Geração de energia elétrica apresenta queda de 34% em um ano na região

Atravessando a pior crise hídrica dos últimos 91 anos, auxílio vem do sistema de redes da região Sudeste

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Com o país atravessando a pior crise hídrica dos últimos 91 anos, a geração de energia elétrica na região de Passo Fundo registrou uma queda de 34% de setembro do ano passado até o mesmo mês deste ano.

Apresentando um volume de reservatório operando com 42,4% da capacidade, segundo a medição realizada pela concessionária da Usina Hidrelétrica, localizada em Entre Rios do Sul, a produção mensal, em setembro, foi de 104,5 GWH enquanto que, no mesmo período do ano passado, a média fechou em 158,6 GWH. “O problema, atualmente, é que são anos a fio com baixa consistência hídrica. Temos precipitações, mas não são homogeneamente espaçadas onde dá tempo de fazer recarga de lençóis freáticos. Temos as bombas d'água e isso acaba fazendo com que não tenhamos um carregamento adequado dos reservatórios”, esclareceu o professor da Universidade de Passo Fundo (UPF), Iziquiel Cecchin.

Produzindo 217 dos 226 MW suportados pela hidrelétrica, todo o consumo é baseado em picos e indústria, mencionou o docente. “Precisamos importar do sistema de redes da região Sudeste. Se o sistema Cantareira piorar a situação, e complicar a situação energética, a região Sul pode sofrer falta de energia. Se começarmos a ter mais déficit hídrico, acaba tendo risco de apagão”, considerou Cecchin. “Se você tem uma menor geração é justamente porque tem menos fluxo de água no rio”, complementou o professor.

Utilizando o manancial do Rio Passo Fundo, a energia elétrica é produzida em duas unidades geradoras, conforme explicou o comunicado de imprensa da concessionária ao jornal O Nacional na quinta-feira (7). “Será uma situação recorrente se continuarmos com o processo extrativista sem pensar em otimizar os recursos e diversificar a matriz energética", pontuou o docente da UPF ao mencionar a implementação de aerogeradores e utilização da energia solar como alternativas. “A ideia é não ficar mais tão dependente da hidrelétrica. Hoje, precisamos da termelétrica para fazer essa complementação e isso também torna a conta de luz mais cara”, destacou Cecchin.

Comportas fechadas

Responsáveis por gerar 70% da energia elétrica do país, conforme aludido pelo professor, os reservatórios do sistema Sudeste/Centro-Oeste operaram abaixo dos 30% da capacidade no último mês. O delicado panorama de escassez hídrica motivou o Ministério de Minas e Energia a lançar uma campanha de incentivo ao uso racional de água e luz, e foi tema de uma fala do presidente, Jair Bolsonaro (sem partido), durante uma de suas transmissões ao vivo nas redes sociais. Na ocasião, o Chefe de Estado brasileiro apelou para a redução no gasto com ambos recursos.

Quatro meses antes do alerta, em maio, o governo federal já havia criado uma sala de situação sobre condições hidrológicas e gestão energética. Diferente do que ocorre no Sudeste, onde o período chuvoso já foi encerrado, parte das precipitações que incidem sobre o Sul vem da Argentina, referiu Cecchin. “Além do consumo consciente, medidas de proteção de recursos hídricos, de mata ciliar e das nossas nascentes também são importantes”, indicou. 


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