HSVP é o comprador do patrimônio do Sport Club Gaúcho

Anúncio foi feito em entrevista coletiva na tarde desta quarta-feira no Ministério Público Estadual. Hospital comprou a área por R$ 8,6 milhões

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O Hospital São Vicente de Paulo adquiriu o Estádio Wolmar Salton pelo valor de R$ 8,6 milhões. O anúncio foi feito na tarde desta quarta-feira, no auditório do Ministério Público Estadual de Passo Fundo. O montante, que será pago num total de seis parcelas, vai servir para beneficiar o jovem Alexsandro Paz Dikeh, de 26 anos, que, no ano de 1998, quando tinha apenas 12 anos de idade sofreu um acidente na piscina do Sport Club Gaúcho e hoje está interditado pela justiça, além de outros credores do clube. 

O que sobrar deve ser revertido ao Sport Club Gaúcho, para que possa iniciar a construção seu novo estádio, num terreno cedido pelo município, localizado próximo ao Ginásio Teixeirinha, também no bairro Boqueirão. O presidente do S.C. Gaúcho, Gilmar Rosso, o promotor de justiça Mário Guadagnin, o presidente do HSVP, Décio Ramos de Lima e os advogados Cássio Moreira e José Alexandre dos Santos, que defendem os interesses de Alexsandro, fizeram parte da mesa. Ainda faltam alguns detalhes para que o imóvel seja passado para o nome do hospital, mas isso deve se resolver em mais alguns dias.

Intervenção do MP
O promotor Mário iniciou dizendo que, num ato informal, gostaria de fazer o esclarecimento sobre a razão da intervenção do Ministério Público nos processos que envolvem o Estádio Wolmar Salton. Ele disse que em função do jovem Alexsandro estar interditado, a promotoria teve que intervir no processo para preservar seus interesses, além de todos os processos judiciais movidos contra o clube. “O MP pediu várias providências e uma delas foi a da nomeação de um administrador judicial para o imóvel. O juiz atendeu ao pedido e nomeou o dr. Cássio Moreira, que passou a atuar também junto com o dr. José Alexandre como procurador constituído pela família do Alexsandro”, explicou.

Acordo
De acordo com ele, o valor que fosse auferido com a venda do imóvel não iria servir para beneficiar somente Alexsandro, mas todos os credores trabalhistas do clube. “A ideia era desde o início contemplar a todos os credores, principalmente os trabalhistas, mas havia alguns empecilhos”. O primeiro é que a arrematação era questionada na justiça, inclusive pelo clube, e também pela Fazenda Pública Nacional. O segundo era que existiam inúmeras penhoras na matrícula do imóvel e o terceiro é que o estádio havia sido tombado pelo governo municipal. “Isso tudo dificultava a venda e o comprador, em princípio, não poderia modificar a estrutura do local”, disse o promotor Mário.

Consenso
Em razão de todas essas dificuldades, ele explica que todos os envolvidos passaram a trabalhar para fazer uma negociação para que se pudesse firmar um acordo que satisfizesse todas as partes. “Chegou-se a esse acordo, que no entender do MP, preserva os interesses do curatelado, Alexsandro. Foi feita uma grande obra e todos colaboraram para que houvesse essa decisão consensual. Todos cederam um pouco, abriram mão de partes dos seus direitos e em parte, saem beneficiados”. Com isso, segundo ele, o acordo evita mais anos de litígio judicial em que o jovem Alexsandro não teria nenhum proveito e em que o estádio iria continuar como está hoje. “Se não fosse essa solução, os processos se arrastariam por anos”.

Melhor oferta
Ao tomar a palavra, o advogado Cássio Moreira disse que sempre procurou atuar na defesa dos direitos de Alexsandro, mas sempre mantendo contato direto com o SC Gaúcho. “Tivemos algumas diferenças, mas nunca nos desrespeitamos. Estávamos tentando a venda do imóvel, mas, em função dos entraves, tudo se tornava muito difícil”. Depois de levar em consideração essa situação, Cássio fala que procurou uma aproximação maior do clube. A intervenção do MP, segundo ele, foi fundamental para o acordo. “Numa reunião entramos em consenso e decidimos que, por um acordo geral, inclusive com a colaboração do município seria a única maneira viável de conseguirmos efetiva a venda do imóvel, sempre prevalecendo a melhor oferta, que foi do HSVP”.

Nova fase
Gilmar Rosso, muito emocionado, disse que, quando assumiu a presidência do clube, há três anos, passava uma caixinha entre os torcedores, que ali depositavam pequenos valores para que o Gaúcho pudesse ter alguma renda. “Mesmo com todas as dificuldades que enfrentávamos muitas pessoas não deixaram o Gaúcho morrer. Isso me veio à memória. Hoje concretizamos o que iniciamos correndo a caixinha lá em Marau”. Professor de História e Sociologia, ele fez questão de lembrar que antes de tudo, sempre procura valorizar o lado humano das pessoas. “Sempre peço para que meus alunos façam um trabalho sobre humanismo e sobre o que essa palavra significa. Nada é mais importante que o ser humano e isso, desde o primeiro instante, sempre preservamos no Gaúcho. Hoje começa uma nova fase na história do Gaúcho”.

50 anos
Décio Ramos de Lima disse que aquele era um dos dias importantes de sua vida, porque estava ali representando uma instituição muito tradicional de Passo Fundo e lembrou que o Sport Clube Gaúcho e o Hospital São Vicente de Paulo foram criados no mesmo ano. “O Gaúcho é mais velho por menos de 40 dias. O HSVP não tem dono e é administrado até hoje pelos vicentinos e que trabalha para que o município se consolide como polo regional”. Ele disse que a aquisição da área do estádio, possibilita ao HSVP pensar a saúde em Passo Fundo pelo menos pelos próximos 50 anos. “Para nós, é um orgulho muito grande. Precisamos dessa área porque não temos mais para onde ampliar o hospital. Graças ao esforço de todos, hoje estamos coroando essa compra. Com isso estamos fazendo com que a história de um clube que faz parte da história de Passo Fundo”.

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