O candidato ao cargo de prefeito de Passo Fundo pelo Partido Democrático Trabalhista (PDT), Marcio Patussi, é o terceiro entrevistado pelo jornal O Nacional nas eleições municipais deste ano. Ele participa da disputa ao lado do agrônomo e candidato a vice-prefeito pelo Progressistas (PP), Marcos Susin, através da coligação “Passo Fundo quer mudança”, composta ainda pelo Partido Verde (PV) e pelo Patriota.
Aos 41 anos de idade, o advogado Marcio Patussi disputa a vaga de prefeito do município pela primeira vez. O candidato já foi eleito vereador pela mesma sigla em dois pleitos, nos anos de 2012 e 2016. Em 2018, concorreu a uma vaga na Câmara dos Deputados, quando ficou na suplência. Patussi é também professor da Faculdade de Direito da Universidade de Passo Fundo e ex-Secretário de Segurança Pública de Passo Fundo, tendo exercido ainda a chefia da Secretaria Municipal de Cidadania e Assistência Social.
O Nacional: Após dois mandatos como vereador, o senhor está concorrendo pela primeira vez ao cargo de prefeito de Passo Fundo. Qual a principal motivação em colocar o nome à disposição do partido para fazer parte desta disputa?
Patussi: Eu me motivei até mesmo por conta da minha vivência dentro da política, conhecendo a cidade, sabendo entender todos os atores que por aqui estão e buscando também qualificar e encontrar respostas para as demandas, principalmente das áreas sociais. Acho que é uma trajetória natural de quem já está na vida pública e que se prepara para poder, um dia da sua vida, disputar uma eleição para prefeito da sua cidade. Eu acho que isso é o mais gratificante para todo e qualquer político.
Com as restrições impostas pela pandemia do novo coronavírus, a campanha deste ano está diferente das anteriores. Como está sendo o desafio de respeitar esse distanciamento e, ao mesmo tempo, ter de colocar a campanha na rua e apresentar as propostas aos eleitores?
As restrições da pandemia são bastante significativas em um ambiente eleitoral. Tradicionalmente, temos uma eleição que se aproxima muito de movimentos como passeatas, carreatas, comícios, que envolvem aglomerações. Neste ano, não tem nada disso. A gente tem que cumprir as decisões sanitárias e procurar obedecer todas as regras de distanciamento, mas sabemos que os candidatos têm que se apresentar. As redes sociais cumprem o seu papel, a televisão cumpre também uma significativa importância na divulgação das propostas, mas ainda temos eleitores que preferem o cara a cara, ou seja, fazer aquelas pequenas reuniões, para que eles possam conhecer mais o seu candidato. Eu tenho feito agendas com entidades e segmentos da sociedade, para que a gente consiga levar as ideias do Patussi e do Susin de uma nova agenda econômica e social para Passo Fundo.
Nesse contexto, a internet, que já era ferramenta indispensável, tornou-se ainda mais fundamental. Qual sua opinião sobre a influência do conteúdo das redes sociais na opinião do eleitor?
A gente tem que partir do princípio de que todos os candidatos têm o mesmo espaço nas redes sociais. Se todo mundo resolver fazer a mesma divulgação, as redes sociais ficarão um pouco poluídas. Por isso, é importante que os eleitores também façam alguns filtros, procurem identificar e saber das propostas, saber um pouquinho mais da história dos seus candidatos. Eu vejo que, se nós compararmos com outras eleições, principalmente as eleições de 2012, nós não tínhamos tanta difusão na rede social. Agora, ela veio justamente para segmentar um dos eixos de divulgação eleitoral. Tanto nas redes como Facebook, Instagram, Twitter, e até mesmo nos grupos do WhatsApp, em que você consegue mobilizar eleitores com a discussão de ideias e o recebimento de muitas sugestões.
O próximo prefeito de Passo Fundo terá, desde o início do mandato, o desafio de enfrentar os reflexos provocados pela pandemia do novo coronavírus nos mais diversos setores da economia do município. Que avaliação o candidato faz sobre esse tema?
Os próximos prefeitos ainda terão que buscar algumas soluções, principalmente para a área da Saúde, ou seja, aquilo que o Município tem que fortalecer para melhorar o atendimento e acompanhamento. Porque o vírus não passou, ele está por aí ainda. Por mais que os números estejam diminuindo, nós não temos nenhum efeito imunizante. Então é preciso qualificar esse primeiro atendimento e, mais do que isso, a informação às pessoas. A gente está retomando de forma gradual, mas ainda precisamos ter cuidado. Então, na área sanitária, é fundamental o aperfeiçoamento do sistema de saúde, com a integração da rede, mas também com muita informação aos nossos passo-fundenses.
Na área econômica, nós temos uma cidade que tem uma dependência no setor de prestação de serviços e de comércio. São os setores que mais empregam e foram os setores mais impactados na pandemia. Então, o Município também tem que pensar nesses setores, porque eles estão no dia a dia acompanhando o crescimento da cidade. Nós temos que trabalhar, por exemplo, algumas ações de microcrédito para incentivar aqueles setores que ainda estão paralisados. Eles precisam ter uma atenção do Poder Público. Eu vejo que é uma situação especial. O município não tem muito o que escolher. Ele tem que agir e agir rápido.
Entre as várias propostas que constam em seu programa de governo, uma delas prevê o fim das filas para exames e consultas médicas, o chamado “Fila Zero”. Gostaria que o senhor comentasse como pretende implantar um programa como esse com a demanda de pacientes existente em Passo Fundo.
Nós fomos buscar bons exemplos em outros municípios para que a gente consiga resolver e diminuir as filas de consultas e exames já agendados. O modelo que se tem mais apropriado é onde o município faz parcerias com instituições hospitalares e clínicas. Nós temos aqui dois hospitais filantrópicos, que são hospitais centenários e trabalham na rede SUS, mas também prestam serviços privados. O Município, a partir de meios legais, vai comprar essas consultas, que já estão agendadas, na rede privada. Além disso, esse tempo de compra de consultas vai ser o tempo necessário para a gente reestruturar a rede, colocando gestão, fazendo a informatização de todo o sistema e também colocando mais profissionais nas áreas com maior demanda, para que a gente consiga ter duas linhas de atuação: fortalecer o setor público e equacionar a fila de espera. Quem tem dor não pode esperar, esse é o grande carro-chefe da nossa campanha.
Sendo eleito prefeito, qual a principal mudança que o PDT e PP farão na cidade de Passo Fundo?
Patussi - Nós temos cinco eixos. No eixo de desenvolvimento econômico, nós temos que tornar a cidade mais amistosa, desburocratizando, criando canais de incentivo econômico e fiscal, parcerias público-privadas para que investimentos possam ser trazidos para Passo Fundo, aproveitando a logística, a mão de obra, as universidades, os hospitais e principalmente o setor primário, que é um setor de transformação. A gente sempre cita o caso de indústrias que foram trazidas na época da gestão do prefeito Airton Dipp e que mudaram a matriz econômica do município. Infelizmente, esse modelo deu uma recuada nos últimos oito anos. Nós queremos voltar à segunda grande onda de desenvolvimento econômico da cidade.
Além disso, temos a área social, que é a educação. A educação em tempo integral. Nós já elencamos cinco grandes escolas, onde iremos voltar com esse projeto pioneiro, com turno inverso ao turno de aulas. Vamos possibilitar instruções de tecnologia. Queremos diversificar um pouquinho o turno integral do ensino, mas para a nossa realidade. Vamos falar de ciência, de cultura, de práticas esportivas nessas cinco grandes escolas que têm espaço e condição para elaborarmos todos esses interesses na educação integral. Ainda, na saúde temos outros eixos além do “Fila Zero”. Queremos fortalecer a rede municipal, com qualificação dos profissionais, ampliação dos horários de atendimento do CAIS, melhorar o serviço prestado pelo Hospital Municipal e criar uma linha de atendimento às mulheres: a mulher adolescente, a mulher mãe, a mulher trabalhadora e também a mulher idosa. Para que tenha mais conforto, mais atenção e mais resolutividade nos atendimentos para a mulher.
Na Segurança Pública, vamos continuar com o cercamento eletrônico, levando as câmeras de videomonitoramento para as principais vias de acesso ao interior. [Vamos buscar] parcerias para o financiamento de equipamentos para a Brigada Militar e a Polícia Civil. A gente quer colocar viatura de qualidade, armamento e condição para que a população fique sempre protegida. Isso é um compromisso que nós assumimos também na estruturação dos espaços, principalmente das delegacias de Passo Fundo.
No agronegócio, a partir de um pedido no nosso vice, Marcos Susin, vamos trabalhar com a ampliação do orçamento da Secretaria do Interior para que sobre mais dinheiro para investimentos. O agricultor quer estradas em boas condições para fazer o escoamento da produção. Nós temos que viabilizar recursos orçamentários e extra orçamentários justamente para que pelo menos, em um primeiro momento, a gente consiga reduzir os impactos da falta de manutenção das estradas no interior. Na área de tecnologia. Hoje, as propriedades rurais são empresas, elas precisam emitir nota, mas não se tem uma internet para gerar um boleto ou uma nota fiscal. Então precisamos acelerar o processo de levar tecnologia ao homem do interior. Passo Fundo tem que voltar a ser reconhecida como uma cidade do agronegócio, uma cidade que tem várias empresas, principalmente no setor de pesquisa e de máquinas. Precisamos voltar a ter esse know-how e dar esse upgrade para fazer com que a cidade também tenha ganhos no setor.
Qual a mensagem que o senhor deixa para os eleitores de Passo Fundo?
Essa eleição é muito importante, principalmente por conta desse estágio da pandemia. O próximo prefeito e vice-prefeito terão que ter um melhor preparo para conduzir os rumos da cidade pelos próximos quatro anos. Há desafios na área econômica e desafios na área social, mas mais do que isso, nós precisamos deixar a cidade mais aberta para receber investimentos. Eu e o Susin estamos determinados a perseguir essas condições para que a cidade volte a crescer. Vamos cuidar dos espaços públicos e viabilizar novos locais para que a população tenha seu bem-estar e lazer nos finais de semana, mas nós também temos que fortalecer aquilo que é mais importante: a produção, para gerar emprego e renda para as pessoas. A gente gosta de fazer muitos comparativos. O orçamento projetado para o ano que vem é de R$ 713 milhões. Cidades vizinhas, do tamanho de Passo Fundo, já superaram R$ 1 bilhão. Eu e o Susin estamos perseguindo o orçamento de R$ 1 bilhão, mas nós não vamos aumentar imposto. A gente vai fazer com que o setor produtivo, que gera a receita, seja um grande parceiro da Prefeitura. E é assim que a gente vai crescer: dando mais oportunidade e mais receita para que as políticas públicas possam acontecer de forma efetiva na nossa cidade.