A seleção brasileira, ao contrário da chegada, deixou Curitiba nos braços do povo, ou quase isso. Foram alguns poucos segundos, sem parada para fotos e autógrafos e com forte esquema de segurança, mas os jogadores foram muito festejados por uma multidão de torcedores — estimada em 1.000 pessoas pela Polícia Militar — que transformou o Aeroporto Internacional Afonso Pena, em Curitiba, num autêntico Maracanã, com direito a bandeiras e bateria. Exatamente às 12h50, o voo fretado partiu para fazer escala em Brasília, onde a delegação foi recebida pelo presidente Lula.
No saguão, as ‘kakazetes’, enfim, apareceram. Na tarde de terça-feira, primeiro dia em que Kaká foi a campo no centro de treinamento do Atlético-PR, os torcedores não tiveram acesso ao local. No aeroporto, as fãs, histéricas, gritavam para o craque do Real Madrid. Entre os homens e as crianças, Robinho novamente foi o jogador mais festejado.
Em recuperação de um estiramento na coxa esquerda, Kaká foi o único a trabalhar, ontem pela manhã, antes da viagem. O jogador, que inspira cuidados e tem recebido atenção especial da comissão técnica, fez um trabalho físico acompanhado do preparador Paulo Paixão. A tendência é que nos próximos dias o camisa 10 faça seu primeiro trabalho com bola desde que se apresentou à Seleção.
Os jogadores apenas acenaram para a torcida. A despedida foi breve, já que a delegação brasileira levou poucos segundos do saguão até a área de embarque. A torcedora Maria Neusa Rosas, de 59 anos, mostrou o sentimento do povo curitibano. “Vim me despedir da Seleção. Fui duas vezes ao CT e não consegui entrar. Espero mandar minha mensagem de apoio”, disse. Não conseguiu. Com a baixa estatura, a aposentada foi ‘engolida’ pelos torcedores mais afoitos.
Pouco antes do embarque, o atacante Ariel, destaque do Coritiba, apareceu no saguão e foi recebido aos gritos de ‘Segunda Divisão’ por torcedores do Atlético-PR.
A despedida de Curitiba deu início a um possível pacto de paz entre a torcida brasileira e Dunga. Na preparação, a relação foi de amor e ódio. Barrados e excluídos de alguns treinamentos, torcedores hostilizaram o treinador.
A Polícia Militar destacou 200 soldados para garantir a segurança no embarque da Seleção. Entre o apoio maciço, um cartaz isolado era exibido pelo estudante Bruno Fialho. Em duas cartolinas, ele escreveu: “Dunga, burro, muito burro”. Agora, é esperar para saber como será a recepção na viagem de volta.
NÚMEROS
1.000 torcedores
Compareceram ao Aeroporto Internacional Afonso Pena, em Curitiba, para a despedida dos jogadores da seleção brasileira.
200 policiais
Foram destacados para garantir a segurança da delegação e da multidão. Apesar do empurra-empurra, não houve confusão.
((((((((((((((OLHO -
‘Vim me despedir da seleção. Fui duas vezes ao CT e não consegui entrar. Espero mandar minha mensagem de apoio’.
MARIA NEUSA ROSAS
Torcedora de 59 anos, que, com baixa estatura, não conseguiu ver os jogadores no saguão
Breve e caloroso adeus
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