A Companhia de Gás do Estado do Rio Grande do Sul (Sulgás) passou a aplicar, a partir dessa segunda-feira (16), novas tarifas nas tabelas de preços do gás natural. Os percentuais variam em função do segmento atendido. Para o setor residencial, o aumento vai de 5,19% a 7,03%, conforme a faixa de consumo. No comercial, o reajuste varia de 6,51% a 8,65%, enquanto que para o industrial, fica entre 9,18% a 13,17%. No caso específico do gás natural veicular (GNV), o aumento em vigor é de R$ 0,245 por m³ (sem impostos) sobre o valor cobrado aos revendedores.
O reajuste divulgado pela Sulgás acompanha o aumento de 7% efetuado pela Petrobrás sobre o preço do gás natural vendido às distribuidoras, em vigor desde o início deste mês, e foi autorizado pela Agência Estadual de Regulação dos Serviços Públicos Delegados do Rio Grande do Sul (Agergs), com base no contrato de concessão, que prevê o repasse integral ao mercado do custo de aquisição de gás. O produto tem encarado sucessivos aumentos ao longo do ano por parte da Petrobras e já acumula alta de 48,7% em 2021.
Alta no preço do produto pode aumentar índices de inflação
Economista e professor da Universidade de Passo Fundo (UPF), Julcemar Zilli explica que o gás natural — da mesma maneira que combustíveis como a gasolina e o diesel — tem o petróleo como uma de suas matérias-primas mais importantes. Portanto, fatores como a alta na cotação do petróleo internacional e a taxa de câmbio vêm contribuindo para as constantes oscilações no valor do gás natural praticado no país. “Isso tudo acaba sendo repassado para o consumidor final, principalmente para aqueles que fazem uso de gás encanado”, menciona, referindo-se ao gás natural residencial, muito usado em condomínios para o aquecimento de água e o funcionamento de fornos e fogões, por exemplo.
Os reflexos econômicos, porém, não se restringem apenas ao público mencionado. De acordo com o economista, o aumento no preço do gás deve influenciar negativamente o preço de todos os produtos de forma geral. “O resultado dessa elevação deverá ser a inflação. Porque se um produto que é utilizado no nosso dia a dia está mais caro, o custo de vida do consumidor irá aumentar e o poder de compra será menor. Com a elevação nos gastos mensais, ele terá menos recursos para gastar em outros bens”, esclarece.
Conforme a análise de Julcemar, ainda é difícil prospectar se o preço do produto permanecerá em ascensão nos próximos meses ou não, já que a composição do valor depende de variáveis externas, nas quais não é possível interferir. “Para baixar o valor, teria que baixar também a taxa de câmbio e ter uma perspectiva de mudança no volume do produto extraído, principalmente na região dos países árabes, que são os maiores produtores, baixando o preço do barril do petróleo”. Ele destaca que, caso não haja um cenário simultaneamente favorável em relação às duas variáveis, a probabilidade é de que, no decorrer dos próximos meses, o preço se mantenha no patamar atual ou até mesmo mais elevado.