Hoje é o dia. Hoje é o dia em que metade do Estado usa a mesma cor, pensa na mesma coisa e sente o mesmo frio na barriga. Hoje é o dia de a outra metade do Estado usar qualquer cor, pensar na mesma coisa que a outra metade e sentir o mesmo frio na barriga que a outra metade. Hoje é o dia da grande final da Libertadores da América, e enquanto colorados esperam ansiosamente a decisão, do outro lado os gremistas representam a torcida do Chivas no Brasil.
Cheiram a tinta fresca as lembranças do Inter sobre o título da Libertadores de 2006. E eis que surge a oportunidade do bi. No placar, a vantagem de 2 x 1 para o Internacional, sem a regulamentação do gol fora de casa, a equipe colorada precisa do empate para erguer a taça pela segunda vez, uma vitória simples do Chivas, leva a disputa aos pênaltis. Os últimos 90 minutos serão decididos esta noite, às 22h, no Beira-Rio.
Preparação
O técnico do Inter, Celso Roth, fechou a primeira parte do treino ontem, no Beira-Rio. Foi quando ele orientou os aspectos técnicos e táticos da equipe. Depois, os portões do estádio foram abertos para o tradicional treino recreativo de véspera de jogos. Guiñazu não esteve presente. O argentino sofreu um entorse no tornozelo esquerdo. O departamento médico ainda vai se pronunciar sobre sua situação. Inicialmente, não é problema e deve entrar em campo. A boa notícia foi a presença, pelo menos no recreativo, do centroavante Alecsandro, o jogador que mais preocupava o departamento médico vermelho. Ele sentiu problema muscular na coxa direita no primeiro jogo da decisão. Sandro e Tinga também treinaram normalmente. O volante teve um leve desconforto na coxa esquerda e o meia sentiu dores na perna direita.
Retrospectiva
A trajetória do Inter até a final foi bastante emocionante. Gol nos últimos segundos de classificação no limite do placar, idas e vindas que deixaram os torcedores no limiar do suportável. Talvez não tenha sido uma caminhada tão bonita quanto a de 2006, mas certamente foi mais excitante.
11 de março
Segundo jogo da Libertadores, contra o Deportivo Quito. Em um lance, Abbondanzieri saiu na bola, agarrou-a com duas mãos e levou um encontrão do atacante Pirchio. Falta para o Inter, claro. Que nada. O árbitro colombiano José Buitrago marcou pênalti para o Deportivo Quito. Foi aí que valeu a experiência de Abbondanzieri. Em vez de tentar levantar o árbitro pelas orelhas e arremessá-lo para fora do estádio, o goleiro caminhou até o bandeirinha. Falou em seu ouvido, cheio de argumentos, totalmente persuasivo, e deu certo. O auxiliar chamou o juiz, que anulou o lance. O Inter empatou a partida, resultado que facilitou a futura classificação para as oitavas de final da Libertadores.
22 de março
Pelos palpites e combinações de resultados prováveis, o Inter enfrentaria o perigoso Cruzeiro nas oitavas, mas um gol do Giuliano, aos 47 minutos do segundo tempo, engrossou o placar para 3 x 0 sobre o mesmo Deportivo Quito, tirou do caminho a forte equipe do Cruzeiro e definiu o Banfield como adversário.
06 de maio
Walter era conhecido como fujão e problemático, nem sempre rendia como a capacidade prometia. Mas valeu a pena, pelo menos por uma noite, ter o atacante no elenco. Foi dele o gol que colocou o colorado nas quartas de final da Libertadores. O Inter havia levado 3 x 1 do Banfield no primeiro jogo, na Argentina. Precisava fazer 2 a 0 na segunda partida, no Beira-Rio. Alecsandro, ainda na etapa inicial, abriu o placar. E aí apareceu Walter. D'Alessandro deu um toque lateral, Fabiano Eller apareceu para cruzar, o jovem atacante surgiu para completar. Era só esperar o tempo passar: o Inter estava classificado.
20 de maio
Um torcedor do Estudiantes, com as mãos na cabeça, deixou a arquibancada e rumou para fora do estádio Centenário, em Quilmes, enquanto Giuliano dava pulos de alegria perto dele. "Sempre no final! Sempre no final, c...!", esbravejou o fã de Verón diante do gol do talismã colorado. Tinha de esbravejar mesmo. O Estudiantes já tinha perdido a Sul-Americana para o Inter e o Mundial para o Barcelona com gols no final. E sofreu do mesmo veneno. Aos 43 minutos do segundo tempo, Giuliano matou o atual campeão da América. A vitória por 1 x 0 no Beira-Rio fazia daquele 2 x 1 na Argentina um resultado aceitável. E assim foi. Giuliano, sempre ele, foi quem colocou o Inter nas semifinais.
05 de agosto
Uma flecha envenenada acertou o calcanhar de Aquiles e provocou sua morte. Um chute venenoso de D'Alessandro encontrou o calcanhar de Alecsandro e provocou a morte do São Paulo na Libertadores 2010. Foi no Morumbi que o Inter empatou o jogo em 1 x 1 para evitar os pênaltis. O colorado ainda levou o segundo gol, mas graças a um calcanhar, o time cravou a classificação a final, que se decide hoje.
90 minutos
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