União e criatividade. Foram esses dois requisitos que que taxistas e motoristas de aplicativos adotaram para continuar trabalhando durante a crise provocada pela pandemia, e agora com os constantes aumentos no preço da gasolina.
Ao todo, cerca de 246 taxistas e 200 motoristas do aplicativo Garupa circulam por Passo Fundo. Com clientes fixos, grupos do WhatsApp para o repasse de passageiros, aplicativos como o Tchê Táxi, lançado pela Associação dos Taxistas de Passo Fundo em 2017, e acordos entre empresa e funcionários, a categoria vem superando os desafios.
Adaptação
Com o início da pandemia, os motoristas de Passo Fundo tiveram uma queda brusca na movimentação de passageiros. No caso dos taxistas, os clientes já vinham caindo com a popularização dos aplicativos de transporte. Presidente da Associação dos Taxistas de Passo Fundo, Jair Embarach, afirma que a adoção de iniciativas criativas foi fundamental para manutenção da atividade.
Uma delas foi a criação de grupos de taxistas no WhatsApp. “Eu estou em uma viagem e solicitam meu táxi lá no Boqueirão, mas eu estou muito longe, vou demorar e vai ser um custo alto para mim. Então, eu vou jogar no grupo e o colega que estiver mais próximo dele, vai lá atender o cliente”, explica Jair, ressaltando que assim eles poupam não só tempo e dinheiro dos motoristas, mas principalmente dos passageiros.
Tecnologia
Mas a tecnologia está presente no trabalho dos taxistas desde 2017, quando a Associação dos Taxistas de Passo Fundo lançou o aplicativo “Tchê Táxi”. O aplicativo é exclusivo para táxis regulamentados e para auxiliares de taxistas cadastrados no município. Entretanto, não são todos que utilizam a ferramenta. Sérgio Costa, há cinco anos na profissão, relata que seu trabalho acontece muito pelo WhatsApp e entregando o seu cartão aos clientes.
Aumento pela procura
Com o final do ano se aproximando, e os casos de Covid-19 diminuindo, o volume de corridas atendidas pelos taxistas cresceu nas últimas semanas. Com sacolas de presentes e decorações natalinas para carregar, muitas pessoas optam por pedir um táxi, ao invés de pegar um ônibus, ou ir a pé para casa. Mas mesmo estando no melhor momento dos últimos dois anos, a situação financeira ainda preocupa.
Jair Embarach aponta que não houve repasses dos aumentos da gasolina para a população porque desde 2017 as tarifas dos táxis não sofrem reajuste, com a bandeirada ainda no valor de R$4,45. “Nosso objetivo é continuar servindo a comunidade sem repassar esses aumentos”, disse. Isso acaba tornando as corridas mais baratas e chamando os clientes, que às vezes optam pelo táxi e não pelo concorrente, os aplicativos de transporte.
Porém, como lamentou Marco Nunes, taxista há 12 anos, seu lucro muitas vezes empata com os gastos para manter o carro em circulação. “Tem que ir na loja comprar um pneu, arrumar o carro e não vai ter dinheiro”, comenta. A mesma situação é relatada pelo taxista Sérgio, que acrescenta a influência dos preços do combustível. “Antes você pagava R$50 e dava uns dez litros. Agora coloco R$50 e dá sete litros”, disse.
Aplicativos
No caso dos aplicativos de transporte, como o Garupa, a melhora no volume de corridas também é notada. O preço elevado da gasolina, como explica Leandro Peruzzo, sócio operador do Garupa App, faz com que muitas pessoas não utilizem o próprio carro e peçam o serviço por aplicativo para economizar.
Mas esses aumentos, no caso do Garupa, trouxeram a necessidade de reajuste nos valores das tarifas mínimas cobradas aos passageiros, que agora são de R$10,99 em corridas de até 1,7 km. “Nós vemos os valores que ficam bons para os motoristas e que não vão impactar tanto o mercado”, explica Leandro, dizendo que a gestão e os motoristas trabalham em conjunto para alinharem os valores. Ao todo, cerca de 500 motoristas estão cadastrados no aplicativo, mas muitos desses não têm o Garupa como um trabalho fixo.