Por Juliana Acco
Classificado para o Mundial de Clubes pela segunda vez, número de torcedores passo-fundenses que irá viajar para ver o Inter é cinco vezes maior que em 2006.
Na noite do dia 28 de julho, uma quarta-feira, pouco mais de 48 mil torcedores estavam presentes no estádio Beira-Rio, em Porto Alegre, para ver ao vivo a disputa entre dois dos maiores clubes brasileiros de futebol. Internacional e São Paulo se enfrentavam pelo jogo de ida da semifinal da Libertadores da América. Quem levasse a melhor não estava apenas com uma mão na taça da competição, mas também com o passaporte carimbado aos Emirados Árabes, com destino a Abu Dhabi, em dezembro.
No jogo os rivais paulistas se mantiveram defensivos rebatendo os tiros do ataque Colorado o tempo todo, até que aos 22 minutos da etapa final, o estrelado Giuliano deu o bote certeiro para começar a caminhada vermelha até o cobiçado Mundial de Clubes da FIFA. O resto da história todo mundo conhece. O Internacional nem precisava do título continental para marcar o compromisso no final do ano com o xará de Milão, considerando que a Confederação das Américas do Norte, Central e do Caribe de Futebol (Concacaf) em que o rival Chivas faz parte, já tinha seu representante no evento mundial.
Nem os Colorados mais confiantes esperavam um retorno à competição da FIFA em um espaço de tempo tão curto. Há quatro anos a equipe conquistava pela primeira vez na história do clube um título que fizesse jus ao nome Internacional. Sobre o mesmo São Paulo, o elenco liderado por Abel Braga conquistou a América, para meses depois viajar para o outro lado do planeta e derrotar o todo poderoso Campeão da UEFA, Barcelona, e alcançar a glória mais alta do futebol de clubes.
Devido à distância geográfica e à lógica necessidade financeira, poucos torcedores - ao todo cerca de mil - foram até o Japão acompanhar a equipe no Estádio Internacional de Yokohama, para ver ao vivo, aos 36 minutos do segundo tempo, o gol mais importante da história colorada, marcado por Adriano Gabiru.
Agora em 2010 a situação mudou. Com as partidas marcadas para os dias 8 a 18 de dezembro em Abu Dhabi, capital dos Emirados Árabes, muitos torcedores inspirados na conquista de 2006 já estão fazendo as malas com destino ao Oriente Médio.
Só em Passo Fundo, até o momento, a estimativa é de que 150 torcedores viajem a Abu Dhabi para ver o Internacional em dezembro. Como é o caso do juiz porto-alegrense Dalmir Franklin Júnior de Oliveira, que atualmente reside em Passo Fundo. Dalmir esteve presente na competição do Japão em 2006, acompanhado do irmão e da mãe, e agora já está com ingressos e passagem na mão para ir novamente com um amigo até os Emirados Árabes, onde já esteve em 2008 na conquista Colorada da Dubai Cup, justamente sobre o atual rival europeu Internazionale de Milão. Conversando com o ON, ele contou como foi a experiência há quatro anos e as expectativas do possível bicampeonato mundial em 2010.
"Tenho que ir pro Japão"
- Em 2006 fui até São Paulo ver o primeiro jogo da final no Morumbi, foi uma partida inesquecível com dois gols do Sóbis. Foram dois voos fretados e eu estava no mesmo avião onde estava a delegação do Inter, foi uma experiência emocionante porque o avião estava lotado com a torcida junto, parecia que estávamos dentro do estádio. Depois voltamos a Porto Alegre e fomos campeões. Foi quando meu irmão me falou 'vamos para o Japão', e naquele momento não existia essa possibilidade, porque o era muito longe e muito caro. Então quando chegou o mês de outubro, me bateu um desespero e eu comecei a pensar que eu tinha que ir ver o Inter e na última hora fomos atrás dos pacotes e acabamos indo até o Japão.
Antes de encarar o Barcelona
- As agências de turismo colocaram quase todos os torcedores do Inter no mesmo hotel em Tóquio, então era festa o tempo todo. Nosso primeiro jogo foi contra o Al-Ahly, que era o representante da Confederação Africana. Estava chovendo, foi um jogo bastante complicado porque a gente saiu ganhando, mas houve o empate e só no final conseguimos a vitória. Alguns torcedores do Inter foram ver o jogo da semifinal do Barcelona contra o América do México. E a equipe espanhola deu um banho de bola nos mexicanos, num placar de 4 x 0. Depois a gente conversou com esses torcedores que estavam apavorados. O Ronaldinho e o Deco jogaram muito e então ficou toda aquela apreensão de enfrentar eles na final. A gente nunca sabe o que pode acontecer em uma partida de futebol, você viaja até o outro lado do mundo para ver seu time e de repente poderíamos tomar uma goleada. Seria muito triste, mas apesar disso estávamos muito confiantes, afinal viajar até lá pensando que a equipe iria perder não teria lógica. Apoiamos o time o tempo todo, na verdade, nós não sabíamos muito bem como iríamos fazer essa manifestação de apoio, mas no fim compramos um tambor e fazíamos festa do lado de fora do estádio antes dos jogos. Depois fundamos a partir deste tambor a confraria Tambores de Yokohama. Calculando os oito dias que fiquei em Tóquio, eu devo ter dormido umas 15 horas no total. A gente passava fazendo festa com a torcida, então tivemos contato com os espanhóis, a flauta acontecia, mas tudo numa boa.
Inter Campeão Mundial
- A emoção foi indescritível. Depois do jogo, a torcida não queria mais sair do estádio, foi uma emoção muito grande. Principalmente porque o gol veio no fim. Como a gente atrasou a volta ao Brasil, ficando alguns dias na África do Sul, nós não tínhamos muita ideia de como estava a repercussão no Brasil. Lá na África, eles gostam muito de futebol, principalmente porque estavam se preparando para a Copa do Mundo. Então tudo que eu tinha de objetos do Inter, tive que entregar para os sul-africanos, que sempre me perguntavam como a gente tinha conseguido ganhar do Barcelona. Foi impressionante. Eu só fui sentir a sensação de Campeão do Mundo, quando desembarcamos no Brasil, foi quando caiu a ficha. Antes de vir a Passo Fundo, eu morava na zona sul em Porto Alegre, relativamente perto do Beira-Rio, então a emoção de passar por essa experiência foi indescritível. Eu sempre fui muito de ir ao estádio, inclusive na época ruim, na década de 80 e 90, em que o Inter não ganhou nenhum título expressivo. Quando o Grêmio ganhou a Copa Intercontinental eu era muito pequeno, mas lembro de alguma coisa e a gente convivia com os gremistas sempre repetindo "o campeão do mundo", até que um dia a gente conquistou o mundial.
Abu Dhabi 2010
- O Internacional já me proporcionou muitos destinos. Além do Japão, fui até Guadalajara, no México, na final da Libertadores contra o Chivas, fui a Dubai em 2008, na Dubai Cup, em que jogamos com a Inter de Milão e fui a Quito, no Equador, na disputa da Recopa. Na situação lá no México contra o Chivas, em que o Inter já estava classificado para o Mundial, o pessoal estava falando em ir para Abu Dhabi. Pessoalmente eu não estava pensando em ir, porque já havia ido a Dubai em 2008 e além de ver a competição, aproveitei para conhecer o lugar. Então eu só voltaria aos Emirados Árabes se fosse para conhecer algum outro lugar, até porque os preços dos pacotes estão mais caros que em 2008. Foi então que um amigo me ligou dizendo que já tinha comprado os ingressos no site da FIFA, esse foi o empurrão que me fez decidir ir novamente ver o Inter no Mundial, aproveitando para conhecer Istambul na Turquia. Estamos vendo as passagens e reserva do hotel com auxílio da CI aqui em Passo Fundo e agora é só esperar chegar dezembro.
Bicampeonato
- Eu acredito que o Inter tem tantas chances quanto teve em 2006. O futebol sul-americano é muito forte. Vão ser jogos complicados, mas temos chances sim. Primeiro temos que vencer a semifinal, provavelmente contra o Pachuca, que ainda vai disputar as quartas e claro a final contra o Inter de Milão - como sempre acontece final sul-americana e europeia - acredito que será uma disputa de igual para igual. Temos grandes jogadores argentinos, como D'Alessandro e Guiñazu, que sempre têm muita força nessas competições e vão nos ajudar bastante.
O Mundial de Clubes é um campeonato diferente. Por exemplo, a Copa do Mundo, em que são seleções disputando entre elas um título. Já no mundial, são grandes clubes, com um elenco diversificado de várias partes do mundo. Principalmente na Europa, os clubes são uma junção de grandes jogadores de várias seleções, posso até dizer que existe um nível técnico maior que na Copa do Mundo.
Agências de turismo de Passo Fundo estão oferecendo várias opções de pacotes para os torcedores Colorados e afirmam que a procura está cinco vezes maior que em 2006 no Japão.
Confira algumas opções:
Central de Intercâmbio Passo Fundo
Opção 1 - Pacote com 8 noites de hospedagem, via África do Sul. Inclui passagem aérea ida e volta com embarque em Porto Alegre, city-tour em Dubai e em Abu Dhabi, Safári no deserto com jantar, traslados, visto de entrada para os Emirados Árabes, ingressos para os jogos e seguro de saúde. A partir de U$ 4.650,00 + taxas por passageiro em apto duplo.
Opção 2 - Pacote de 14 noites de hospedagem, via Istambul (Turquia). Inclui passagem aérea ida e volta com embarque em Porto Alegre, city-tour em Dubai e em Istambul, traslados, seguro saúde e camiseta personalizada. A partir de U$ 4.750,00 por passageiro em apto duplo.
Opção 3 - Pacote de 9 noites de hospedagem, via África do Sul. Inclui passagem aérea ida e volta com embarque em Guarulhos, visto de entrada para os Emirados Árabes, traslados e seguro saúde. A partir de U$ 4.068,00 + taxas por passageiro em apto duplo.
Opção 4 - Pacote de 8 noites, via Frankfurt (Alemanha). Inclui passagem aérea ida e volta com embarque em Porto Alegre, city-tour em Dubai, traslados, visto de entrada para os Emirados Árabes, ingressos para os jogos, seguro saúde, guias em português e um jantar especial. A partir de R$ 9.000,00 + taxas por passageiro em apto duplo.
* Todos os pacotes possuem lugares limitados. Disponibilidade e valores sujeitos a alteração sem aviso prévio.
Além destes pacotes, a CI oferece reserva de passagem e hotéis nas categorias escolhidas pelo viajante sem os demais serviços inclusos. Nesta opção, o pacote com passagem aérea e hospedagem está saindo a partir de U$ 3.500,00 por pessoa.
Embarke Passo Fundo
Opção 1 - Pacote Completo: Inclui passagem aérea ida e volta, visto de entrada para os Emirados Árabes, traslados e seguro saúde, hospedagem e ingressos. Valor por pessoa aproximado R$ 8.300,00 * (varia de acordo com a Cia aérea e com os serviços e quantidade de noites).
Opção 2 - Passagem + Hospedagem = R$ 5.500,00 * (varia de acordo com a Cia aérea e com os serviços e quantidade de noites).