Com a bandeira brasileira sobre as costas, o atleta Marcos Cavalheiro Júnior, 18 anos, desfilou pelas ruas de Passo Fundo, ontem à tarde, no caminhão do Corpo de Bombeiros, exibindo os troféus conquistados no Campeonato Mundial de Kickboxing, disputado entre 11 a 13 de maio, em Buenos Aires, na Argentina. Cavalheiro participou em sete modalidades e venceu em todas elas.
Para chegar ao título mundial na Low Kick, considerada a mais completa, Júnior venceu as nove lutas disputadas, três delas por nocaute. Na semifinal, contra um lutador argentino, precisou de apenas sete segundos para encerrar o combate. “Tive a felicidade de encaixar dois golpes fortes logo de saída” comenta o mais novo campeão mundial na categoria até 71 quilos faixa preta. No caminho até o título, ele ainda enfrentou representantes de Angola e Singapura. A final foi novamente contra um argentino. Após dois rounds de cinco minutos cada, o passo-fundense venceu por decisão unânime dos juízes.
Cavalheiro ainda trouxe na bagagem de volta, os títulos nas modalidades: forms com arma (exibição com bastão), pallos peso livre, full – contact, light contact, semi- contato, kata por equipe. Mesmo colecionando títulos importantes: seis vezes campeão brasileiro, quatro pela Copa do Brasil, um Sul Americano e um Pan Americano, somente este ano Júnior teve a oportunidade de participar pela primeira vez de um mundial. A falta de patrocínio tem sido o principal adversário do atleta fora dos tatames. “O ano passado foi na Irlanda, não tinha como ir. Por ser na Argentina, mais perto, facilitou um pouco” comenta o atleta. Sem apoio do poder público, a alternativa foi contar com a solidariedade de amigos que ajudaram nas despesas. Enquanto comemora o feito, Júnior já começa a pensar no Brasileiro de Kickboxing, que acontece no final deste mês, na cidade de Piracicaba, em São Paulo.
Campeão feito em casa
Filho de uma família de professores de artes marciais, Júnior praticamente cresceu sobre o tatame. O campeão mundial começou a receber as primeiras noções quando tinha apenas quatro anos, na academia do pai e mestre, Marcos Cavalheiro, 50 anos. Ontem à tarde, enquanto Júnior conversava com a imprensa, ele exibia rgulhoso os troféus trazidos pelo filho de Buenos Aires. “É um orgulho muito grande. Ele tem uma paixão imensa por esse esporte. Faz isso desde criança. Venceu pela disciplina e humildade” comenta. Ao analisar tecnicamente o filho, que treina uma média diária de cinco horas, destaca a velocidade nos braços e a pegada forte. “Numa das lutas ele deu apenas dois golpes e nocauteou o argentino” afirma.
Proprietário da Academia Olympika, Cavalheiro tem aproximadamente 160 alunos, destes, 60 se dedicam ao kickboing, uma modalidade de combate que se utiliza das pernas e punhos, apenas com os atletas em pé. Segundo ele, outros três atletas já conquistaram o título de campeão brasileiro, com destaque para Cristiane da Silva, campeã Sul Americana e Pan Americana na modalidade. “Temos atletas de nível internacional, o problema é a falta de patrocínio para participarem das competições” observa.