O município de Passo Fundo se manteve em oitavo lugar, pelo segundo ano consecutivo, no ranking das cidades com o maior Produto Interno Bruto (PIB) do Rio Grande do Sul. De acordo com os dados divulgados pelo Departamento de Economia e Estatística da Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão (DEE/SPGG) do Governo do Estado, no ano de 2018, a soma dos bens e serviços produzidos pela cidade chegou a R$ 9,14 bilhões. O valor equivale a 2% do PIB gaúcho, orçado em R$ 457,29 bilhões.
Embora o estudo elaborado em parceria com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostre um crescimento no PIB passo-fundense, que passou de R$ 8,63 bilhões em 2017 para R$ 9,14 bilhões em 2018, a participação do município na composição estadual sofreu queda de 0,04%. O acréscimo no PIB também foi insuficiente para que Passo Fundo recuperasse a posição de sexta maior economia gaúcha, espaço que ocupava até o ano de 2016.
Na análise do economista e professor da Universidade de Passo Fundo (UPF), Julcemar Zilli, apesar de pouco expressivo, os números apontam um comportamento econômico superior ao observado no restante do país. “Em 2018, o Brasil como um todo estava saindo da crise de 2015 e 2016. Naquele ano, o crescimento do PIB nacional foi em torno de 1,1%, enquanto Passo Fundo cresceu 5,81% de 2017 para 2018. Ou seja, mesmo assim, foi bem superior ao crescimento do país. É um momento onde a economia começava a dar indícios de recuperação”, aponta.
O estudo apresentado pelo Departamento de Economia e Estatística mostra também que, no agrupamento por principais atividades econômicas municipais (dividido entre agropecuária, indústria e serviços), Passo Fundo figura no ranking de 10 municípios com maior Valor Adicionado Bruto (VAB) apenas no setor de Serviços. A cidade aparece em quinto lugar, ocupando uma fatia de 2,5% de participação no quadro estadual, com R$ 6,82 bilhões. Para Zilli, o levantamento denota a importância do setor para a economia de Passo Fundo. “O município como um todo está centrado em cima de três pilares: agronegócio, saúde e educação. Veja que dois desses setores estão ligados diretamente a serviços. Então podemos dizer que, sim, é uma área extremamente importante para a nossa cidade”, elucida.
Fatores de queda
Para o economista Julcemar Zilli, a falta de novos investimentos de grande porte no município é um dos fatores que impactaram de forma direta a queda do município – que até 2016 ocupava a sexta posição – no ranking das maiores economias gaúchas. Ele aponta que, até a época citada, Passo Fundo contava com grandes indústrias, especialmente no setor do agronegócio, que ajudavam a impulsionar o Produto Interno Bruto. “Lembro que, em 2016, o crescimento foi de 25%. Se continuássemos naquele ritmo, em quatro anos, Passo Fundo dobraria de tamanho. Mas, desde então, nós não estamos percebendo novos investimentos no setor de forma geral e isso tem feito com que a gente permaneça em uma posição de quase coadjuvante do Estado. Estamos entre os dez maiores, mas falta investimento”.
Por outro lado, Zilli observa que a diferença que separa Passo Fundo dos municípios que ocupam o quinto, sexto e sétimo lugar no ranking não é tão significativa. “A diferença é de R$ 600 milhões. Parece bastante, mas não é tanta coisa assim se tivermos investimentos em grandes empresas, associado com a melhora do cenário econômico nacional e estadual”, estima. Para ele, esses poderiam levar Passo Fundo a melhorar a sua posição no ranking.
A perspectiva de crescimento – que ainda deve aparecer em comportamento semelhante no PIB de 2019, prospecta o economista –, no entanto, deve enfrentar novos percalços com os reflexos deixados pela pandemia do novo coronavírus. “Em 2020 devemos observar algo derradeiro, nem imaginamos o quanto. Em cenário nacional, o decréscimo é esperado na casa dos 4% a 6% do PIB. Talvez Passo Fundo possa ter uma queda menor que o comparado em outras regiões e melhorar o posicionamento no ranking, porque o setor de agro e de saúde ainda nos mantiveram aquecidos, mas os reflexos serão sentidos”.
Principais destaques no Rio Grande do Sul
O Rio Grande do Sul também registrou crescimento no PIB de 2018, atingindo o valor de R$ 457,29 bilhões em 2018 – uma alta de 2%, superior à taxa nacional. O Estado ocupa o quarto lugar no ranking dos estados brasileiros com maior participação no PIB do país, atrás de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.
Com Porto Alegre na liderança, o ranking das 10 maiores economias do Estado tem na sequência Caxias do Sul, Canoas, Gravataí, Rio Grande, Santa Cruz do Sul, Novo Hamburgo, Passo Fundo, São Leopoldo e Triunfo. Líder na lista, Porto Alegre registrou um PIB de R$ 7,13 bilhões. No entanto, a capital dos gaúchos viu nova queda na sua fatia de participação no total do RS, com perda de 0,45 ponto percentual, a maior entre os 497 municípios, o que a fez concentrar 16,9% do PIB do Estado.