Cesta básica de Passo Fundo teve aumento de 18,85% nos últimos 12 meses

Ano de 2021 foi de forte pressão inflacionária sobre os alimentos

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A evolução dos preços dos produtos da cesta básica de Passo Fundo em 2021 foi marcada pela forte pressão dos alimentosA evolução dos preços dos produtos da cesta básica de Passo Fundo em 2021 foi marcada pela forte pressão dos alimentos
A evolução dos preços dos produtos da cesta básica de Passo Fundo em 2021 foi marcada pela forte pressão dos alimentos
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A cesta básica de Passo Fundo teve um aumento de 18,85% nos últimos 12 meses (novembro 2020 e novembro 2021). Em novembro de 2020 foram necessários R$ 1.084,41 para aquisição da cesta, já em novembro de 2021 a cesta custava R$ 1.288,79, ou seja, uma alta de R$ 204,38. Dos produtos pesquisados, entre os dez itens que obtiveram maior alta de preços, oito são pertencentes ao grupo da alimentação, um ao grupo da higiene pessoal e um ao grupo da limpeza doméstica. O custo da cesta básica é feito pelo Centro de Pesquisa e Extensão da Faculdade de Ciências Econômicas, Administrativas e Contábeis da Universidade de Passo Fundo (Cepeac/Feac/UPF).


A cesta básica variou, neste período, uma vez de forma negativa e doze vezes de forma positiva. Sendo que a maior variação foi no mês de junho de 2021, variando positivamente em 3,16%. Os produtos que acumularam maiores altas foram o tomate, o óleo de cozinha e o feijão, com preços majorados em 143,77%, 105,83% e 75,28%. No subgrupo de higiene pessoal, o desodorante lidera o ranking com alta de 59,33% e no subgrupo de limpeza doméstica, o sabão teve uma alta de 78,94%.


Motivos para alta

Vários fatores influenciaram esta alta. Segundo um dos pesquisadores do Cepeac/Feac, o economista e professor André da Silva Pereira, a alta dos preços dos alimentos e demais gêneros componentes da cesta básica no ano de 2021 está intimamente atrelada com a demanda externa, continua em alta pelos produtos exportáveis, escassez da chuva, que impacta diretamente no preço final dos produtos, e alta do diesel e da gasolina, que impacta o transporte e a logística dos produtos. “Dessa forma, esses impactos negativos acabam por refletir negativamente nos preços dos produtos que compramos nos supermercados. E a pressão para novas altas de preços continuam presentes na economia contaminado os preços e concomitantemente as suas cadeias produtivas”, ressalta o economista.


Esse cenário representa a diminuição no poder de compra da população. “Essa alta de aproximadamente 19% passa a ser considerada alta, quando se compara com o número de salários mínimos (aproximadamente 1,4 salários mínimos), que são necessários para manter seu regime alimentar frente ao seu poder aquisitivo (emprego e renda)”, explica o pesquisador.


Pressão inflacionária sobre os alimentos

A evolução dos preços dos produtos da cesta básica de Passo Fundo em 2021 foi marcada pela forte pressão dos alimentos. “Essa pressão teve seu início em meados de junho de 2020 com a forte demanda chinesa por commodities que vendemos para o exterior, e, paralelamente, com a entrada do auxílio emergencial dado pelo Governo Federal no segundo semestre de 2020”, comenta o professor da UPF.


Além disso, o economista salienta que outro fator foi o “apetite” da China pela compra dos nossos produtos como soja, milho, café, dentre outros produtos, que inflacionou o preço dos mesmos tanto internamente como externamente.


Outro motivo citado pelo professor, que pressionou a evolução crescente dos preços dos alimentos, é decorrente da entrada do auxílio emergencial concedido pelo governo federal na direção de ajudar as famílias necessitadas que foram impactadas pela covid-19 e pelos reflexos oriundos da pandemia no emprego, na renda e na produção. “Dessa forma, podemos dizer que a pressão inflacionária sobre os alimentos e demais gêneros alimentícios vigorados em 2021, muitos ainda são reflexos dos efeitos negativos do ocorrido no ano anterior”, observa Pereira.


Perspectivas para 2022

Analisando perspectivas de produção nacional, consumo mundial de alimentos e economia brasileira, o economista salienta que a trajetória de 2022 será árdua e de muito esforço por parte do trabalhador. “Desde o encarecimento do crédito (aumento da Selic), pela recomposição do mercado de trabalho (desemprego ainda acima de 12%) e agora com previsão de crescimento econômico menor em 2022, próximo de 1%, segundo Relatório Focus de Mercado do Banco Central, a vida do trabalhador brasileiro será de uma caminhada árdua visando transpor todas as dificuldades que teremos pela frente”, analista o pesquisador, lembrando ainda que é ano eleitoral, o que traz muitas incertezas para o futuro.


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