O corpo do ex-jogador João Leithardt Neto, o Kita, 57 anos, foi sepultado na manhã de ontem. Kita faleceu sábado no hospital IOT, onde estava internado desde a madrugada de quinta-feira, para tratar de um câncer descoberto há pouco mais de um mês. O prefeito Luciano Azevedo decretou luto de três dias. Ele deixou a esposa e três filhos.
Fora dos gramados, o artilheiro medalha de prata nos jogos olímpicos de Los Angeles, em 1984, havia superado um drama em 2011. Internado para fazer uma cirurgia de reconstituição dos ligamentos do tornozelo esquerdo, contraiu uma infecção hospitalar e teve de amputar o pé. O estado de saúde do ex-atleta chegou a ser considerado grave pela equipe médica.
Para ajudar nas despesas da família, ex-companheiros realizaram um jogo beneficente no estádio Vermelhão da Serra. A partida reuniu cerca de 44 ex-jogadores da dupla Gre-Nal. Kita venceu a batalha e conseguiu se recuperar. Há cerca de um mês ele havia iniciado o tratamento contra o câncer. “Foi muito rápido. Ele reclamou de dores nas costas. Fizemos os exames e descobrimos que a doença já estava avançada” disse a filha, Camila Burlamarque Leithardt.
Artilheiro
A morte de Kita repercutiu em todo o Brasil. O artilheiro iniciou a carreira no Gaúcho como meia-direita. Em 1976, passou para o rival 14 de Julho. Jogou no Criciúma, Brasil de Pelotas, onde se efetivou como centroavante e Juventude. No time da serra, se destacou como goleador do estadual de 83, marcando 15 gols. Transferido para o Internacional, Kita foi campeão gaúcho em 1984. Um dos maiores feitos de sua carreira aconteceu em 86, quando sagrou-se campeão paulista pela Inter de Limeira, sendo o artilheiro da competição com 23 gols. Um deles marcado na vitória de 2 a 1 diante do Palmeiras na grande decisão.
O centroavante seguiu acumulando títulos em sua carreira. Destaque do Paulistão, acabou parando no Flamengo de Zico, campeão da Copa União, em 87. De volta ao ao Rio Grande do Sul, desta vez no Grêmio, Kita conquistou o campeonato Gaúcho de 89 e a primeira Copa do Brasil do tricolor. Em 1990, aos 32 anos, o centroavante foi contratado pelo Atlético Paranaense e, mais uma vez, comprovou a fama de goleador. O passo-fundense levantou mais uma taça de campeão estadual, a última de sua carreira como profissional. Kita também defendeu as cores da Portuguesa de Desportos, Figueirense, Esportivo, Guarani de Garibaldi e Esporte Clube Passo Fundo, onde encerrou a carreira em 96.
Seleção
Kita também fez parte da Seleção Brasileira nas Olimpíadas de 1984, em Los Angeles, nos Estados Unidos. O Brasil foi representado pelo time do Internacional/RS que cedeu seu time titular para a CBF. A equipe conquistou a medalha de prata, perdendo o ouro na final contra a França. Kita marcou um gol na competição na vitória de 2 a 0 contra a seleção do Marrocos.