação], gerando emprego em um ritmo acelerado”, disse Guedes.