Banco Central projeta inflação de 10,2% para este ano

A meta, definida pelo CMN, é de 3,75%

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(Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)(Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)
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A inflação calculada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deve encerrar este ano em 10,2%, considerando a taxa de juros (Selic) em 9,25% ao ano e o câmbio partindo de R$ 5,65. A informação está no Relatório de Inflação, publicação trimestral do Banco Central (BC), divulgado hoje (16). No relatório de setembro, a projeção para inflação no ano era 8,5%.

Nesse cenário, a inflação ficará acima da meta que deve ser perseguida pelo BC. A meta, definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), é de 3,75%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Ou seja, o limite inferior é 2,25% e o superior, 5,25%.

Para 2022, a projeção de inflação é de 4,7% e, para 2023, de 3,2%. Nesse caso, supõe uma trajetória de juros que se eleva para 11,75% ao ano durante 2022, terminando em 11,25% ao ano, e reduz-se para 8% ao ano em 2023.

A inflação ao consumidor continua persistente e elevada, segundo o BC. “Há preocupação com a magnitude e a persistência dos choques, com seus possíveis efeitos secundários e com a elevação das expectativas de inflação, inclusive para além do ano-calendário de 2022”, diz o relatório.

A meta definida pelo CMN para de 2022 é 3,5% e para 2023, é 3,25%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para os dois anos. Ou seja, por esse cenário, a inflação ficará próxima do limite superior em 2022 e do centro da meta em 2023.

Quando se consideram os grupos de preços livres e administrados, o BC destaca a elevada projeção para a inflação de preços administrados em 2021, de 16,7%. Caso a previsão se concretize, será a inflação mais alta desde 2015, quando atingiu 18,07%.

“Destacam-se os aumentos já verificados de preços de gasolina, gás de bujão e energia elétrica. Para 2022, a projeção de administrados se reduz significativamente, refletindo principalmente a dissipação dos choques correntes, a bandeira de energia elétrica utilizada e a queda recente no preço do petróleo”, diz o relatório.

Por outro lado, segundo o BC, a inflação de preços livres vai se reduzindo ao longo do tempo na medida em que os efeitos da alta do índice vão se dissipando e a trajetória da taxa de juros real utilizada está acima da taxa neutra (aquela que não gera mudanças na inflação). A projeção do BC para o IPCA Livres em 2021 é de 8%.


Inflação registrada

Em novembro, o IPCA foi de 0,95%, fechando no maior nível para o mês desde 2015 (1,01%) e acumulando alta de 10,74% em 12 meses. No ano, até novembro, a inflação é de 9,26%.

O índice é pressionado, especialmente, pelo aumento dos preços de combustíveis. Segundo o BC, itens mais associados à inflação subjacente também contribuem. “A pressão sobre os preços de bens industriais ainda não arrefeceu, enquanto a inflação de serviços já se mostra mais elevada, refletindo a gradual normalização da atividade no setor [muito impactado pela pandemia de covid-19]”, diz o relatório.

Com a alta da inflação, na semana passada o BC elevou a Selic pela sétima vez consecutiva, de 7,75% para 9,25% ao ano, e deve promover nova alta na próxima reunião do Copom, em fevereiro. A taxa básica de juros é o principal instrumento usado pelo Banco Central para alcançar a meta de inflação. A elevação da Selic, que serve de referência para as demais taxas de juros no país, ajuda a controlar a inflação porque causa reflexos nos preços, já que juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança, evitando a demanda aquecida.

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