Não repetir erros

Presidente do Passo Fundo revela dívida com o futebol de 2010 e fala em lições deste ano para a primeira divisão voltar ao Vermelhão da Serra

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Marcelo Alexandre Becker/ON

A atual diretoria do Esporte Clube Passo Fundo, que tomou posse em julho de 2009, quando o Vermelhão da Serra estava sem comando, trabalhou muito nos bastidores a fim de que a volta para as atividades de futebol profissional fosse com êxito, ou seja, ser, pelo menos, um dos quatro finalistas no Campeonato Gaúcho da Segunda Divisão. Para isso, ainda em outubro foi formada a comissão técnica e contratados muitos jogadores para um campeonato que só começaria no final de janeiro. Este foi um dos erros do clube apontado pelo presidente Carlos Augustos Castro, em entrevista para ON. O presidente disse ainda que, depois de um começo errado, o custo do futebol no Vermelhão da Serra acabou ultrapassando muito o valor pensado para o semestre, o que fez os diretores do Tricolor decidirem, mais uma vez, que o momento é de parar, colocar a casa em ordem para que, em 2011, o projeto de voltar à primeira divisão possa enfim ser completado, com ele como presidente ou não, já que existe a possibilidade do clube ter eleições ainda este ano.

Erro por inexperiência
Uma das palavras da moda no futebol moderno é planejamento. Assim a diretoria do Passo Fundo acreditou que montando o seu elenco com antecedência poderia ter alguma vantagem em relação aos seus adversários. Assim, quando o plantel começou a ser feito em outubro do ano passado, tendo como técnico Paulo Sérgio Poletto, o Passo Fundo parecia mesmo estar largando na frente, mas não foi isso que aconteceu. "Nos pareceu a coisa mais certa do mundo estar com comissão técnica e um grupo de jogadores já trabalhando três meses antes do campeonato. Olhávamos para os outros times e não tinha nada disso. Achamos estar fazendo a coisa certa, mas não estávamos", disse Castro, que falou que isso aconteceu devido a uma certa inexperiência no futebol. "Está sendo a minha primeira vez trabalhando no futebol e apesar de pouco tempo já vi que cometi erros que certamente não voltarei a cometer".

Divida de mais de R$ 100 mil
Depois de três meses de campeonato, três técnicos diferentes e contratações para suprir erros iniciais, o Passo Fundo fechou o primeiro semestre com uma dívida de mais de R$ 100 mil, e segundo o presidente Carlos Castro, é este o grande motivo do clube não participar da Copa RS, que começa no dia 15 de agosto. "A necessidade do momento do time, que ia avançando no campeonato e a gente via que precisava de reforços, nos fez gastar demais. Mas não é nem isso que foi o nosso maior problema. Eu afirmo que se não tivéssemos gasto o dinheiro que foi investido nos três meses antes do campeonato começar, estaríamos disputando a RS". Castro disse ainda que por falta de avaliação algumas contratações acabaram não correspondendo. "Os dois times que subiram para a primeira divisão tinham uma folha de pagamento muito menor do que a nossa. Aliás, se formarmos uma seleção com os melhores jogadores da Segundona 2010, teremos um time melhor que formamos e muito mais barato. Agora é fácil falar, mas temos que admitir que cometemos erros que não podemos repetir." Ainda sobre a divida proveniente do futebol profissional em 2010, o presidente disse que o clube já está acertando com os credores. "Estamos regularizando tudo. Acredito que em outubro estaremos zerados em relação a isso, para então começarmos a pensar no futebol novamente. Precisamos recuperar o fôlego, o ânimo. O Passo Fundo precisa voltar à primeira divisão e é com trabalho que isso vai acontecer".

Trabalhar para o Passo Fundo
Castro disse ainda que um dos grandes problemas enfrentado por todos na diretoria é a falta de tempo de se dedicar para o clube. Segundo o presidente, o ideal seria que uma pessoa pudesse dedicar-se totalmente ao Passo Fundo, mas isto não é possível. "Na verdade o que precisaríamos era de um gerente de futebol remunerado. Uma pessoa que trabalhasse só para o clube. Eu, como os outros membros da diretoria, tenho a minha vida, a minha empresa, e por mais que nos esforcemos, não temos como dar a atenção que o clube precisa." Mas em contrapartida a essa necessidade, Castro avalia que ainda não será desta vez que o Passo Fundo terá um gerente de futebol remunerado. "Existem muitas coisas em um clube que não são muito fáceis de conduzir. Para termos um gerente, vamos precisar ter alguém de confiança e capacidade, e isso certamente terá um custo elevado. Além de que também teríamos que aprender a deixar uma certa vaidade de lado para que está pessoa trabalhasse livremente."

Planejamento para 2011
Para finalizar Castro afirmou que todos os esforços serão feitos novamente para que o time seja forte em 2011. "Não vamos abandonar o nosso sonho. Vamos trabalhar, não repetir erros e buscar a primeira divisão." Carlos Augusto Castro informou ainda que, como sua diretoria é considerada "mandato tampão", já que quando assumiu o clube estava sem presidente, poderá não estar no ano que vem no comando do Vermelhão da Serra, mas isso não pode impedir que o Passo Fundo se organize desde já. "Nos anos pares temos eleições no Passo Fundo, e como a nossa diretoria assumiu num período onde o clube não tinha ninguém, os conselheiros irão votar se teremos ou não uma eleição este ano. Mas mesmo se tivermos eleições aqui, no Passo Fundo não existe oposição, todos querem o clube forte, todos remam para o mesmo lado."

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