A Associação Comercial, Industrial, de Serviços e Agronegócio (Acisa) de Passo Fundo ouviu, na última semana, as demandas de setores importantes para a economia do município que têm sido afetados pelas restrições da bandeira preta do sistema de Distanciamento Controlado do governo do estado do RS. Os encontros aconteceram com empresários dos ramos da educação infantil e ensino fundamental da rede privada, comércio, barbearias, salões de beleza e estética e também das áreas de alimentação, eventos sociais, bares e casas noturnas.
No sábado (06), o presidente da Acisa, Cássio Gonçalves, e o presidente do Conselho Consultivo e Deliberativo da entidade, Evandro Silva, apresentaram as demandas dos empresários e entregaram um ofício com as solicitações, em conjunto com a Prefeitura de Passo Fundo, a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) e Sindilojas ao presidente da Associação dos Municípios do Planalto (Ampla) e prefeito de Marau, Iura Kurtz.
Representantes da Educação Infantil defendem que serviço é essencial
O encontro com representantes do segmento da educação infantil da rede privada aconteceu na quinta-feira (04). As aulas presenciais haviam voltado no mês de novembro e, mesmo com as restrições da bandeira preta, o Governo do RS permitiu que os estabelecimentos funcionassem. Porém, uma liminar emitida pela 1ª Vara da Fazenda Pública de Porto Alegre suspendeu as aulas presenciais da educação infantil e dos dois primeiros anos do ensino fundamental. A Procuradoria-Geral do Estado (PGE) entrou com recurso para restabelecer as atividades presenciais, mas o Tribunal de Justiça do Estado indeferiu o pedido.
Os empresários relataram que cumprem rigorosos protocolos sanitários e disseram que durante o período em que as escolas ficaram fechadas foram feitos altos investimentos para adequar os estabelecimentos e torná-los totalmente seguros para receber as crianças. Segundo eles, o segmento é um serviço essencial, já que muitos pais de alunos trabalham em empresas de serviços essenciais como hospitais, farmácias, supermercados, entre outros, e, muitas vezes, não têm com quem deixar os filhos para irem trabalhar, no caso da educação infantil.
Ainda, defendem que as séries iniciais do ensino fundamental, pelo menos até́ o 2º ano, precisam ser feitas presencialmente em virtude da dificuldade de alfabetização das crianças em aulas virtuais. Ainda, pediram para que seja inclusa na vacinação prioritária os profissionais da educação infantil e fundamental.
Profissionais do ramo de eventos pedem que o setor seja subdividido
Na quarta-feira (03), o encontro foi com os empresários dos ramos de eventos sociais, bares, restaurantes e casas noturnas do município. A reunião teve a finalidade de ouvir as necessidades do segmento para tentar encontrar uma solução e flexibilização dos protocolos, já́ que o setor de eventos está entre os mais afetados pela pandemia do novo coronavírus. Os empresários pontuaram a necessidade de um entendimento, por parte do governo, de que o segmento precisa ser subdividido por restaurantes, eventos sociais, bares e casas noturnas. Segundo eles, são necessários protocolos diferenciados para cada uma dessas atividades.
Há o entendimento por parte dos empresários de que alguns setores não podem abrir neste momento, entretanto, outros são fundamentais e, inclusive, essenciais para a permanência de geração de emprego e renda neste momento de pandemia.
Comércio afirma que setor é o que menos espalha o vírus
Os empresários da área do comércio participaram do encontro com a diretoria da Acisa na sexta-feira (05). Eles entendem a situação atual como uma grave crise sanitária e que todos os setores precisam contribuir de alguma forma para superar esse momento. Entretanto, deixaram claro que um dos segmentos que menos espalha o vírus é o comércio. De acordo com eles, os lojistas estão tomando todas as medidas de segurança, protocolos, distanciamentos e mesmo assim continua sendo prejudicado pela bandeira preta.
Os empreendedores destacaram que vários estabelecimentos estão fechando as portas e que o desemprego aumentará, desencadeando uma gravíssima crise social. Eles pedem uma flexibilização nos protocolos da bandeira preta e sugerem algumas alternativas para atender os clientes, como redução no quadro de colaboradores, separando-os em dois turnos de acordo com a metragem da loja e também manifestaram a possibilidade de trabalhar somente de segunda a sexta, sem abrir aos finais de semana, podendo realizar agendamento prévio para que o cliente possa entrar no estabelecimento.
Maioria dos empresários dos ramos de barbearia, salões de beleza e estética é MEI
O encontro com os representantes das barbearias, salões de beleza e centros de estética foi realizado no sábado (06) de manhã. Os empresários pediram uma flexibilização nas restrições, tendo em vista que estão seguindo os rigorosos protocolos de prevenção à covid-19. De acordo com eles, há mais 5 mil alvarás emitidos no município para as atividades de barbearia, salões de beleza e estética e que a maioria está enquadrada na categoria Microempreendedor Individual (MEI), sendo que esses locais são a única fonte de receita. Eles demonstraram preocupação, já que o Auxílio Emergencial, oferecido pelo Governo Federal, está cada vez mais limitado. Ainda, pontuaram que a estética, embora esteja vinculada aos salões, é um serviço essencial que envolve serviços de saúde.
A Acisa entende que o momento é de união de todos, empresários, trabalhadores, governos, entidades representativas da sociedade civil e população em geral, onde cada um precisa dar a sua contribuição na luta contra o vírus e na preservação das vidas. Entretanto, não é a favor do fechamento das atividades, mas sim, de um rodízio de colaboradores ou restrição de horário para conter a circulação de pessoas. “O fechamento completo das atividades ao nosso ver, trará mais prejuízo na nossa sociedade, considerando que as empresas não são o maior vetor de contaminação e transmissão da covid-19”, afirma o presidente da Acisa, Cássio Gonçalves.
“A Acisa, em seus 100 anos de história, sempre esteve engajada em ações para o desenvolvimento de Passo Fundo e preocupada com o bem dos passo-fundenses, então neste momento de crise não é diferente, estamos prontos para dar a nossa parcela de contribuição. “Cumprimos com nosso papel de levar as dificuldades dos setores produtivos da nossa cidade e os impactos negativos que o fechamento das empresas pode ocasionar. Agora, esperamos poder contar com executivo municipal e também com a Ampla, a fim de sensibilizar o governador sobre as nossas demandas”, disse Cássio.