Em ano de retração econômica agravada pela pandemia, a indústria respondeu pela geração de 38,8% dos novos postos de emprego formal no Rio Grande do Sul. Com uma alta de 4,8% sobre o total acumulado em 2021, o setor foi líder na criação de vagas com a região funcional 9, que abrange Passo Fundo, registrando o 3º melhor desempenho estadual.
Segundo indica o Boletim do Trabalho, publicado pelo Departamento de Economia e Estatística (DEE) na quarta-feira (13), as regiões funcionais do Norte gaúcho “tiveram decisiva influência da indústria de transformação” cuja variação de estoque de vínculos empregatícios formais fechou o ano em 8,2%. O índice ficou atrás apenas do Litoral e Serra com 13,1% e 9,5%, respectivamente. “Boa parte dos municípios do Rio Grande do Sul tem como característica a produção primária e de grãos. Ainda somos um Estado com vocação ligada ao setor primário. Nós exportamos muito e se esse setor está bem ele pressiona o setor de máquinas e equipamentos, sobretudo ligados ao agronegócio”, considerou a economista e professora da Universidade de Passo Fundo (UPF), Cleide Moretto. “Passo Fundo, Não-Me-Toque e Carazinho têm grandes empresas ligadas ao setor de máquinas e implementos agrícolas”, destacou.
Impulsionada pelo polo fabril da Serra Gaúcha, a macrorregião se beneficiou dessa estrutura industrial, com um peso destacado na distribuição setorial do emprego regional. Ainda assim, ponderou Cleide, não apresenta um incremento se comparado aos outros setores. “Se falamos do mercado de trabalho em si, o setor industrial comparando com o comércio e serviço, emprega menos. Então, o Estado como um todo ainda não tem um desempenho de retomada econômica porque o setor mais comprimido, hoje, é o terciário”, observou a economista.
Segunda maior força
A análise da professora da UPF é respaldada, também, pelo Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged), responsável por monitorar o comportamento empregatício no país. Conforme os dados atualizados na quinta-feira (14) pela reportagem do jornal O Nacional, o setor de serviços foi o que mais empregou os passo-fundenses no primeiro semestre, com um saldo de 305 postos de trabalho, seguido pela indústria, com 181, e pela construção civil, que registrou um saldo positivo de 61 novas colocações.
Apesar da maioria desses novos ofícios terem sido ocupados por moradores com o ensino médio completo com idade laboral entre 18 a 24 anos, as mulheres foram as mais prejudicadas com demissões durante a pandemia, de acordo com o Novo Caged e o Boletim do Trabalho. Enquanto que, para os homens, o saldo de emprego, em Passo Fundo, encerrou a série considerada com 313 postos, para elas esse número caiu para 242. “Essa é uma característica do mercado de trabalho feminino que acabou sobrando para aquela que trabalha com uma quantidade de horas ou um salário menor”, argumentou Cleide. “Ela sacrifica, ela para de trabalhar. Esse é um problema que agora acaba sendo evidente porque, à medida que as escolas retornam ao normal, a mulher não consegue voltar na mesma velocidade”, prosseguiu a economista.
Desemprego
Conforme detalha o Boletim de Trabalho, a taxa de desemprego no Rio Grande do Sul permaneceu estável no segundo trimestre de 2021 com 8,8% dos gaúchos sem uma ocupação laboral, tanto na comparação com o trimestre anterior como em relação ao mesmo período de 2020. No segundo trimestre de 2021, o Estado tinha a segunda menor taxa de desemprego entre as 27 unidades da federação. Em relação aos outros Estados da região Sul, o Estado apresenta taxa similar à do Paraná (9,1%), acima da de Santa Catarina (5,8%) e inferior em comparação a São Paulo (14,4%) e ao Brasil (14,1%).