Dunga já sabe que a Seleção enfrentará a Holanda, mas não virou a página da vitória sobre o Chile. Para ele, ainda falta uma conversa com Kaká, que, depois de ser expulso no jogo contra a Costa do Marfim, levou ontem mais um cartão amarelo. O comportamento do ex-bom menino já começa a preocupar o treinador.
“Isso é um problema... Um jogador como o Kaká ficar pendurado... A gente tem que conversar com o Kaká. Mas ele já sabe, e se preocupa também”, disse Dunga.
Mesmo anunciando o tal puxão de orelha a ser dado em Kaká, Dunga ainda assim defendeu-o. Para ele, tem faltado critério aos árbitros.
“Isso é um equívoco nessa Copa. O jogador técnico é punido, e o que bate e faz faltas seguidas é agraciado. A gente está com três jogadores machucados, por pancada. É uma pena”, afirmou, lembrando as contusões de Felipe Melo, Elano e Julio Baptista.
O ímpeto de Kaká não é a única preocupação de Dunga nesta Copa. A partir de hoje, o que começa a incomodá-lo é a nova logística que a Seleção terá de adotar, por imposição da Fifa. Amanhã, a delegação se despede do Hotel The Fairway, no complexo de golfe que serviu-lhe de base, e não mais voltará para lá, mesmo que chegue à final da Copa do Mundo.
A partir de quinta-feira, em Porto Elizabeth, até o fim da participação na Copa, a Seleção terá de se hospedar em hotel designado pela Fifa.
“Isso interfere porque a gente estava bem acomodado no hotel, num ambiente saudável e favorável à preparação de uma seleção. Agora, a gente vai ter que conviver em hotel com mais gente, mais movimento e confusão. Mas temos que superar essa situação. Seria melhor permanecer no hotel onde a gente está porque tem as melhores condições de treinamento. Um atleta precisa ficar focado, concentrado só com os membros da Seleção, falando o dia todo sobre futebol, um ajudando o outro. Agora, vamos ter que passar para uma nova realidade”, lamentou.
A Holanda? Sim, ela também preocupa, ainda mais pelo estilo técnico, que faz o treinador compará-la aos vizinhos. “A Holanda faz ótimos jogos, tem grande técnica, assemelha-se às equipes sul-americanas. Tem tradição de formar boas seleções e jogar bem. Não é uma seleção que só marca. Tem jogadores de qualidade técnica”, disse Dunga, conhecedor do adversário que cruzou seu caminho em 94 e 98.
Para as quartas-de-final, Dunga não dá pistas sobre a escalação da Seleção, que talvez não possa contar ainda com Felipe Melo, machucado. E Ramires, cumprirá suspensão.
“Acabou o jogo agora. Deixa eu descansar um pouquinho”, disse Dunga, recomendando o mesmo para seus jogadores: “Eles têm que chegar no hotel e botar as pernas pra cima, não ficar no computador”.
Uma final antecipada
Os jogadores brasileiros estão encarando a partida desta sexta-feira, em Porto Elizabeth, como uma final antecipada da competição.
“A Holanda tem um time muito bom. Passar por eles será uma tarefa difícil, como para eles também será, pois enfrentar o Brasil nunca é fácil. Mas acredito que este será um belo jogo, e podemos dizer até que será uma final antecipada desta Copa”, afirmou o lateral Maicon.
Michel Bastos demonstrou preocupação com os adversários. “Vamos pegar uma seleção que é considerada uma das favoritas ao título. A gente tem que ter muita atenção na marcação, principalmente com o Sneijder e o Van Persie que são muito perigosos”.
Luís Fabiano espera um grande jogo. “Pelas tradições das seleções, tenho certeza que será um grande jogo. Mas espero que eles joguem contra a gente da maneira que vêm jogando as outras partidas, atacando, indo pra cima, porque é assim que gostamos de jogar. E jogando de igual pra igual, o Brasil é mais perigoso”, garantiu o ‘Fabuloso’.
Decepção na cara de bielsa
Marcelo Bielsa nem conseguia levantar os olhos durante a entrevista após a eliminação do Chile. ‘El Loco’ olhava para a mesa e não encarava os repórteres que lhe faziam perguntas. Estava arrasado, principalmente pelo placar elástico de 3 a 0.
“Eu tinha expectativas maiores. Pensei que poderíamos jogar de igual para igual com o Brasil. Estou decepcionado”, lamentou.
O argentino Bielsa não quis falar sobre o futuro. Sem anunciar se permaneceria ou não à frente da seleção chilena, preferiu fazer um balanço da passagem do Chile pela Copa do Mundo.
“Pode-se dizer que perdemos para o Brasil e para a Espanha e só ganhamos de Honduras e Suíça. Mas pode-se também fazer a leitura de que nos classificamos para a segunda fase. Vejo como positiva a nossa passagem”, disse.
Bielsa achou justa a vitória brasileira. “Talvez, poderia ter sido por um placar menor. Constatamos a superioridade do Brasil. Criamos lances de perigo, mas sem chutar ao gol”.
Um puxão de orelha no bom menino
Dunga diz que Kaká tem sido vítima dos maus árbitros, mas vai conversar sobre os cartões
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