A redenção que os proprietários de hotéis, bares e restaurantes esperavam no mês de dezembro não veio e o setor inicia o ano de 2021 com uma postura cautelosa e com 4 mil postos de trabalho a menos em Passo Fundo, segundo afirmou o presidente do Sindicato que representa a categoria, Leo Duro.
A imposição dos protocolos sanitários condicionados ao sistema de bandeiras e o alto índice de contágios locais não permitem que os empresários mantenham um otimismo para este primeiro semestre, mesmo com o alinhamento entre os gestores políticos e profissionais da saúde para dar início ao calendário de vacinação contra o coronavírus. “É uma situação muito nova. A gente carece de uma união com o Poder Público para desenvolver uma forma melhor de trabalhar sem risco para os colaboradores e os clientes”, mencionou.
Com o cancelamento de eventos massivos, os profissionais que atuam na elaboração de cerimoniais e espetáculos culturais ainda são os mais afetados pelos efeitos econômicos da crise sanitária mundial, como explicou Duro. “Entendemos perfeitamente o cenário de pandemia, mas não temos nenhum sinal de quando vai melhorar. Não se tem um planejamento para que seja possível realizar algum tipo de evento com segurança, como acontece em alguns países mais desenvolvidos”, comparou o presidente. “O interessante que observamos foi que, com a flexibilização, as contratações aumentaram. As empresas se movimentam muito rápido”, atestou.
Embora habilitados para funcionamento, com restrição de clientes e adoção de medidas sanitárias mais específicas, os bares e restaurantes também se esvaziaram nos últimos meses com a restrição de circulação e adoção do trabalho remoto por algumas empresas locais, ausentando a necessidade dos trabalhadores de almoçar fora de casa, conforme avaliou Duro.
Check-out
Quase dez meses após a confirmação do primeiro caso positivo de covid-19 em Passo Fundo, os proprietários de alguns estabelecimentos voltaram a adotar, nos primeiros dias de janeiro, posturas semelhantes ao ano passado. Mesmo tendo uma base mais forte, os hotéis, hospedagens e pousadas de Passo Fundo reduziram a capacidade de funcionamento pela ausência de turistas na cidade, caracterizada pelo turismo corporativo. “A longo prazo, o turismo de negócios vai sofrer muito mais porque as empresas estão se readaptando para trabalhar de forma digital, diferente do turismo de lazer”, disse o líder sindical.
Os empresários e viajantes que chegavam ao município com perspectivas de mercado, agora, estão redescobrindo novas maneiras de expandir a receita financeira sem a necessidade de reuniões presenciais e deslocamentos. “São empresas enormes que traziam, por vezes, 60 pessoas por mês a Passo Fundo, que representam 60 diárias, e hoje já pensam em trabalhar com 10 diárias”, exemplificou.
Temporariamente
O Villa Vergueiro Hotel de Passo Fundo optou por suspender temporariamente suas atividades e concentrar o atendimento dos clientes apenas no Turis Hotel, que pertence à mesma rede de hospedagem, a partir do dia 20 de janeiro.
Durante o período de suspensão, o Villa Vergueiro Hotel deve passar por reformulações internas enquanto a administração hoteleira espera que a economia dê indícios de retomada. Conforme explicou a diretora Bianca Biancini, a decisão se deu a partir do entendimento de que manter duas estruturas em funcionamento com taxas de ocupação baixas, por causa da pandemia, não se justificaria. “Duas estruturas grandes abertas geram muita despesa. A gente vai retornar quando o Turis estiver com uma demanda expressiva”, afirmou.
Com isso, 15 funcionários que trabalham no Hotel foram remanejados para outras empresas administradas pela família, segundo Bianca.
Manutenção de empregos
Além da ausência de clientes, os empregadores terão o desafio de lidar com o ingresso de recursos e a manutenção dos empregos diretos gerados pelo setor depois que o Benefício Emergencial pago pelo Governo Federal foi encerrado no dia 31. Através dele, os acordos de redução de jornada e salário ou de suspensão de contratos podiam ser realizados entre empregador e funcionário. Segundo o Ministério da Economia, dos 150 acordos celebrados, só em dezembro, em Passo Fundo, 61 foram no setor de serviços; 28 deles no setor de alojamento e alimentação onde 70% dos empregados impactados pela medida eram mulheres e adultos entre 30 a 39 anos.