O Rio Grande do Sul deve aumentar em 28,4% a produção de grãos na safra 2020/2021, com uma colheita estimada em 33,9 milhões de toneladas. A projeção do Sistema Farsul, indica uma recuperação parcial após o ciclo frustrado do ano passado, quando uma severa estiagem atingiu o Estado e deixou prejuízo de mais de 8 milhões de toneladas no campo.
Por um lado, a soja deve aumentar a produção em 75,8% - para 19,8 milhões de toneladas, volume inclusive acima da safra 2018/2019. Mas por outro, o milho deve sofrer com uma segunda seca em sequência e ter resultados ainda piores do que no ano passado. A falta de chuva no início do desenvolvimento do grão, principalmente na Região Noroeste, tende a reduzir a produção para somente 3 milhões de toneladas, 28% menos em relação à safra anterior e 47% abaixo de 2018/2019.
O Sistema Farsul ainda estima alta de 15,3% no volume de trigo no próximo ano, enquanto o arroz deve registrar queda de 3,4% depois do recorde de produtividade da safra passada. No geral, os produtores devem colher em torno de 2% a menos do que em 2018/2019, mesmo com uma evolução de 6,6% na área plantada no mesmo período.
Apenas em 2020/2021, a expansão das lavouras deve chegar a 3%, puxada pelas lavouras de soja, milho, arroz e trigo. Na safra passada, a área plantada já havia subido 3,5%, com destaque para as culturas de inverno, indicando melhor aproveitamento do espaço já ocupado no verão.
Para o presidente do Sistema Farsul, Gedeão Pereira, os números mostram que o setor foi capaz de amenizar o impacto das perdas de 2019/2020. "O produtor está acreditando como nunca na sua atividade. Não vivemos desse passado recente, mas da perspectiva de mercado para 2021, que é excelente para todos os produtos do agronegócio", avalia. Mas o dirigente também cobra soluções para destravar investimentos em irrigação em situações de clima adverso.
O coordenador da Comissão do Meio Ambiente da Farsul, Domingos Lopes, afirma que o problema do Estado não é o volume de chuva, mas a distribuição dela. Assim, o investimento em irrigação deveria ser estimulado, mas isso não é o que ocorre na prática. E o problema não está no financiamento ou na burocracia, já que existe crédito disponível para essa finalidade e não há processos represados de licenciamento para as culturas de sequeiro. "O problema é que o produtor sequer dá entrada nos pedidos. Ele tem consciência de que não vai obter a licença porque não vai conseguir cumprir a legislação ambiental", afirma.