Um título, uma história

Crônica de Luiz Carlos Schneider

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Após uma feijoada num sábado de 1986, resolvi encarar a função de repórter de campo na Rádio Passo Fundo. Domingo fui ao Três de Maio, com o narrador Jorge Antônio Gerhardt e o comentarista Gilson Paz, para o segundo amistoso do recém-fundado E.C. Passo Fundo. O adversário foi Oriental ou Botafogo? Meus neurônios remanescentes não lembram. Apesar da chuva e do barro, sobrevivi para acompanhar todos os jogos do campeonato. O Passo Fundo era uma fusão (Gaúcho e 14 de Julho), algo novo e polêmico, mas as divergências passaram a lo largo. O ninho era o Estádio Wolmar Salton, a direção mesclava verdes e vermelhos: o presidente Eloy Taschetto, os vices Daniel Winik e Nelson Lanza e o diretor Ingo Spellmeier. O técnico Raul Tagliari logo foi substituído pelo gentleman Paulo Sérgio Poletto. A preparação era da afinada dupla Darlan Schneider e Carlinhos Almeida. O médico foi Wilson Heurich com o polivalente Tartaruga de
massagista.

E foi como setorista do Passo Fundo que cheguei à redação de O Nacional, pelas mãos do Santarém e do Meneghini. Vi o time sendo moldado durante a competição e seria injusta uma escalação definitiva. Recordo dos goleiros Mazzaropi e Donizete, na zaga o experiente Darci Munique ao lado do jovem Zé Ricardo, de muita técnica. Tinha Rebechi, Ricardinho, Mauro, Volmir (Toco), Betão, Ximbica e Sérgio Roth. O principal volante era o baixinho e valente Walmor, além de Doval, Castor, Flávio, Zé Carlos, Almir, Valduíno, Leonel, Alfredo e Anchieta. Peço desculpas antecipadas por esquecer alguém. Mas, claro, não esqueci o nome daquele campeonato: Cláudio Luiz Martha de Freitas. Para ele falta da intermediária era pênalti. Cláudio Freitas dividia o quarto no Hotel Glória com o disciplinado capitão Munique. Uma louvável estratégia. Ainda guardo uma imagem pós-treinos no Wolmar Salton: isolados em um canto do gramado Poletto trocando ideias com o supervisor Altino Nascimento, técnico campeão de 1966 (Gaúcho) e 1967  (Ypiranga).

O campeonato foi passando e, escaldado pela água de Três de Maio, já com capa de chuva e botas, fui para Erechim, Cruz Alta, Lajeado, Bagé... A partida decisiva foi no Passo D’Areia, em Porto Alegre, diante do São José. O Passo Fundo necessitava de um empate para erguer a taça. Mas um passo-fundense quase estragou a festa. Foi o ponteiro Luizinho, jogando pelo São José, chutou uma bola na rede pelo lado de fora e comemorou. Quase colou. Mas o árbitro Renato Marsiglia, acompanhado pelo presidente da Aceg, João Bosco Vaz, conferiu e a rede não estava furada. Terminou zero a zero, o Passo Fundo foi o campeão e o Lajeadense o vice. Recepção festiva, passei para a unidade móvel e segui do Boqueirão narrando a festa. Mas só até a Avenida Sete de Setembro, por onde corri até O Nacional. Material entregue e ainda peguei o finzinho da festa no Panorâmico. Cerveja para todos. Menos para Darci Munique que - como sempre fazia na beira do gramado - pegou o meu cigarro e apagou. Um bom exemplo que não esqueci, mesmo passados 27 anos.

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