Amanhã, pela última vez, o Olímpico Monumental terá seus portões abertos para a disputa de uma partida oficial de futebol. Mas não é qualquer partida. O Gre-Nal 394, que será jogado amanhã, representa muito mais do que três pontos, do que uma classificação direta do Grêmio à fase de grupos da Taça Libertadores ou do que uma vitória colorada para lavar a alma e fechar o estádio com o mesmo gosto de vitória com que o abriu no longínquo ano de 1954. Representa a despedida de um dos chamados ‘templos do futebol’. O estádio em que o Grêmio conquistou alguns dos seus principais títulos, como a Libertadores de 1983, numa batalha contra o Peñarol, e o Bicampeonato Brasileiro em 1996, no último minuto de jogo. O estádio que consagrou o maior ídolo dos gremistas, Renato Portaluppi e onde surgiram craques como Ronaldo de Assis Moreira, melhor jogador do planeta em 2004 e 2005.
Assim que os portões se abrirem, uma legião de torcedores vai se acotovelar na busca pelo melhor lugar para assistir ao jogo derradeiro no ‘Velho Casarão’ Tricolor. Onde Renato, cercado por adversários uruguaios, conseguiu tirar um cruzamento sabe-se lá de onde, para César se jogar na bola como um louco e marcar um dos gols mais importantes da história daquele estádio. Onde Aílton, aos 46 minutos da segunda etapa, num rebote, fuzilou o goleiro Clemer, da Portuguesa e decretou o bicampeonato brasileiro. Onde o Grêmio de Mazaropi, Luiz Eduardo, Cuca, e Cristóvão goleou o Flamengo por acachapantes 6x1 e na final venceu o Sport Recife para conquistar a primeira Copa do Brasil, em 1989. O mesmo local em que, em agosto de 1995, o Tricolor garantiria o bicampeonato da Libertadores, com um 3x1 sobre o Nacional, da Colômbia.
Arquibancadas, cadeiras, camarotes. Cada pedaço, cada metro quadrado do estádio em que André Catimba, numa cambalhota frustrada se estatelou no chão em 1977 e em que no mesmo ano, Yura, o ‘Passarinho’, marcou o gol mais rápido em Gre-Nais, com apenas 14 segundos de jogo, vai estar ocupado por um torcedor tomado de emoção. O estádio em que De León, Jardel, Airton Pavilhão, Tarciso, Everaldo e o bugre Alcindo fizeram história, vai ouvir e fazer ecoar os cânticos da Geral e das demais torcidas organizadas, pela última vez. Borrachos, loucos, fanáticos ou apenas torcedores. Quase 50 mil pessoas vão enaltecer e homenagear o local que serviu para muitos como sua segunda casa. Amanhã acontecerá uma grande festa para homenagear esse jovem senhor, chamado Olímpico Monumental, que aos 58 anos de idade, terá suas luzes apagadas. Pela última vez.
O último dia
· 1 min de leitura