Jéssica França/ON
Uma escola voltada para o aprendizado de estudantes com Transtorno do Espectro Autista (TEA). A Escola Municipal dos Autistas (EMAU) Professora Olga Caetano Dias, atua há mais de 20 anos em Passo Fundo, fruto da ação de pais que buscam um atendimento mais especializado na área pedagógica e de socialização para seus filhos autistas.
De acordo com a diretora, Fabiane Placedino, e a coordenadora pedagógica, Lilian Ferrez da Silveira, a escola atua voltada para o ensino pedagógico, com oficinas pedagógicas e outros atendimentos voltados para o desenvolvimento do aprendizado e da autonomia dos estudantes. “A nossa escola tem mais de 20 anos foi fundada devido às necessidades dos pais que queriam um espaço para trabalhar somente com suas crianças autistas, eles tinham atendimento na APAE e na época misturava com outras crianças que tinham outras patologias e eles queriam um olhar diferenciado e um trabalho diferenciado, hoje também atendemos esses alunos adultos”, conta Lilian.
Conforme as professoras, a escola atende 152 alunos com a idade de 4 anos, passando por adolescentes até a fase adulta. “É uma escola municipal, atende todo o ensino fundamental, nossos alunos têm de estar matriculados na rede, nós abrimos uma turminha só de educação infantil porque a demanda é bem grande. Temos uma turma com crianças de 5 anos, pela manhã turmas de ensino fundamental I e de tarde ensino fundamental II e nossos adultos, filhos desses pais que fundaram a escola”, disse,
Com professores devidamente habilitados a escola conta com quase 30 profissionais entre professores, monitores e demais trabalhadores. “Os professores têm que ser habilitados para trabalhar com os nossos alunos, além disso, procuramos sempre estudar, participando de formações, porque a gente busca atender nossos alunos enquanto indivíduo, então a gente faz o atendimento educacional individualizado, é um plano em que observamos só o aluno e não a turma. A escola é composta por turmas pequenas onde a gente pode desenvolver questões sensoriais, comportamentais, assim como cognitivas e motoras também”, disse.
Inclusão
Promover a reflexão e combater a discriminação, por esse motivo foi criado o Dia Mundial de Conscientização sobre o Autismo. Segundo o Ministério da Saúde o autismo é uma condição de saúde caracterizada por desafios em habilidades sociais, comportamentos repetitivos, fala e comunicação não-verbal, mas com terapias adequadas realizadas de forma individualizada auxiliam no desenvolvimento e na relação do autismo com o mundo. “Inclusão na sociedade, em espaços como praças e parques é importante para que a comunidade entenda, pois há muitos comentários, às vezes, o que desestrutura um autista, ele não é agressivo, ele pode estar em uma crise, confundem com uma birra. As pessoas, às vezes, não entendem e cobram dos pais. Entender o que é o autismo é importante, por isso que a gente sai muito com eles, para que eles possam se comunicar e se relacionar com os diferentes espaços”, pontua.
Conforme a professora Fabiane, é importante que eles possam ir aos poucos se adaptando a diferentes cores, barulhos e ambientes da sociedade. “Porque essa percepção sensorial deles é grande, o que para nós pode nem parecer, para eles incomoda, começam a botar a mão no ouvido, não querem ouvir. Ae escola é movimento, é vida, por isso a importância da adaptação”, pontua.
Escola
A primeira sede da Escola dos Autistas foi na rua Morom, com o passar do tempo e o aumento de crianças foi transferida para o prédio da Rádio Planalto, no Bosque Lucas Araújo. Mais recentemente funcionava junto ao Seminário Nossa Senhora Aparecida, onde passou a ofertar mais vagas de forma gradual. O novo espaço da Escola, no bairro Secchi, foi inaugurado em outubro de 2022 com recursos do pré-sal. A infraestrutura conta com 9 salas de aula e 4 salas temáticas de artes, atividades físicas, psicomotricidade e música.
Para receber atendimento, os alunos aguardam em uma lista de espera. “Tem que ser crianças com laudo de TEA e da rede municipal de ensino, tem que estar matriculado em uma escola do município. Os pais comunicam que a criança tem autismo, apresentam o laudo com o CID e a escola de origem responde um formulário colocando esse laudo para análise e cai aqui para nós. Eles entram em uma lista de espera e a gente vai chamando. Sabemos da realidade das escolas que tem autistas, mas não podemos superlotá-las para que tenha um trabalho de qualidade”, finalizou.