Apaixonada por motos

Nem as clavículas fraturadas afastaram Maria Eduarda Salomoni do motocross

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Ela é bonita, simpática e comunicativa. De cara fica explícita a sua paixão pelo motociclismo. O toque do seu celular é o ronco de uma moto. No punho está tatuada uma motocicleta. Ela é Maria Eduarda Salomoni da Silva, 20 anos, cursa o 6º semestre de Psicologia na Imed e é piloto de motocross. Nasceu em Selbach, mas cresceu e mora em Passo Fundo. Afastada por uns tempos das pistas, Duda está voltando para disputar os campeonatos em níveis estadual e nacional. A primeira etapa do campeonato Gaúcho será no próximo sábado, em Maratá. A passo-fundense vai disputar na categoria feminina e também entre os homens, na Classe Estreantes. A partir de agora ela estará sobre uma máquina importada, uma potente Kawasaki MX3 de 250cc. Quando passar a moto número 127 terá muita gente aplaudindo a Duda ou simplesmente a Dudinha, como a galera grita.

A festa pela moto
Desde pequena, Maria Eduarda sonhava com uma moto. Era o seu pedido de Natal. “Sempre gostei, desde criança eu era apaixonada por moto. Meus pais não tinham como me dar uma moto. Mas não só pelo dinheiro, o motivo é que achavam muito perigoso”, conta. Quando completou 15 anos idade, enfim ela conseguiu dobrar os pais. Trocou todo o glamour de uma festa de 15 anos pela emoção sobre duas rodas. “Ao invés da festa veio a tal de moto”, conta sorridente. Era um XTZ 125cc, que Duda usou para fazer trilhas durante cinco meses até aprender a domar a máquina. Depois veio uma TTR 230cc e ela começou a correr na classe ‘oitentinha’, disputada por jovens dos 12 aos 17 anos. Era o início de carreira. “O André Rigon foi meu primeiro incentivador. Meu pai também incentivava bastante. A mãe não aceitava e agora ela até gosta, mas ainda tem muito medo”.

Clavículas quebradas
Já em 2010 Dudinha conquistou o título estadual, mas parou no ano seguinte. Retornou em 2012 e sofreu um acidente durante um treino, quando acabou quebrando as duas clavículas. No ano passado ela retornou às pistas de motocross. Já com uma máquina de 250cc, uma CRF, ela foi para a abertura do Campeonato Estadual. Ela sofreu um acidente e novamente fraturou a clavícula. “Aí não escapei da cirurgia”, conta. O acidente foi em Maratá, na mesma pista onde ela vai correr no sábado. Lá permanece o mesmo relevo onde caiu ao saltar no ano passado. “Estou um pouco com medo, mas tenho que encarar, acertar o salto e vencer o desafio. Querendo ou não, fica um pouco de receio”, ou Duda.

Não é fácil a vida da piloto
Além da adrenalina para saltar nas pistas de motocross, Maria Eduarda tem perseverança para superar as dificuldades. Sua fanpage tem oito mil seguidores. E o namorado tem ciúmes? “Um pouco, se incomoda um pouquinho, mas é muito parceiro e me leva treinar”. E treinar é uma das dificuldades. “Passo Fundo não tem um local então tenho que ir a Vila Maria, Ibirubá, Sertão ou Gentil.” O motocross tem custos elevados. “É complicado, não tem muito apoio e sai do bolso da gente. Tenho apoio do escritório TwoThink More, do meu namorado”, explica. Mas Duda corre pela equipe Pato Loco Preparações, que garante a manutenção da máquina. Mas para levar na mão e segurar no braço os quase 100 kg da Kawasaki, tem que ter força. “Tem que estar em forma”, garante Maria Eduarda, que malha com a equipe da Simbiose para garantir o preparo físico. “Tem que estar em dia, qualquer erro pode significar um tombo e tem que ter energia de sobra para puxar a moto”. Apoio de um lado, uma força de outro, mas Duda ainda busca um patrocínio para suprir as despesas. “Meus pais fazem de tudo, mas é muito caro”, disse esperançosa. É com a mesma esperança e apaixonada pelo motocross, que Dudinha está retornando às pistas. Que os saltos deste sábado sejam cheios de emoção, superação e conquistas.

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