Marcelo Alexandre Becker/ON
Ser jovem, bom atleta e ganhar títulos. Nada disso parece ser importante quando se fala de apoio para Maicon Mancuso, passo-fundense que recentemente foi medalha de bronze no Sul-Americano de Atletismo disputado em Santiago, capital chilena. Assim, o jornal O Nacional mostra mais uma história que aponta um cenário desolador para quem tenta viver do esporte em Passo Fundo, cidade que tem muitos talentos, mais não dá o tratamento que estes vencedores em suas modalidades, e também na vida, merecem. Com isso, Maicon, aos 17 anos já prevê o que o futuro como atleta lhe reserva: “infelizmente vejo que vou ter que sair de Passo Fundo”.
Incentivadores
Morador do Bairro Alexandre Zacchia, apesar da pouca idade que tem, Maicon já chegou a um estágio que, autenticado pelos títulos – campeão brasileiro sub-18 para 3 mil metros, e medalha de bronze no Sul-Americano na mesma categoria, além de várias conquistas em campeonatos estaduais, e provas municipais -, o atleta não esquece dos seus principais incentivadores. “Meu pai e meu treinador, o professor José Florenal me dão muita força. O pessoal aqui do bairro, o clube 13 de Abril, devo muito a eles”, falou o jovem que fez questão de ressaltar que o seu maior ídolo no atletismo é Haile Gebrselassie, corredor etíope de longa distância, considerado um dos maiores fundistas da história. “Admiro ele, não só pelo fato de ser um mito no meu esporte, mas também por sua história de vida. O Haile é um cara que teve que superar muitos obstáculos para ser um vencedor, por isso o admiro, e o tenho como exemplo.”
O dia-a-dia
Um corredor fundista não tem descanso. Maicon Mancuso tenta conciliar treinos, competições e o estudo. Ele está no terceiro ano do ensino médio. “Eu treino todo dia. Nas terças e sábados na pista da UPF, e nos demais é aqui no bairro mesmo”. Além de ser atleta profissional, Maicon pensa também em formação de ensino superior. “Pretendo fazer educação física. Estou concluindo o ensino médio, e poderei cursar o ensino superior através de uma bolsa que algumas universidades oferecem para atletas, mas infelizmente vejo que vou ter que sair de Passo Fundo”.
A falta de apoio
Para falar de patrocínios e apoio, Maicon lembra o caso da passo-fundense Rosa Jussara, que teve reconhecimento das empresas e instituições da cidade, estudou aqui, mas competia por outra universidade. “A Rosa (Jussara) é uma atleta de alto nível, mas o que ela fez? Ela estudou aqui, pagou a sua faculdade em Passo Fundo, mas não recebeu apoio daqui. Sendo que então ela competia como atleta de instituições de Canoas e Caxias do Sul. Por isso penso que vou ter que sair de Passo fundo. A UCS (Universidade de Caxias do Sul) tem esse projeto que faz com que a gente represente a instituição em competições, e em troca eles oferecem bolsa de estudo e ajuda de custo. Em Passo Fundo os esportistas não recebem reconhecimento que merecem. O meu sonho sempre foi levar o nome da minha cidade para todos os campeonatos, mas não sei se isso vai acontecer”, concluiu Maicon Mancuso.
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