O Centro de Pesquisa e Extensão da Universidade de Passo Fundo (Cepeac/UPF) tradicionalmente divulga o custo mensal da cesta básica passo-fundense. Finalizando o primeiro semestre de 2023, a equipe aponta uma redução de 3,65% no custo da aquisição dos produtos, saindo de R$ 1520,00 em dezembro de 2022 para R$ 1464,46 em junho deste ano. Entre os itens com maior queda, estão a carne bovina, as farinhas e o óleo comestível.
De acordo com o economista e professor da UPF, Julcemar Bruno Zilli, a queda se tornou um reflexo positivo para as famílias da região, pois representa uma diminuição no custo dos itens essenciais para a alimentação e o sustento diário. “Esse cenário pode contribuir para amenizar os impactos econômicos enfrentados pelo país nos últimos anos, proporcionando um alívio financeiro para os lares locais. A queda no preço da cesta básica é um sinal promissor para a economia da cidade e pode refletir em uma melhora geral nas condições de vida da população, desde que outras variáveis econômicas também permaneçam favoráveis ao longo do ano”, comenta, ao destacar que a queda está relacionada com a redução nos preços internacionais de algumas commodities, as safras significativas no Brasil e a valorização cambial que pressionaram os preços dos produtos de origem animal e vegetal.
O docente relata que o fato de a carne bovina, as farinhas e o óleo comestível estarem entre os produtos com maior redução de valor representa uma notícia positiva para as famílias da região, uma vez que a carne bovina é uma fonte importante de proteínas na dieta, as farinhas são fundamentais para a preparação de diversos alimentos e o óleo comestível é um item básico para o preparo das refeições diárias. “Com a redução dos preços dos itens essenciais, as famílias puderam adquirir esses produtos por valores mais baixos em relação ao período anterior. Isso significa que o mesmo orçamento destinado à compra da cesta básica pôde render mais produtos ou permitir que os consumidores economizassem uma parte do dinheiro”, conta Zilli.
A melhora no poder de compra da população, segundo o professor, é especialmente relevante para as famílias de baixa renda, que muitas vezes têm na cesta básica uma parte significativa dos seus gastos mensais. “Com os preços mais baixos, as pessoas podem direcionar recursos para outras necessidades, como educação, saúde ou até mesmo investir em itens que antes estavam fora do alcance. Além disso, a redução no custo dos alimentos essenciais pode contribuir para a diminuição da inflação e auxiliar no equilíbrio econômico da região”, complementa.
A relação da Reforma Tributária com a cesta básica
O cenário econômico atual traz como novidade a aprovação da Reforma Tributária, que deve simplificar impostos sobre o consumo. A reforma prevê também a criação de fundos para o desenvolvimento regional e para bancar créditos do ICMS até 2032, e unifica a legislação dos novos tributos, podendo afetar diretamente a cesta básica. “Com a isenção total de alguns impostos estaduais e municipais sobre os produtos que compõem a cesta básica em Passo Fundo, o cenário para os consumidores poderia ser bastante favorável. A redução dos impostos estaduais (ICMS) sobre os alimentos e produtos básicos e municipais (ISS) sobre serviços pode resultar em uma diminuição significativa nos preços desses itens para os consumidores. As projeções apontam, se o repasse for total, para queda entre 6% a 10% no valor gasto mensalmente pelas famílias de Passo Fundo”, ressalta Zilli.
Conforme o professor, com a isenção de impostos, os fornecedores e comerciantes poderiam repassar a economia aos consumidores, tornando os produtos mais acessíveis. “Isso poderia impactar positivamente o poder de compra das famílias da região, permitindo que elas adquiram uma maior quantidade de itens essenciais com o mesmo orçamento. A isenção de impostos sobre a cesta básica também poderia ter efeitos sociais relevantes, ajudando a combater a pobreza e a fome, garantindo que mais pessoas tenham acesso a uma alimentação adequada. Além disso, a redução dos preços dos alimentos pode contribuir para a estabilidade econômica, uma vez que a demanda por esses produtos tende a se manter relativamente constante, mesmo em momentos de crise”, disse.
Contudo, o professor Julcemar salienta que a isenção de impostos sobre a cesta básica pode implicar em uma perda de receita para os governos estadual e municipal e a busca por outras fontes de compensação orçamentária. “Ainda assim, é possível que os benefícios sociais e econômicos da medida superem os desafios fiscais, desde que haja uma gestão responsável e eficiente dos recursos públicos”, pontua.
Qual a perspectiva para o segundo semestre de 2023?
Com relação aos últimos seis meses do ano, a previsão é de que haja a manutenção ou até mesmo uma continuidade na trajetória de queda no valor da cesta básica. “A conjuntura econômica favorável, aliada à política de isenção de impostos sobre itens essenciais, pode contribuir para a estabilidade ou redução dos preços desses produtos, beneficiando diretamente a população local e melhorando suas condições de vida. No entanto, é fundamental monitorar o cenário econômico e as políticas públicas adotadas para obter uma avaliação mais precisa, mas a perspectiva é de que os esforços para tornar a alimentação mais acessível e promover o bem-estar social continuem a produzir resultados positivos no decorrer do ano”, finaliza o professor Julcemar Zilli.
Foto: Leonardo Andreoli