EEEF Wolmar Salton: na mira da municipalização

Negociação entre Estado e Prefeitura de Passo Fundo gera incertezas na comunidade escolar

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Escola Wolmar Salton completou ano passado 30 anos de históriaEscola Wolmar Salton completou ano passado 30 anos de história
Escola Wolmar Salton completou ano passado 30 anos de história
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As negociações entre o governo do Estado e a Prefeitura de Passo Fundo para o processo de municipalização da Escola estadual Wolmar Salton, gerou incertezas para parte da comunidade escolar do Bairro Bom Jesus e críticas do Núcleo do Cpers Sindicato. Alguns pais se dizem preocupados com o início do ano escolar e se haverá manutenção do atendimento integral como faz atualmente.

De acordo com Vanessa Britto e Vladimir Medeiros que possuem quatro filhos na escola, a comunidade escolar não está sendo ouvida. “Estamos de mãos atadas, não sabemos o que vai acontecer, primeiro disseram uma coisa, depois outra, nada foi decidido e discutido. Não sabemos se a municipalização vai ser boa ou não. Eles falam que vai continuar sendo integral, depois disseram que não sabiam”, disse.

Na última quinta-feira, 4 de janeiro, ocorreu uma audiência na escola para tratar do caso. Medeiros lamenta pela forma como a notícia chegou, sendo repassadas poucas informações. “Fomos pegos de surpresa, recebemos o convite no grupo de pais da escola, no dia da reunião passou uma moto em menos de meio dia falando da reunião no bairro. Quando chegamos na reunião vimos que os pais que tinham os alunos matriculados nem conseguiram se manifestar, porque tinham pessoas da comunidade que nem conhecem o trabalho da escola e estavam se manifestando. Outra coisa é que a proposta deles não foi bem colocada, não foi falado como vai funcionar, eles falaram que não tinham garantido se teria verba, professor e que eles teriam menos de 30 dias para ajustar tudo”, comentou.

Vanessa explica que a escola é muito boa, que seus filhos ficam seguros o dia todo. “Para nós não tem reclamação, meus filhos aprenderam muito esse ano, tem poucos alunos na escola, as professoras conseguem ter aquele cuidado de ir de mesa em mesa explicar, a nossa escola é boa não tem o que mudar e nós precisamos do ensino integral”, disse preocupada.

 Surpresa com a rapidez do processo

A diretora Raquel Lara Dal' Corso, que trabalha há 20 anos na escola, relata surpresa com a rapidez do processo de municipalização. “A municipalização é real e deve ser progressiva, mas é algo que tem que ser construído. A nossa escola tem uma área ampla, é arborizada e nós temos a proposta de tempo integral. Ano passado ela completou 30 anos de história. Tentamos fazer o melhor possível em termos de matriz curricular, distribuição de carga horária e para manter esses alunos na escola. O que aconteceu é que houve um pequeno movimento da comunidade sobre a nossa escola, mas que na sua maioria não são da nossa comunidade escolar, então que nos pegou de surpresa, foi tudo muito rápido”, disse.

Conforme Raquel, não houve um consenso sobre o assunto. “Muitos pais estão tentando entender a proposta, não houve um consenso por parte maior de pais que têm filhos da escola, a escola é da comunidade da Bom Jesus, mas nós temos os pais que têm filhos na escola, que conhecem nosso trabalho e uma parcela muito importante das nossas famílias não entenderam essa proposta e querem entender melhor o processo. Então tá todo mundo chateado, inseguro, estamos com o prazo correndo para as ações que precisam ser feitas para o início do ano letivo e estão todos preocupados com a incerteza do que vai ocorrer”, disse.

Comunidade escolar está preocupada que com a mudança, a escola deixe de ofertar ensino integral

Comunidade espera uma escola de educação infantil

 Vanessa e Vladimir destacam que uma alternativa seria a da criação de uma escola de educação infantil em um prédio dentro da escola, mas que no momento não está sendo ocupado. “Não mexeria com os alunos do ensino integral e assim atenderia a educação infantil que não temos no bairro”, disseram.

A Escola Wolmar Salton atende atualmente 125 alunos, mas tem capacidade para atender mil, além de receber estudantes de outras escolas que no turno inverso participam de atividades como atendimentos na sala de recursos. “O que temos aqui é uma divisão de ideias, sugestões, sentimentos. Esperamos que seja o melhor para comunidade, mas tem que ver como as coisas são conduzidas, com calma e diálogo”, afirmou a diretora.

 CPERS Passo Fundo crítica a municipalização

O diretor-geral do 7º Núcleo do Cpers Sindicato de Passo Fundo, Orlando Marcelino, é contra a municipalização da Escola. “ Tem um movimento estadual do governo querendo municipalizar as escolas de ensino fundamental, alegando que as séries iniciais são do município. Nós temos um posicionamento na estadual que não é assim. O município não cumpre nem com as suas obrigações, que é a da educação infantil, ele tem um problema sério quanto a isso, que dirá com os demais graus de ensino”, disse.

Sobre a audiência na escola, o diretor questiona o período que foi realizado, durante as férias em que muitas pessoas estão viajando, não deixando mais possibilidade de diálogo entre a comunidade escolar sobre a proposta. Outro ponto levantado por Orlando são as questões legais e de infraestrutura que envolvem o processo para tornar a escola do município. “Outra coisa é que a legislação sobre o assunto ainda não está concluída no Estado. Tem outro problema muito sério, é que essa é a única escola que tem turno integral na cidade, esse é um projeto político pedagógico prioritário nacional dentro da educação, sendo prioridade escola de tempo integral ainda mais no ensino fundamental. O estado está se desobrigando desse projeto que tem 30 anos e passa para o município que não garante a continuidade de tempo integral. O objetivo do município é criar uma escola de educação infantil no espaço e manter as turmas até o nono ano sem o tempo integral. Quiçá eles façam algumas turmas de tempo integral que é diferente de turno integral”, disse.

O diretor pontua que mesmo que seja aprovado a municipalização, não haveria tempo hábil para conclusão de todos os trâmites para que iniciem no próximo mês. “ Não se abre uma escola de educação infantil de um dia para o outro, alguns estão achando que já em fevereiro terão uma escola e isso é uma mentira tem que passar por toda uma previsão de abertura para haver investimento, construir as instalações apropriadas, por sinal é um prédio que é cheio de escadas, envolve um monte de outras coisa, mas iludem a comunidade que será logo, mas até resolver a parte legal que é aprovação e fazer a parte estrutural isso dá mais de ano”, disse. Também mencionou que o município não tem previsão orçamentária para o processo de municipalização neste ano

O mandato da deputada Luciana Genro (PSOL) recebeu denúncias a respeito da possibilidade de municipalização da Escola, por meio da sua assessora, Ingra Costa e Silva, que é moradora de Passo Fundo, questionando também pela decisão ter ocorrido em meio às férias. “Não vamos aceitar essa lógica da municipalização, de terceirizar a educação e do ataque à organização democrática das escolas, já que não haverá mais a eleição de diretores. Além disso, é revoltante tomar uma decisão dessas sem consultar ninguém da comunidade escolar”, ressaltou a deputada.

O que diz a 7ª CRE

A coordenadora de educação Carine Weber, disse que a Prefeitura Municipal fez a solicitação de ‘Mudança de Mantença’ (Consiste na transferência da mantenedora de uma Instituição) à 7ª, para ampliação do atendimento já existente na unidade escolar de Ensino Fundamental em Tempo Integral, e oferta de Educação Infantil, que só pode ser oferecida pela Rede Municipal. “Após a abertura de Processo Administrativo interno, foi realizada conversa com a Comunidade Escolar (professores, pais, lideranças da comunidade, CRE e SME) na última semana, conforme fluxo estabelecido para todos processos de Mudanças de Mantença. Agora, aguardamos a manifestação pela continuidade da demanda pela Prefeitura Municipal para seguirmos ou não com os trâmites legais”, finalizou.

O que diz a Prefeitura

O Município de Passo Fundo realiza movimentos constantes pela ampliação de vagas e qualificação da Educação Municipal.

No caso específico da EEEF Wolmar Antônio Salton, o Município está fazendo um estudo criterioso sobre as condições e consequências de eventual municipalização para, somente após essa análise, tomar as decisões e providências necessárias.

Algumas questões pertinentes ao tema demandam um maior tempo de análise, de reuniões e de encaminhamentos. Portanto, para o início deste ano letivo, não será possível chegar a uma conclusão acerca desta matéria.

 

 


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