Airton Dipp abre série de entrevistas com os candidatos a prefeito de Passo Fundo

“Estamos nos propondo a realizar uma administração com as entidades de Passo Fundo, com as instituições e com as pessoas”

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Em duas semanas, você eleitor terá nas mãos a chance de decidir os rumos da sua cidade. Aqueles em quem votar - para prefeito, vereador ou vereadora - terão o poder de lhe representar nas decisões importantes que impactarão na sua vida e de toda a comunidade nos próximos quatro anos. Com ‘a caneta na mão’, os políticos eleitos, representando o povo, criarão ou modificarão leis e definirão as prioridades para os investimentos dos recursos públicos, originados nos seus impostos. Antes do pleito, o momento é de conhecer as sugestões de cada um.

Com a proximidade das eleições municipais, marcadas para 06 de outubro, O Nacional publica a partir desta edição entrevistas com os três candidatos a prefeito de Passo Fundo, feitas ao vivo pela Rádio UPF. Entre os dias 17 e 19, durante 20 minutos, por ordem alfabética, Airton Dipp (PDT), Márcio Patussi (PL) e Pedro Almeida (PSD) responderam a questões sobre educação, saúde, mobilidade urbana, meio ambiente, entre outras. As entrevistas foram conduzidas pela jornalista Zulmara Colussi, e a publicação aqui ocorrerá nessa mesma ordem.

Para valorizar as informações passadas por cada candidato, O Nacional optou por publicar os textos em edições diferentes, disponibilizando mais espaço para cada um, e possibilitando, assim, um detalhamento maior de cada proposta ao eleitor.

 

“Estamos nos propondo a realizar uma administração com as entidades de Passo Fundo, com as instituições e com as pessoas”, Airton Dipp (PDT)

Candidato a vice-prefeito: Julio Stobbe (PT). Coligação Sim Passo Fundo Pode Mais, formada por PDT, Federação Brasil da Esperança - Fe Brasil (PT/PC do B/PV) e Federação PSOL/REDE.

Por que o eleitor de Passo Fundo deve votar no senhor para ser o futuro prefeito do município?

Nós, juntamente com o vice-prefeito, doutor Julio Stobbe, estamos nos propondo a realizar uma administração com as entidades de Passo Fundo, com as instituições e com as pessoas do município. Nós queremos manter permanentemente o diálogo para tomarmos decisões que possam atender projetos, as pessoas, nos mais diferentes locais, no centro, nos bairros, na periferia. Todos sabem que há uma diferença social muito grande em qualquer cidade de porte médio, e com este objetivo, com a experiência que eu tenho como ex-prefeito, engenheiro civil, e a experiência que o doutor Julio tem, especialmente, na área da saúde, nós entendemos que estamos preparados para contribuir com Passo Fundo. Tanto eu quanto o doutor Julio temos um projeto específico para Passo Fundo. Não estamos preocupados com o que irá acontecer depois de quatro anos, com a carreira política, até por tudo que já passamos na nossa atividade pública, e temos a certeza absoluta que os passo-fundenses estão examinando, vendo as propostas, conhecendo as pessoas, as referências de como elas trabalham ao longo da sua vida. Tenha certeza que estaremos nos próximos quatro anos desenvolvendo esse projeto muito importante para Passo Fundo.

Sobre educação, o que é mais urgente ser feito nessa área no município, caso o senhor seja eleito?

Entendemos que o mais importante de fato é qualificar a educação pública de Passo Fundo. Creches, educação infantil e ensino fundamental, que é responsabilidade do município, devem ser incrementadas. Queremos transformar a educação, as nossas escolas, em escolas de tempo integral, por vários motivos. Os alunos, principalmente, das periferias, têm que ter as mesmas condições dos alunos de outras zonas da cidade que têm um padrão de vida melhor, para que tenham as mesmas oportunidades no futuro, quando estarão buscando espaço no mercado de trabalho. Queremos escolas em tempo integral porque a merenda é fundamental nas escolas de periferia, em alguns bairros, para que elas possam se alimentar de forma condizente para realizar os seus estudos. E queremos a escola integral porque entendemos que as mães precisam contribuir com a renda familiar. Elas não podem trabalhar porque não têm onde deixar os seus filhos no turno inverso da escola. E se nós estendermos o acesso pela manhã, 7h, 7h30, o final da tarde, às 6h, as mães poderão trabalhar sabendo que os seus filhos estarão bem cuidados. E tudo isso será implantado, claro, gradativamente, iniciando de forma mais intensa nas creches, que é um ponto crítico, e é claro que teremos que reformar muitas escolas, construir algumas, para que as crianças estudem próximo de suas moradias.

A mobilidade urbana é um problema a ser resolvido em cidades de porte médio, como Passo Fundo. Inevitavelmente, o trânsito tranca, especialmente, em momentos de pico. Qual é a sua proposta nessa área?

A mobilidade, em primeiro lugar, tem que ser para o pedestre. Pessoas com deficiência física têm que ter acesso nas vias públicas, nas nossas calçadas, nas mais amplas regiões do município. Em segundo lugar, o transporte coletivo precisa ser qualificado. Nós queremos implantar a passagem integralizada. É uma passagem única que durante um período de uma hora e meia, duas horas poderá ser utilizada em qualquer linha. O que melhora utilizando uma passagem em várias linhas num período de tempo? Vamos reduzir as linhas no município, o tráfego de ônibus em vários pontos da cidade, principalmente no centro, porque não há mais a necessidade de ter lá do bairro Integração uma linha que traga até a universidade, ou que leve lá no shopping do bairro São Cristóvão, poderá ser feito com uma passagem. O trabalhador, o estudante, poderá utilizar uma, duas, três linhas para se deslocar. Isso é uma reorganização fundamental. E o principal projeto é a duplicação das perimetrais, significa que nós teremos segurança nas perimetrais, teremos intervenções com obras de engenharia em pontos-chaves como no bairro São José, na Caravela, teremos rótulas bem concebidas na Santa Marta, no José Alexandre Zachia, possivelmente aqui na universidade, e isso fará com que as pessoas comecem a utilizar a perimetral como via urbana, porque ela será tão ou mais segura que as ruas internas da nossa cidade. Isso vai melhorar, não vai resolver porque uma cidade de porte médio, com o crescimento de Passo Fundo, incrementando todos os dias com mais automóveis, não se resolve, mas se ameniza. E aí o centro da cidade terá uma circulação mais tranquila, porque não haverá mais necessidade de se deslocar do Boqueirão para a São Cristóvão ou para a UPF por dentro da cidade.

Em relação ao transporte público, ainda falta o edital para concessão do serviço. Qual o modelo que o senhor defende, e esse modelo tem subsídio?

Quando nós entregamos a Prefeitura em 2012 para o sucessor, já tínhamos o projeto de implantação da bilhetagem eletrônica, e passaram-se 12 anos e agora está sendo implementado. A segunda etapa era a passagem integralizada, para que com uma passagem pudesse fazer as linhas. A passagem única vai reorganizar as empresas concessionárias e nós queremos agilizar essa implantação. Quando agilizar a implantação, teremos que ver tecnicamente como isso será implementado. Se haverá ou não subsídio durante um período de reorganização de linhas, porque eu particularmente acredito que esse tipo de transporte vai favorecer o lucro das empresas concessionárias, porque hoje a demanda é muito pequena, pois torna-se caro pagar duas passagens para ir a um ponto da cidade, fazendo com que o pessoal utilize as alternativas, os aplicativos. Acho que será retomado o número de passageiros por quilômetro rodado, até porque as linhas serão menores, não ficarão vazios trechos de dois ou três quilômetros. O subsídio só será repassado para uma empresa se tiver um retorno claro de melhoria do transporte, na qualidade, no ar-condicionado, na agilidade de implantação desta passagem, enfim. Não é uma pré-decisão. Quando se fizer a licitação de concessão, nós vamos levar todas essas considerações e aí não é o prefeito, são os técnicos que vão ter que definir como vai funcionar. Mas, em princípio, eu sou favorável desde que haja algum retorno, por exemplo, sou favorável desde que a passagem fique gratuita também, que seria uma situação extrema. Só pra dizer que tudo tem que ser construído entre subsídio para atender demandas e manter, pelo menos, o lucro previsto aos concessionários, afinal de contas, nós estamos no Brasil, que é um país que tem sempre privilegiado também a iniciativa privada pelo seu trabalho.

 

Sobre a duplicação das perimetrais, qual é o papel da Prefeitura nessa questão, já que as perimetrais fazem parte de rodovias estaduais e dependem do governo estadual. O município entraria com recursos para ajudar na duplicação?

Com uma Prefeitura Municipal como é a de Passo Fundo, tão importante na região norte do estado e importantíssima agora com a tragédia climática no próprio Rio Grande do Sul, nós temos todas as condições de melhorarmos a logística da nossa cidade e a logística da nossa região. No aeroporto de Passo Fundo, a Prefeitura Municipal nunca injetou recurso. Ela fez valer a força política da cidade, a representação que tem um prefeito junto às autoridades e a importância do aeroporto para a região. O governo do estado tem obrigação de investir no aeroporto por tudo isso, senão para a economia regional. Quanto às perimetrais não é diferente, são importantíssimas para Passo Fundo e para a região. O governo federal, mesmo que não seja responsável pela ERS 324, tão somente pela BR 285, tem recursos concentrados dos tributos, eles vão colocar recursos para, com projetos do Dnit, Daer, resolver a questão logística. Claro que não ficará pronto em quatro anos, mas quero a partir do primeiro dia de governo ir a Brasília, para em primeiro lugar fazer o projeto acontecer imediatamente, em segundo que se faça a alocação dos recursos para a licitação, e talvez lá pelo segundo ou terceiro ano que se iniciem as obras. O dinheiro não é da prefeitura municipal, mas é possível o estado receber recursos federais para fazer a sua parte, é possível a prefeitura fazer alguma parceria pontual para uma intervenção, como em uma rotatória, nada impede parceria e convênios entre entes públicos. Agora, vamos buscar esse dinheiro junto ao governo federal. Disseram em um debate que o governo não põe dinheiro em Passo Fundo, como não? Está aí a escola técnica e profissionalizante, IFSUl, do governo federal, que buscamos por volta de 2005, a Faculdade de Medicina Pública, importante para a cidade, que o governo federal colocou recursos, a antiga BSBios, projeto do governo federal, recursos do BNDES. Existe falta de cobrança, de poder político do município para que as coisas aconteçam.

 

O senhor acredita no aquecimento global? E o que o município pode fazer para mitigar efeitos futuros?

Sim, totalmente. O município pode fazer a sua parte. Passo Fundo, graças a Deus, está em uma região do Planalto, não sofreu de forma geral na tragédia climática, algumas questões pontuais em vários bairros da cidade, estive visitando ocupações e outros locais já tradicionais aqui no bairro Petrópolis. Podemos fazer várias ações, sendo que a primeira delas em termos de meio ambiente é a preservação das nossas nascentes, programa que já foi implementado, e não sei como está hoje. A questão da mata ciliar junto aos nossos rios e riachos, ela é fundamental até para a retenção da água em processos de enchentes. A questão da poluição do ar, quem sabe numa licitação do transporte coletivo não se possa definir 10%, 15%, 20% com biocombustível, quem sabe uma porcentagem das linhas com sistema elétrico. O município precisa estar integrado para que o mundo não sofra com as questões climáticas, mas o mundo significa que também Passo Fundo não sofra. Nós estamos respirando ar há muitas semanas completamente impuro por queimadas que aconteceram lá no norte do país. Ninguém mais pode fechar os olhos sobre os efeitos climáticos. Vai ser importante uma parceria com a Universidade de Passo Fundo, que tem técnicos que conhecem essas questões. Que se possa fazer um programa permanente, um projeto de Estado ao longo dos próximos anos com a coordenação da Universidade de Passo Fundo.

Propostas à saúde e considerações finais:

Eu tenho anunciado que há um secretário somente definido se nós conseguirmos voltar a Prefeitura Municipal de Passo Fundo, que é o doutor Julio Stobbe. Um médico conceituado, com a visão bastante humanitária, e pós-graduado na área de emergência.

Acontece o seguinte na questão da saúde: o sistema único de saúde não funciona em Passo Fundo. Nós temos os dois melhores hospitais da região sul, mas não está funcionando porque a Prefeitura Municipal não faz a sua parte no atendimento básico, na média complexidade. Então, basicamente, nós precisamos retomar esse programa saúde da família, voltar a fazer com que o Hospital Municipal possa ser um acesso para a média complexidade, precisamos de uma unidade de pronto atendimento 24h, para aí sim encaminhar as situações ao hospital. Isso será feito com muita dedicação. Precisamos que os passo-fundenses acreditem que eu e o Dr. Julio estamos preparados e temos como único foco Passo Fundo nos próximos quatro anos, e queremos fazer um trabalho onde todos os passo-fundenses fiquem incluídos nos projetos de desenvolvimento econômico e social.

Não falei em geração de emprego e renda, mas nós temos uma tradição e um histórico nessa área e precisamos buscar novos empreendimentos, principalmente na área da inovação, da saúde, indústrias, com o programa Brasil Indústria, que é do Governo Federal. Nós estamos preparados e temos foco em Passo Fundo. 

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