Com as férias se encaminhando para as semanas finais, os pais ou responsáveis que têm filhos em idade escolar já estão com as listinhas na mão para cumprir com as exigências dos centros de ensino em relação ao material dos estudantes para o ano letivo. Os itens, contudo, poderão estar 30% mais caros neste ano, em Passo Fundo, conforme previsto pela Associação Brasileira de Fabricantes e Importadores de Artigos Escolares (ABFIAE).
O encarecimento nos custos de importação, seja dos produtos já embalados ou das matérias-primas necessárias para fabricá-los, como papel, papelão, plásticos e químicos, associado à alta do dólar, deve ser um ponto de pressão adicional no orçamento familiar nos primeiros meses de 2022. “Estamos conseguindo manter os preços nos produtos que já tínhamos no estoque e só reajustamos os preços nas marcas importadas”, comentou a proprietária de uma livraria do município, Silvana de Oliveira. Por isso, menciona, canetas, canetinhas, cadernos e lápis de cor respondem pelos maiores valores agregados na relação de materiais escolares.
Ao optar por reutilizar os bens mais duráveis, como mochilas e estojos, os chefes de família estão indo às papelarias em busca de novidades, conta Silvana. “Como sobrou muito item, eles só estão vindo colocar um plus na lista. A procura é por material diferenciado porque o material básico, como tinta guache, muitas escolas devolveram”, observou a proprietária aconselhando a pesquisa de preços antes da compra e na hora de negociar os parcelamentos. “Tem que ver a qualidade também porque se você comprar um produto de 0,50 centavos, não vai durar uma semana e terá de voltar. Acaba se tornando mais caro”, ponderou Silvana.
Volta às aulas
Além do novo aumento de preços nos itens que os estudantes utilizarão nas escolas, o ano letivo de 2022 na rede estadual, previsto para iniciar em 21 de fevereiro, será marcado por uma profunda modificação na estrutura do Ensino Médio para os educandos de 1º ano.
Através da alteração na carga horária e na grade curricular, os estudantes terão de cumprir, agora, com mil horas totais, sendo 800 horas de Formação Geral Básica, cujo grupo contempla disciplinas como Língua Portuguesa, Matemática, Inglês e Artes, e mais 200 horas dos componentes obrigatórios que fazem parte dos novos itinerários formativos, como Projeto de Vida, sua relação com o mundo do trabalho e com a cultura e tecnologias digitais.
Este último, explica um comunicado da Secretaria Estadual de Educação (Seduc), terá início em 2023 direcionado aos “interesses e anseios profissionais” dos estudantes. Embora a rede pública estadual já tenha iniciado a fase de testes do novo modelo, em 2019, com a adaptação de 299 escolas-piloto no Rio Grande do Sul, sendo cinco delas em Passo Fundo, “ainda não há muita clareza” como isso funcionará na prática, afirma o diretor do 7º Núcleo do CPERS/Sindicato, Orlando Marcelino, sobretudo em relação aos recursos humanos e como cada docente irá se localizar com o ajuste de carga horária. "Ainda não sabemos se as escolas poderão oferecer os percursos que os alunos poderão escolher, entre eles a formação técnica”, criticou em entrevista ao jornal O Nacional na segunda-feira (24).
O dirigente sindical, que representa os professores da rede gaúcha de ensino, menciona ainda o formato a ser escolhido em razão da crise sanitária. “Já chegaram os livros didáticos e agora estamos na expectativa para saber a porcentagem de aulas EaD. São muitas mudanças que estão colocadas que, no nosso entendimento, visa atender as grandes corporações de plataformas de ensino”, avaliou Marcelino.
Mudança
Com a reforma do Ensino Médio, instituída pela Lei 13.415/17, a educação profissional e tecnológica passou a integrar a educação básica de nível médio nas escolas do Estado. Entre as propostas, diz a Seduc, está outorgar um “protagonismo do estudante e a permanência escolar por meio de aprendizagens significativas”.