EXCLUSIVO: A arma da Legalidade e outros achados de Brizola

A submetralhadora INA MB950 calibre .45 de fabricação nacional permaneceu com Brizola por muito tempo

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Exclusivo: a submetralhadora de Brizola - Foto – Cleber Dioni TentardiniExclusivo: a submetralhadora de Brizola - Foto – Cleber Dioni Tentardini
Exclusivo: a submetralhadora de Brizola - Foto – Cleber Dioni Tentardini
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Neste mês de agosto, quando é lembrado o Movimento da Legalidade, o maior acontecimento político que sacudiu o Brasil após a renúncia do presidente Jânio Quadros, em 1961, o jornalista Cleber Dioni Tentardini, que está concluindo uma biografia de Leonel Brizola, adianta com exclusividade para O Nacional que encontrou a histórica metralhadora com que o governador gaúcho se movimentava no Palácio Piratini. Está guardada em um cofre do Museu da Brigada Militar, em Porto Alegre e, em breve, entrará em exposição junto com outras peças utilizadas pela BM da época.

Submetralhadora

A submetralhadora INA MB950, cartucho calibre .45, de fabricação nacional permaneceu com Brizola por muito tempo, tendo sido guardada no Uruguai e, depois, trazida desmontada para Capital e devolvida para a Brigada Militar. O mesmo destino teve a farda da BM que o político usou quando fugiu de carro para Cidreira, no litoral gaúcho, para não ser preso após o golpe civil e militar em 1964. Mas as roupas militares não foram mais encontradas.

Carteira de jornalista

Outro achado que Tentardini antecipa, e que fará parte de seu livro No Fio da História – A vida de Leonel Brizola é a carteira de jornalista de Brizola, com registros no Ministério do Trabalho e na Associação Rio-grandense de Imprensa (ARI). Profissão que se soma a de técnico rural, engenheiro civil, deputado estadual e federal, prefeito e governador em dois estados. A carteira da ARI foi encontrada pela secretária da entidade, Simone Buchhorn, e pelo jornalista em um cofre junto com outras fichas de antigos sócios da entidade. Foi admitido em 17 de janeiro de 1957 sob a matrícula 181 e registro profissional de jornalista 966.

Jornal Clarim

O líder trabalhista foi diretor do jornal Clarim, que se transformou no veículo de propaganda das ideias do trabalhismo. O Museu de Comunicação do Estado Hipólito José da Costa possui apenas 17 edições do Clarim, um diário vespertino de formato tabloide, com 16 páginas, vendido a um cruzeiro, que nasceu e morreu em 1955. Chegou a ter uma tiragem de 36 mil exemplares, expressiva para a época. O diretor era Leonel Brizola, então deputado federal, e o redator-chefe era Raphael Veríssimo Azambuja. A sede do jornal era na Praça Senador Florêncio, 45, em Porto Alegre. Ali, trabalhavam nove repórteres e fotógrafos, entre eles Hamilton Chaves, Vânia de Oliveira, Carlos Contursi, Ruth Pechansky e José Augusto. Manchete contra Lacerda deixava claro seu alinhamento político com o PTB, e o inimigo que o jornal combateria abertamente: o governador Ildo Meneghetti.

Biografia será lançada este ano

 

O livro ‘No Fio da História – A vida de Leonel Brizola’ estará impresso nos próximos meses

 Uma obra recheada de curiosidades e dezenas de páginas ilustradas com fotos, charges e reproduções de jornais. Um trabalho jornalístico que permita entender melhor a trajetória desse personagem fascinante que foi o Brizola, diz o editor da obra, jornalista Elmar Bones da Costa. O livro de Cleber Dioni Tentardini resgata os pais de Brizola, passando pela adolescência em Passo Fundo e em Porto Alegre, o desempenho escolar e, depois, acadêmico, o início da vida política, os mandatos como deputado estadual e federal, as administrações em Porto Alegre e nos dois estados.

 Do adolescente ao exilado

O livro narra a luta do adolescente para sobreviver na cidade grande e sua obstinação pelos estudos, as amizades, o início do namoro com sua futura mulher, o primeiro contato com o trabalhismo, até se tornar um grande nome da política nacional. Também traz o depoimento de militares que acompanharam as últimas horas de Brizola em Porto Alegre, antes de se retirar para o litoral gaúcho vestido com uma farda de soldado da Brigada Militar e, em seguida para o Uruguai. A roupa e o capacete da BM, ele guardava em sua estância no Uruguai, como lembrança daqueles tempos sombrios.

Passo Fundo

O autor fez centenas de entrevistas, realizou demoradas pesquisas em Passo Fundo, Carazinho e Porto Alegre. Ouviu parentes (irmãos, principalmente), amigos, diretores de instituições de ensino onde estudou; correligionários e adversários políticos e alguns amigos de infância, algo que, até então, fora tratado com superficialidade e, naturalmente, com muitas informações desencontradas. Tentardini encontrou a senhora que acompanhou Brizola, com 14 anos, na viagem de trem até a Capital e lhe deu abrigo nos primeiros dias. O livro avança com recortes preciosos da atuação política de Brizola que tratam, por exemplo, dos boicotes que ele sofreu nos noticiários do principal jornal da família Marinho e de como o poderoso aparato do governo norte-americano monitorou de perto a vida do líder trabalhista.

 

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