Marcelo Alexandre Becker/ON
A seleção brasileira de vôlei realmente está acostumando mal (ou bem) o torcedor brasileiro. Entra geração sai geração e os comandados de Bernardinho continuam vencendo, seguem ganhando títulos. Isso mais uma vez pôde ser visto no domingo passado, quando com uma vitória por 3 sets a 1 o Brasil conquistou a Liga Mundial de vôlei pela nona vez.
Aproveitando a rápida folga, já que deverá voltar aos treinos já nesta semana, o ponta Murilo Endres falou sobre mais esta conquista, que além de consolidar a atual geração como uma realidade em vitórias no mundo do vôlei, teve o próprio Murilo desempenhando papel de líder. Ele também foi eleito o MVP (em inglês Most Valuable Player, em português nada mais do que "O cara") da competição. Confira a conversa:
Liga Mundial 2010, a pressão aumentou
Segundo Murilo, a Liga Mundial deste ano foi bem parecida com a do ano passado, onde uma nova geração, a pós-Olimpíadas de Pequim, foi para a quadra. "Depois das Olimpíadas muitos jogadores deixaram a seleção, como o caso do próprio Gustavo, Marcelinho, André Eller... jogadores consagrados, titulares. E então mudamos algumas peças, tipo o levantador, que é uma posição crítica de ser mudada e o Bruninho entrou bem. Naquela Liga ficou o Rodrigão, eu e o Giba da geração anterior e conseguimos vencer os três campeonatos que disputamos." Com o sucesso desta nova geração, o passo-fundense disse que para a Liga Mundial 2010 todos sentiram que a pressão pelo título aumentou. "Única coisa que senti de diferente este ano foi que tivemos uma pressão maior pela conquista. Não sei bem os motivos disso, pode ser devido ao fato de no ano passado empatamos com a Itália em títulos desta competição e poderíamos agora passar, como passamos, se era por ser ano de Mundial ou até mesmo por jogar a fase final na Argentina, mas sentíamos uma obrigação maior por vitórias." Murilo falou ainda que por esta pressão a mais fez com que o Brasil não começasse tão bem a fase final da Liga Mundial, quando o Brasil venceu a Argentina por 3 sets a 2. "Esta pressão nos atrapalhou de alguma forma... a gente esperava um jogo duro contra a Argentina, que escolheu estrear contra a gente, que jogava em casa, mas mesmo não muito bem, vencemos e ficamos mais tranqüilos."
O jogo-chave para a conquista
Geralmente em conquistas grandiosas existem partidas-chave e que nem sempre são as finais. E para a seleção brasileira liderada por Murilo na Liga Mundial 2010 foi a partida contra a Sérvia, onde o Brasil venceu novamente por 3 sets a dois. Ou melhor, foi a reunião depois deste jogo. "Depois da vitória contra a Sérvia nós nos reunimos, só os jogadores, sem o Bernardinho, e falamos sobre a pressão que cada um estava carregando... algo que partia de nós mesmo e notamos que faltava aquele modo alegre de jogar que caracteriza a nossa equipe. Então nessa conversa cada um falou um pouco, disse o que estava sentindo e o grupo se fortaleceu muito. Aponto este fato como ponto-chave para a nossa conquista. Foi um negócio bem de grupo, e foi ali que tiramos um pouco deste peso, e já fizemos um bom jogo contra Cuba e depois na final contra a Rússia (ambos os jogos o Brasil venceu por 3 sets a 1)."
Ser MVP
O título de MVP de uma competição é o maior prêmio que um atleta pode ganhar de forma individual. Murilo, que para muitos já merecia este título na Liga do ano passado, foi eleito este ano sem contestações. "Ano passado falaram que eu merecia, mas acho que o Serginho conquistou este título que premiou toda a carreira dele como líbero e também a história de vida dele. Este ano, quando chegamos para a fase final em Córdoba (na Argentina), eu li algumas reportagens que me apontavam como o favorito deste ano, onde até o Naulbert citou que, se o Brasil fosse campeão, eu seria o MVP. Isso de certa forma colocou mais uma responsabilidade em mim, pois eu sabia que seria muito cobrado. Apesar disso, pensei em jogar para o grupo, fazer o meu melhor com a certeza de que, se eu merecesse ser o MVP, no final o prêmio seria meu." Murilo disse ainda que a conquista individual veio premiar toda a campanha da Liga Mundial 2010. "Joguei todos os jogos da Liga Mundial, perdemos só uma partida, e por isso penso que a regularidade me fez ser o MVP."
Seleção sem limite
A seleção brasileira de vôlei a cada ano que passa supera adversários e recordes. Assim, a pergunta que fica é: qual é o limite desta equipe? Murilo responde. "É difícil responder... é complicado... estamos todos muito felizes com este título, mas mais uma vez 'colocamos uma mira na nossa apropria cabeça', pois se alguém tinha dúvida quanto a essa geração, agora não tem mais, e vai cobrar mais conquistas, sempre. Sabemos da nossa responsabilidade, não é mais uma seleção renovada, é uma realidade, vamos ter que mostrar mais e mais para provar que somos capazes de continuar vencendo."
A seleção de Murilo
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