Comunidade Goj-Jur comemora oficialização de Escola Estadual Indígena

Escola passa a receber recursos próprios, terá uma equipe diretiva e qualificação no espaço físico e pedagógico

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Alunos já frequentam a escola, que agora será independente e receberá recursos próprios e acompanhamento de equipe diretiva. (Foto: Fotos Rosângela Borges/ON)Alunos já frequentam a escola, que agora será independente e receberá recursos próprios e acompanhamento de equipe diretiva. (Foto: Fotos Rosângela Borges/ON)
Alunos já frequentam a escola, que agora será independente e receberá recursos próprios e acompanhamento de equipe diretiva. (Foto: Fotos Rosângela Borges/ON)
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A Aldeia Kaingang Goj-Jur de Passo Fundo passou a contar oficialmente com a Escola Estadual Indígena de Ensino Fundamental Adalírio Lima Siqueira. A criação da escola foi publicada no Diário Oficial do Estado no início de setembro, por meio do Decreto 56.637, de 31/8/2022. 

Instalada na Aldeia localizada atrás da Estação Rodoviária, a escola funcionava como uma unidade sem autonomia, vinculada à Escola Manoel Inácio do município de Água Santa. Com a publicação, passa a receber recursos próprios que propiciarão maior benfeitorias estruturais, aquisição de mobiliário e, por consequência, maior qualidade de ensino.

O cacique Jocemar Mariano, conta que foram cinco anos de muita luta para que a escola pudesse ser oficializada. “Sabemos a importância de uma educação diferenciada dentro de uma escola indígena e fomos em busca da legalização da nossa escola junto à 7ª CRE, principalmente para manter a nossa cultura, nossos costumes, preparar as crianças dentro da comunidade antes de estudarem fora da aldeia”, disse.

Hoje 47 crianças estudam no local e com a efetivação oficial, mais 30 adultos poderão frequentar o EJA – Ensino de Jovens e Adultos, qualificando sua formação, permitindo com que busquem trabalho e garantam seu sustento.

Jocemar explica que a intenção é incentivar adultos a voltarem a estudar. “Temos idosos que não tiveram oportunidade de concluir o Ensino Fundamental e adultos que terão mais oportunidade no mercado de trabalho. Nossos artesanatos estão muito desvalorizados e a busca pelo trabalho externo se torna cada vez mais necessária”. 

O Cacique explica que o maior diferencial de uma escola indígena é priorizar a língua, oferecendo educação bilíngue, cumprindo seu papel inclusivo. “O objetivo é que nossos alunos se sintam mais à vontade para estudar e que tenham uma melhor inclusão na sociedade. Nós tentamos matricular fora da aldeia, mas as crianças se sentiam muito excluídas então buscamos trazer a escola até a comunidade”.

Atualmente três professores do Estado lecionam no local, dois deles indígenas e uma não indígena. Os estudantes recebem a educação formal com disciplinas como história, português, matemática, além da língua Kaingang 


7ª CRE

Carine Weber, coordenadora da 7ª CRE, conta que a equipe estava trabalhando para que a escola pudesse se tornar independente. “A intenção era justamente para que a unidade recebesse recursos diretos, que tenha uma equipe diretiva acompanhando o processo pedagógico e principalmente tenha independência de recursos humanos e financeiros”. Ela reforça que independente de ser uma aldeia urbana ou rural, as escolas indígenas têm questões como a cultura e a língua Kaingang , oportunizando com que os estudantes fiquem na sua comunidade, aprendendo por meio de seus costumes. “O desejo dessa comunidade tem esse movimento da rede estadual, respeitando todas as especificidades de educação que tem por prerrogativa”.

A professora de educação indígena, Lucimara Lima Siqueira, leciona há dois anos na aldeia e conta que a comunidade escolar está feliz em poder ter uma escola própria. “É uma grande conquista para que tenhamos melhorias na nossa escola que ainda precisa muitas intervenções. As crianças vêm aqui aprender todas as matérias, mas principalmente a língua indígena, para não perdermos nossa identidade”. 


Foto: Rosângela Borges/ON

Adalírio Lima Siqueira foi um dos anciões que ajudou a fundar a aldeia Goj-Jur, um ancestral, o mais antigo integrante, já falecido. A escolha de seu nome para a escola foi uma homenagem. 

A comunidade de Goj-Jur está há mais de dez anos em Passo Fundo, são 23 famílias e 108 indígenas. 

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