Depois do péssimo desempenho da seleção brasileira na estreia na Copa do Mundo da África do Sul, os titulares da magra vitória de 2 x 1 sobre a inexpressiva Coreia do Norte não foram a campo. E também não falaram. A entrevista coletiva prevista para depois do almoço foi suspensa, garantindo o silêncio tão sonhado por Dunga.
O técnico deixou os titulares fazendo um trabalho à parte na concentração do hotel The Fairway e fez questão de comandar o treino dos reservas, na Randburg High School. Esse grupo, por sinal, tem merecido atenção especial do treinador, cada vez mais determinado a dar variações de jogo à sua equipe.
A primeira partida da Seleção na Copa do Mundo foi, na verdade, a terceira no continente africano, levando-se em conta os amistosos contra o Zimbábue (dia 2) e a Tanzânia (7). E não há mais dúvidas em relação à preferência de Dunga para eventuais emergências: Daniel Alves é o reserva de luxo no meio-campo pouco inspirado da seleção brasileira. “Daniel Alves tem características semelhantes às do Elano”, disse o treinador, logo após o jogo de estreia, admitindo que o jogador do Barcelona é um trunfo no banco de reservas, por seu forte chute.
Ramires e Nilmar no mesmo caminho
Se Daniel Alves faz sombra a Elano, Felipe Melo é outro titular que tem um reserva da confiança total do treinador: Ramires. Contra a Tanzânia, o jogador do Benfica entrou no lugar de Felipe Melo, fez dois gols, e, ontem, Dunga repetiu a alteração. Contra a Costa do Marfim, domingo, Ramires será a carta na manga de Dunga, caso o meio-campo da seleção precise trocar contenção por desenvoltura. E ele vem treinando muito bem. “Lancei o Ramires para ganharmos mais velocidade”, disse Dunga, justificando a substituição do contestado Felipe Melo, após a vitória sobre os norte-coreanos.
Outro reserva que vem tendo espaço é Nilmar. É bem clara a preocupação de Dunga em manter o atacante no clima da Copa, já que Kaká e Luís Fabiano não estão jogando o futebol que deles se espera. Desde que a Seleção está na África, Nilmar já substituiu três jogadores: Robinho (contra o Zimbábue), Luís Fabiano (Tanzânia) e Kaká (Coreia do Norte). No último caso, Robinho foi recuado para fazer a função do craque do Real Madrid.
Dois ‘turistas’
Se Daniel Alves, Ramires e Nilmar estão sentados no banco, mas em alta com Dunga, dois reservas correm o risco de ser apenas ‘turistas’: Doni e Kleberson. Dos 23 jogadores, são os únicos que ainda não assinaram nenhuma das três súmulas de jogo desde que a Seleção chegou à África. O terceiro goleiro viu Gomes substituir Julio Cesar duas vezes, nos amistosos contra Zimbábue e Tanzânia. E Kleberson, por sua vez, está atrás até mesmo de Josué, que pelo menos substituiu Gilberto Silva, no amistoso contra os tanzanianos. Ou seja: Dunga já sabe o que fazer. Só falta agora o time jogar bola.
'Daniel Alves tem características semelhantes às do Elano. E lancei o Ramires para ganharmos mais velocidade' DUNGA Técnico da Seleção
