Quebrando pratos para ganhar medalhas

Jorge Brol serviu presidentes, levou a tradição gaúcha ao Nordeste e agora é campeão de tiro ao prato

Por
· 3 min de leitura
Você prefere ouvir essa matéria?
A- A+

Mais de 40 medalhas e 13 troféus é um enorme acervo, que raros campeões obtém ao longo da carreira. Passo Fundo tem um campeão que conquistou essa imensa premiação em menos de dois anos. Foram milhares de tiros certeiros que garantiram muitos títulos, troféus e medalhas para Jorge Brol. Um atleta que já iniciou como veterano e é destaque em níveis estadual, nacional e internacional no tiro ao prato. Ele entrou nas competições no ano passado e hoje garante títulos para o Clube de Tiro e Caça de Passo Fundo. O tiro ao prato, ou trap, é uma modalidade olímpica que utiliza espingardas calibre 12 de dois canos. Nas provas de Trap 100 são arremessados 100 pratos e a pontuação é equivalente ao número de pratos quebrados. Tem, ainda, o Double Trap, com arremesso simultâneo de dois pratos que exigem dois disparos quase que imediatos.

Os presidentes
Jorge Alberto Brol, 66 anos, é natural de Muçum e chegou a Passo Fundo em 1961. Em 1966 o empresário estabeleceu-se em Maceió, onde permaneceu até 2000. “Mas sempre mantive o vínculo com o Rio Grande do Sul”, conta com orgulho. Na capital alagoana manteve a ‘Churrascaria O Laçador’, um referencial político, pois por lá “passaram os ex-presidentes Collor, Lula, Figueiredo, Geisel, Médici e Castelo Branco”, recorda. À época, com uns quilos a mais, também era conhecido como Jorjão, na prática um embaixador do Rio Grande do Sul. “Eu fiz a Semana Farroupilha durante 23 anos em Maceió”. A festa gaúcha de Jorge tinha grandes proporções, com desfiles e solenidades, sempre prestigiadas por personalidades da vida pública. Dentre os convidados, não faltaram muitos passo-fundenses. Tudo documentado em fotos e vídeos, cuja reprodução embarga a voz de Jorge. Emoção que se repete ao mostrar uma parede repleta de diplomas de reconhecimento e gratidão do Exército e outras instituições, de Alagoas e do Rio Grande do Sul. E, claro, a Medalha Fagundes dos Reis, honraria máxima de Passo Fundo.

Empresário e colecionador
Casado com Elta Lima Brol, Jorge é pai de Adolfo, Adriana e Andresa e tem sete netos. Hoje aposentado, o empresário já teve uma empresa de pesca com 11 barcos e 50 funcionários. Em 2000, quando retornou a Passo Fundo, uniu-se ao médico Dalvino Badotti para construção do Memorial Vera Cruz. Badotti faleceu e Jorge, por problemas de saúde, vendeu sua parte no empreendimento. Assim teve mais tempo para dedicar-se a sua paixão pelas armas. Colecionador, fez uma espécie de ponte aérea entre Maceió e Passo Fundo, “para participar de provas aqui no 20 (em referência à unidade local do Exército)”. Quando fala sobre armas, Jorge Brol destaca as exigências legais, registros e outras formalidades necessárias. Compete com uma Beretta S-58 Trap, mas diz que existem modelos bem mais caros, citando como exemplo uma espingarda de 400 mil Euros, que existem apenas quatro unidades. Jorge até viu uma delas em Curitiba, lembrou sorrindo para arrematar “mas capaz (risos)”.

Estreante veterano
“Já comecei como veterano”. Assim Jorge Brol fala de carreira como atleta de tiro ao prato, pois compete na categoria veteranos. Uma carreira que começou no ano passado e já rendeu títulos nacionais e internaionais: campeão brasileiro no Trap 100 e campeão brasileiro no Trap 200, vice-campeão mundial no Double Trap e vice-campeão mundial no Trap 200. Isso para citar apenas algumas dentre tantas conquistas. Falta espaço em uma mesa para dispor todos os prêmios conquistados por Jorge. Para enfrentar centenas de competidores, ele treina duas vezes por semana. Mas qual o segredo para um excelente desempenho? “O instinto é importante. Existe o instinto de posicionar a arma”. Além disso, Jorge destaca outros fatores. “O posicionamento na pedana (área de tiro) e o reflexo são importantes, mas a concentração é fundamental”. Jorge Brol quer ser um exemplo para os jovens e lembra que seu filho Adolfo, também atirador, foi quem mais o incentivou. “Tem que ter disciplina. Dentro do clube não pode andar com a arma fechada, deve estar sempre aberta e desmuniciada”, enfatiza com muita seriedade. O sorriso volta quando fala das próximas provas, em Caxias do Sul e Criciúma. Pelo otimismo, terá que ampliar a mesa da sala para receber os novos troféus e medalhas.

Gostou? Compartilhe