O novo reajuste nos preços dos combustíveis, anunciado pela Petrobras na última sexta-feira (17), já começou a ser sentido pelos consumidores passo-fundenses. Quem precisou abastecer no município, nessa segunda-feira (20), se deparou até mesmo com uma inversão nos preços habituais dos combustíveis. O diesel comum, que costumava ser mais barato que a gasolina, passou a ser encontrado nas bombas do município por valores entre R$ 7,09 e R$ 7,94, enquanto o litro da gasolina comum variou de R$ 6,99 ao preço máximo de R$ 7,69. Os dados são do painel “Menor Preço”, desenvolvido pela Receita Estadual e atualizado em tempo real com base no programa Nota Fiscal Gaúcha (NFG).
A alta nos preços é um reflexo dos acréscimos de 5,2% no preço da gasolina e de 14,2% no preço do diesel, em vigor desde o último sábado, o que levou o preço médio de venda da Petrobras para as distribuidoras a subir de R$ 4,91 para R$ 5,61 por litro no caso do diesel, 39 dias depois do reajuste anterior. Já o preço da gasolina para as distribuidoras saltou de R$ 3,86 para R$ 4,06 por litro, após 99 dias sem reajuste. O preço do gás liquefeito de petróleo (GLP), o gás de cozinha, não sofreu correções.
Em nota para divulgar os aumentos, a Petrobras afirmou que tem buscado o equilíbrio dos seus preços com o mercado global, mas sem repasse imediato para os preços internos da volatilidade das cotações internacionais e da taxa de câmbio. "Esse posicionamento permitiu à Petrobras manter preços de GLP estáveis por até 152 dias; de diesel por até 84 dias; e de gasolina por até 99 dias. Esta prática não é comum a outros fornecedores que atuam no mercado brasileiro que ajustam seus preços com maior frequência, tampouco as maiores empresas internacionais que ajustam seus preços até diariamente”.
Petrobrás anuncia novo presidente interino
Em meio aos novos reajustes nos preços dos combustíveis, nessa segunda-feira (20), a Petrobras informou que o presidente do Conselho de Administração da estatal nomeou como presidente interino da companhia o diretor executivo de Exploração e Produção, Fernando Borges, até a eleição e posse do novo presidente, como prevê o estatuto da empresa. Fernando substituirá o então presidente José Mauro Coelho, que renunciou ao cargo na manhã de ontem, após 68 dias no comando da estatal, cedendo às pressões do governo.
No dia 23 de maio, o Ministério de Minas e Energia já havia informado que o governo federal, como acionista controlador da Petrobras, tinha decidido pela troca do presidente da companhia. À época, o governo anunciou que José Mauro Coelho, que assumiu o cargo no dia 14 de abril, seria substituído por Caio Mário Paes de Andrade.
O novo indicado à presidência ainda precisa ser aprovado pelo Comitê de Pessoas da Petrobras, que faz a avaliação de currículo. Depois, tem que ser eleito na Assembleia Geral Ordinária da empresa. Após essa etapa, ainda terá seu nome submetido ao Conselho de Administração da companhia, onde precisará ser aprovado.
Líder dos caminhoneiros descarta possibilidade de greve na região
O novo reajuste promovido pela Petrobrás também motivou críticas do presidente Jair Bolsonaro, que se pronunciou pelas redes sociais, citando a possibilidade de uma greve de caminhoneiros em decorrência do preço dos combustíveis. Na região de Passo Fundo, em consonância com a possibilidade levantada pelo presidente, a categoria chegou a sinalizar a possibilidade de aderir a uma nova paralisação, conforme mostra um vídeo divulgado nas redes sociais, na última sexta-feira. Na gravação, um dos líderes dos caminhoneiros no município, André Pretto, convida os colegas de setor a aderirem à greve geral da categoria, que seria promovida na manhã dessa segunda-feira. A decisão, no entanto, acabou sendo descartada.
Em entrevista à reportagem de ON, Pretto explicou que os trabalhadores decidiram fazer somente uma paralisação pacífica na manhã de ontem, em um posto na BR 285, sem interrupção de trânsito, com a participação de cerca de 30 caminhoneiros. “Foi como um grito de insatisfação”, descreveu o caminhoneiro. Segundo o representante da categoria, o protesto teve como objetivo chamar a atenção sobre os impactos negativos no aumento do combustível para a economia de todo o país e pressionar a revisão nos preços da gasolina e do diesel.
Apesar da insatisfação, ainda de acordo com ele, a possibilidade de greve foi descartada na região para “evitar impactos ainda maiores na mesa do trabalhador” e para que não se transforme “em um ato partidário contra o presidente”, nas palavras dele. “Entendemos que agora é hora de o governo tomar a rédea dessas questões. Não nos compete e não faremos uma situação como essa”, declarou.