A bola já está rolando desde o mês passado na principal competição do futebol amador de Passo Fundo. Organizada pela Secretaria Municipal de Desporto e Cultura (Sedec), a 26ª edição reúne 20 equipes divididas em quatro chave de cinco cada. Apenas os dois primeiros passam para a fase seguinte. São pelo menos 600 atletas correndo pelos gramados dos estádios Vermelhão da Serra e Delmar Sitoni. Entre eles, figuras carimbadas da competição, como o zagueiro Miconga do Nacional, que aos 47 anos, continua fazendo história no amador. A novidade deste ano ficou por conta do Ipiranga, da Bom Jesus, que conseguiu reunir em seu elenco dois destaques do futebol gaúcho. O atacante Felipe, duas vezes goleador do Gauchão, e o volante Fábio Rochemback, com passagens pela dupla Gre-Nal, Barcelona, entre outras.
Cada vez mais, a competição está reunindo uma grande quantidade de atletas da região. Clube mais tradicional na ativa, o grupo do Independente é praticamente formado por jogadores de Marau. A cada edição, o municipal vem se tornando também uma fonte alternativa de renda para muitos deles. Em lgumas equipes, o cachê por rodada varia de R$ 300 até R$ 500. Situação que, segundo alguns dirigentes, prejudica o equilíbrio da disputa. A partir deste final de semana, o ON publica uma sequencia de matérias sobre alguns times e personagens que ajudam a escrever a história do futebol amador da cidade.
Independente mantém a escrita
Equipe do Boqueirão participou de todas edições do municipal sem nunca ter sido rebaixada
A cada rodada no final de semana, o lateral direito, Antônio Lussi, 33 anos, percorre os cerca de 30 quilômetros que separam Marau de Passo Fundo, para defender as cores do time mais tradicional na ativa do futebol amador da cidade. O Independente é o único clube que disputou todas as 26 edições sem nunca ter sido rebaixado. Por outro lado, mantém a saga de não conhecer o sabor de um título. A vez que chegou mais perto de quebrar o jejum foi em 1999, quando disputou a final e ficou com o vice.
Sob o comando de João Amantino Pimentel Rocha, o Padeiro, 72 anos, o Independente formou este ano um grupo com jogadores da região, a maioria deles de Marau. Eles viajam com veículos próprios e recebem uma ajuda apenas para bancar as despesas. Um ritual que Lussi cumpre à risca há pelo menos 10 anos. “A gente tem uma parceria de longa data. Em Marau não existe uma competição assim, então a alternativa é participar em Passo Fundo. Não perdemos um jogo” comenta.
No vestiário, o atleta encontra o uniforme separado cuidadosamente por Rodrigo Zanco, 32 anos, filho mais novo do presidente. Quando não está em viagem pela equipe Apeo, de futsal, onde atua como goleiro, Zanco cuida de todos os detalhes fora do campo. “A mãe lava o uniforme e já deixa separado. Aqui eu organizo ele para facilitar a vida dos jogadores” explica o atleta, que cresceu ao lado do pai acompanhando de perto a história do Independente no municipal.
Sobre a presença de tantos jogadores trazidos de outras cidades, comenta que está cada vez mais difícil contratar atletas de Passo Fundo. “Infelizmente a situação ficou assim. Eles dão um chute na bola e já pedem R$ 300 por partida. Não temos condições de bancar algo assim. Está totalmente fora da realidade. Não pagamos ninguém, apenas conseguimos ajuda de custo para as despesas de viagem” diz.