China retoma importação de frangos da JBS em Passo Fundo

Licença foi retirada em junho do ano passado por surto de coronavírus entre os funcionários

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Divulgação/JBSDivulgação/JBS
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Após sete meses de embargo, a China emitiu, na quarta-feira (20), a autorização para que as unidades da JBS em Passo Fundo e em Três Passos retomem a exportação de frango e de carne suína processadas nas duas plantas. Em junho do ano passado, a empresa teve a licença suspensa pelo Ministério da Agricultura depois que um surto de coronavírus contaminou 94 funcionários do frigorífico com sete óbitos de pessoas vinculadas ao círculo de convívio destes trabalhadores, segundo o Ministério Público do Trabalho (MPT).

Com o aval para retorno da produção ao gigante asiático, todas as restrições impostas à exportação da JBS para a China ao longo de 2020 foram levantadas. Por meio de nota, a empresa afirmou que a medida reflete o trabalho de implementação dos “mais altos níveis sanitários e de qualidade”. “Desde o início da pandemia da covid-19, a Companhia investiu R$ 2,8 bilhões globalmente na proteção de seus colaboradores e ajuda às comunidades impactadas pela doença”, afirmou o comunicado. Junto às duas unidades gaúchas, agora voltando a exportar, a JBS mantém 25 filiais brasileiras aptas a enviar os produtos alimentícios ao país oriental.

Principal parceiro comercial

Com um abate diário estimado em 320 mil aves somente na filial de Passo Fundo, a JBS afirmou não abrir os dados referentes aos volumes exportados por unidades, nem por estados e nem por país, quando contatada, na manhã de quinta-feira (21), pelo jornal O Nacional.

Os últimos números divulgados sobre as exportações da empresa, referentes ao terceiro trimestre do ano passado, apontam que a Ásia representa 52,6% do total de proteína animal exportada pela Companhia; 29,8% concentrada apenas na China e seguido por Japão, África e Oriente Médio, e Estados Unidos. O embarque dos produtos da empresa para tais destinos renderam US$ 3,3 bilhões de dólares no período considerado.

Embora os chineses sejam os principais compradores da carne brasileira, a JBS informou que, durante a sanção, a produção foi direcionada para os outros parceiros econômicos. “Não houve demissão. A empresa contratou mais de 12 mil pessoas desde o início da pandemia em todas as unidades do Brasil”, destacou a nota enviada pela assessoria de imprensa quando questionada sobre o desligamento de funcionários como uma das consequências do embargo chinês na unidade da JBS em Passo Fundo.

Relembre

O funcionamento do abate local na planta frigorífica, interditada em maio e abril do ano passado pelo MPF e pela Prefeitura Municipal, desencadeou uma batalha judicial para a volta das operações na unidade cujos impactos foram sentidos, também, no setor terceirizado responsável pelo fornecimento de frangos vivos à empresa.

Em 30 de junho, o governo chinês solicitou a suspensão da exportação de produtos alimentícios dos estabelecimentos produtores que tenham identificado funcionários infectados pelo coronavírus. Em julho, a JBS afirmou ter implementado medidas adicionais nas exportações da Friboi, responsável pela carne bovina, e da Seara, de aves e suínos, alinhando-se a práticas adotadas internamente pelas autoridades chinesas. A cada embarque de produtos para a China, segundo a empresa, o interior dos contêineres é sanitizado antes e depois do carregamento. “São procedimentos que previnem a contaminação de produtos e embalagens, utilizando sempre produtos apropriados e aprovados para a indústria alimentícia”, diz a nota emitida pela assessoria.

Exportação gaúcha em alta

Mesmo com a barreira comercial e os efeitos da pandemia, a exportação gaúcha de carne cresceu no ano passado, de acordo com as projeções da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). O volume de carne suína exportada pelo Rio Grande do Sul cresceu 54,41% em 2020 na comparação com o ano anterior, passando de 169,23 mil toneladas para 261,32 mil toneladas.

De acordo com a ABPA, os embarques de carne de frango também aumentaram 15,82% no acumulado do ano. Em 2020, foram exportadas 678,53 mil toneladas, enquanto em 2019 o total foi de 585,85 mil toneladas. As vendas totalizaram US$ 920,93 milhões no ano passado, superando em 0,95% o valor de 2019 — quando foram registrados US$ 912,27 milhões.

O mês de dezembro, contudo, fechou com uma leve queda de 1,31% ao setor de suínos gaúchos. Já as vendas internacionais de carne de frango pelo Estado caíram 6,84% em volume, passando de 65,05 mil toneladas para 60,60 mil toneladas. A receita também recuou 14,89%. Foram negociados US$ 101,13 milhões em dezembro de 2019 contra US$ 86,08 milhões em dezembro de 2020.


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