A taxa de distorção idade-série, responsável por fornecer uma avaliação percentual de alunos que possuem idade superior à recomendada para a série frequentada, reduziu em todos os níveis dos anos iniciais do Ensino Fundamental da rede pública de Passo Fundo.
De acordo com o Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), divulgado na sexta-feira (16) pelo Ministério da Educação, os índices mais baixos se mantiveram entre os estudantes de 1º ano com 2,3% do total de alunos com dois anos ou mais acima da idade recomendada para a etapa; entre os de 2º ano com 3,3%, que registrou um percentual acima, mas ainda assim mais baixo que os 6,4% observados na avaliação bianual de 2019, e nos terceiros anos do Ensino Fundamental com 7,5%.
Os índices de atraso escolar, porém, se elavam quando a atenção é centrada nos educandos matriculados nas quartas e quintas séries da rede pública municipal. Esta última, aliás, é responsável por concentrar a maior porcentagem de defasagem escolar com 18,7% dos estudantes com retraso na aprendizagem. “O processo de alfabetização necessita do desenvolvimento de várias habilidades que são pré-requisitos para a consolidação do nível alfabético e seguir para o ortográfico. Durante o período da pandemia, muitas dessas habilidades não foram possíveis de serem trabalhadas de acordo com o que o processo exige, especialmente, por se tratar de uma fase em que aprender socializando é essencial”, considerou o secretário municipal de Educação de Passo Fundo, Adriano Canabarro Teixeira.
Tais fatores, prossegue o educador, contribuíram também para o aumento da reprovação a partir do 4º ano, “refletindo diretamente na questão da faixa etária dos estudantes que se encontram hoje matriculados no 5º ano”. Conforme aponta o Painel Educacional Municipal, em 2021, 10,5% dos alunos de 4º ano não apresentam os requisitos mínimos, de aproveitamento e frequência escolar, para serem promovidos ao ano posterior.
Ideb
Além das taxas de aprovação, os resultados de aprendizagem apurados no Saeb e utilizados para monitorar o desempenho das escolas e das redes de ensino apresentaram uma performance já esperada durante a crise sanitária de coronavírus que forçou o fechamento das escolas e a adaptação das grades curriculares ao ensino remoto.
Nos testes de Língua Portuguesa e Matemática aplicados nos 35 centros educacionais públicos mantidos pelo Poder Público passo-fundense, que recebem 6,7 mil estudantes, os resultados foram os mais baixos desde 2013. “Sem dúvida alguma, o período de aulas remotas e o posterior retorno híbrido, impuseram um conjunto significativo de desafios de ordem prática e pedagógica que vão, do acesso, ou falta dele, às tecnologias de suporte em 2020, no qual muitas redes demoraram a se organizar, ao retorno híbrido em 2021 no caso da rede municipal de ensino”, mencionou o secretário de Educação.
Nos quadros comparativos, a média de proficiência em Língua Portuguesa, no ano passado, foi de 200,69, enquanto a de Matemática foi ajustada a 207,21; 16 pontos a menos que em 2019. “É preciso apontar os processos de formação de professores para o novo modelo; os processos de progressão amparados por lei onde alunos evadidos em 2020, retornaram às escolas em maio de 2021 como se tivessem frequentado. Ou seja: um aluno que iniciaria 2020 o 4º ano e evadiu, mesmo com o processo de busca ativa, retornou em 2021 no 5º, sem ter frequentado estes anos escolares e realizando a prova da mesma forma que os alunos não progredidos”, disse Teixeira.
Assim, ressaltou o secretário de Educação de Passo Fundo, a proximidade dos resultados obtidos nas escolas municipais em relação à média nacional, ajuda a compreender os reflexos da pandemia no que se refere à aprendizagem de ambas disciplinas. “É importante ressaltar que a rede municipal tem feito um conjunto de ações que devem qualificar nossos resultados já em 2023”, salienta. Dentre eles, cita Teixeira, está o acompanhamento pedagógico por escola, grade curricular única, melhoria das condições de trabalho dos professores a partir da disponibilização de tecnologias de suporte pedagógico, formação de professores e avaliação diagnóstica semestral, além de projetos de apoio específico aos estudantes.