Escola do Hoje conta com cerca de 10% de alunos estrangeiros

Mais de 30 crianças e adolescentes estudam no colégio. Integração e aprendizado marcam as relações

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Fotos: Jéssica França/ONFotos: Jéssica França/ON
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Alegria, aprendizado, integração e muita vontade de estudar, assim os alunos da Escola Municipal de Ensino Fundamental - EMEF Escola do Hoje – participam de vivências diárias que promovem o desenvolvimento escolar.

De acordo com a diretora,Gisieli Barea Vailati, a escola conta com 45 profissionais entre professores e funcionários e quase 400 alunos que vêm de diversos locais da grande região dos bairros Petrópolis e São José em que está localizado o colégio. “A Escola do Hoje atende 391 alunos, destes uns 240 que vêm de transporte escolar. Como o prédio é grande, a prefeitura disponibiliza o transporte que passa nos bairros São Luís, São José, Petrópolis, Leonardo Ilha, onde não tem tantas vagas nas escolas mais próximas, então as crianças vêm para cá estudar”, conta.

Um destaque nesse ano letivo, que vem chamando a atenção é o grande número de alunos estrangeiros: são venezuelanos, haitianos e argentinos. “Hoje temos 39 alunos venezuelanos, 16 na parte da manhã de 1 ao 4º ano e 23 no turno da tarde do 5º ao 9º ano, temos ainda um aluno da Argentina e tínhamos dois Haitianos que saíram a pouco porque acabaram voltando para o seu país e ainda estão em nosso sistema. A maioria dos alunos estrangeiros vivem na Ocupação Bela Vista, então, o transporte escolar passa e por termos vaga eles vêm para cá estudar”, conta.

Conforme a diretora, outras escolas do município também Escola do Hoje conta com cerca de 10% de alunos estrangeiros têm número considerável de estudantes, que chegam sem saber a língua portuguesa, mas em pouco tempo acabam aprendendo. “Quando comecei aqui não entendia nada, agora já entendo um pouco. Tenho dois irmãos na escola, minha irmã está no segundo ano e o mais velho está no 7º ano. Mudamos por causa da minha vó e da minha mãe. Estamos há um ano no Brasil, me sinto bem, como na Venezuela, já fiz amigos, todas as professoras são boas. Eu gosto de português, matemática, ciência, geografia, praticamente tudo”, conta a Venezuela a Nahomi Villaroel de 11 anos. 

Aprendizado

Devido ao número considerável de alunos, praticamente todas as salas contam com estudantes estrangeiros o que facilita para que possam ir se auxiliando. “Tem alunos que fazem 8 anos que estão no brasil e são fluentes nas duas línguas, então conseguem ajudar os recém-chegados”, diz Gisieli.

Segundo a vice-diretora, Vanderleia Lara Salles, o aprendizado das crianças estrangeiras é muito rápido. “Observamos alunos que chegam no início do ano e não sabem nada da língua portuguesa. Vamos incentivando os colegas para ter um diálogo, mas logo eles vão escutando português e pegando. A aprendizagem deles como segunda língua é muito rápida, com um mês já entendem”, diz.

Gisieli destaca que a comunicação da família às vezes é um desafio, mas com diálogo mais lento é possível a compreensão. “Nós temos um pouco de dificuldade, porque além de falarem o espanhol, eles falam muito rápido, pedimos para falar devagar e assim vamos fazendo. As famílias muitas vezes vêm para fazer a matrícula e têm bastante dificuldade de comunicação as nossas secretarias se viram como podem e a gente chama os nossos alunos que já estão a mais tempo para ajudar também”, relata.

A Prefeitura de Passo Fundo ofereceu em 2023 um curso de Português, onde diversos pais participaram recebendo encaminhamento da escola, ajudando na prática da língua portuguesa.

Riqueza cultural

A integração entre os estudantes é muito rica. Os brasileiros acabam aprendendo diversas palavras em espanhol, possibilitando uma troca cultural. Conforme as professoras, as famílias são muito participativas, incentivam os estudos e acompanham as crianças. “Os alunos são muito inteligentes, participativos e as famílias são muito presentes na escola, preocupadas com o ensino. Para alguns alunos a gente indica o apoio que é reforço no contraturno e muitas vezes percebemos que eles pagam o uber para as crianças não perderem o horário, para ter o reforço que elas precisam. São famílias bem presentes na vida de seus filhos”, conta.

Ainda segundo Gisieli, ano passado o número de alunos estrangeiros era menor, na faixa de 10, mas nesse ano com o aumento de estudantes a equipe diretiva estuda realizar algumas ações de integração e valorização da cultura. “Um dos nossos trabalhos vai ser de trazer a vivência da cultura deles, o trabalho com a língua para a sala de aula, a gente pode aproveitar essa cultura para fazer um trabalho diferente, onde os professores podem utilizar nas aulas nas diferentes disciplinas e para que eles também sejam ouvidos e vistos e possam valorizar a sua cultura e que os nossos alunos brasileiros possam conhecer também”, pontuou.

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