Após dois dias de protestos, as rodovias da região começaram a ser liberadas para o trânsito de veículos nessa terça-feira (1). Mesmo com os apoiadores do presidente Jair Bolsonaro permanecendo nos locais dos protestos, segundo a Polícia Rodoviária Federal, não houve mais interrupção das rodovias, na região de Passo Fundo desde a manhã de hoje. A decisão judicial de liberação das rodovias estaduais aconteceu somente no começo da tarde, e, segundo o Batalhão Rodoviário da Brigada Militar, nos pontos em que os policiais haviam notificado os manifestantes, eles se comprometeram em liberar as estradas, porém, permaneciam nos locais.
Os protestos, que iniciaram ainda na noite de domingo (30), foram desencadeados em diversos pontos do Brasil logo após a divulgação do resultado do pleito para presidente. Os manifestantes contestavam o resultado das urnas.
Região
A mobilização na região de Passo Fundo iniciou ainda na noite de domingo e madrugada de segunda-feira. Os protestos se desencadearam em locais pontuais, mas durante a segunda-feira foram se espalhando por diversas rodovias.
Em Passo Fundo, o trânsito da BR 285 foi liberado ainda na manhã de hoje (1). A Polícia Rodoviária Federal, em cumprimento a uma decisão judicial que determinava a liberação das rodovias federais no Rio Grande do Sul, usou uma retroescavadeira para desobstruir a pista.
Assim, o principal ponto de concentração permaneceu na ERS 324, saída para Marau, onde o trânsito seguia interrompido. Os motoristas eram obrigados a parar no Trevo do Ricci, importante ligação para diversos bairros de Passo Fundo, além de cidades vizinhas. Alguns motoristas permaneceram parados por várias horas no local. Serviços de coleta de lixo e transporte público foram afetados naquela região. A direção da Estação Rodoviária chegou a suspender a venda de passagens. Algumas faculdades suspenderam as aulas presenciais. O trânsito era liberado de forma periódica, porém, empresas instaladas nas proximidades tiveram dificuldades para receber ou despachar mercadorias em alguns momentos do dia.
No canteiro central do trevo e em áreas de acostamento foram instaladas faixas que tinham frases como: “Fora Comunismo, Amamos o Brasil”; “Fora STF”; “Dissolução do STF Corrupto”; e “Socorro Forças Armadas”.
Decisões Judiciais
Na noite de segunda-feira (31), duas decisões judiciais determinaram a liberação das rodovias federais.
A primeira foi da Polícia Rodoviária Federal do Rio Grande do Sul, por intermédio da AGU, que obteve da Justiça Federal uma liminar determinando a liberação das rodovias federais interditadas por pessoas e veículos de carga, sendo obrigatório o imediato cumprimento por parte dos manifestantes.
A decisão previa multa pecuniária no valor de R$ 10.000,00 por pessoa física e de R$ 100.000,00 por pessoa jurídica participante.
Outra decisão foi do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, que determinou o total desbloqueio das rodovias federais que registraram paralisações de caminoneiros.
Notificações
A PRF começou a notificação dos responsáveis ainda na noite de segunda-feira, e seguiu o trabalho na manhã de hoje (1), quando, em alguns locais, como em Passo Fundo, uma retroescavadeira foi utilizada para remoção do material que estava sendo queimado sobre as rodovias. Antes do meio dia a PRF já havia liberado o trânsito na BR 285 em Passo Fundo; BR 386 em Carazinho e BR 285 em Mato Castelhano. Muitos manifestantes permaneciam nos locais das mobilizações, porém, sem interromper o trânsito.
Gabinete de crise
O governador Ranolfo Vieira Júnior instalou, no fim da tarde de segunda-feira (31), um Gabinete de Crise para gerenciar a situação dos protestos. No começo da tarde foi emanada ordem pelo Comando da BM e Governo do Estado, conforme determinação judicial para liberação das rodovias estaduais.
Na região, além do trevo do Ricci, os maiores pontos de mobilizações em rodovias estaduais permaneciam na ERS 135, principal ligação entre Passo Fundo e Erechim, com três locais de interdição (Coxilha, Getúlio e Erechim). Nestes locais os manifestantes interromperam o trânsito com cargas de terra, e um caminhoneiro chegou a despejar uma carga de laranja sobre a rodovia.
Os manifestantes acreditavam que em função do feriado do Dia de Finados, a mobilização em apoio ao presidente Jair Bolsonaro, seria maior nesta quarta-feira (2).