A tecnologia da corrida espacial, desenvolvida durante a Guerra Fria, também chegou aos estádios. Satélites em órbita da Terra proporcionaram avanços das comunicações ao futebol. O Esporte Clube Passo Fundo já gravita nessa high-tech através do GPS. Sim, pelo Global Positioning System também é possível monitorar a movimentação dos jogadores. A tecnologia permite acompanhar o desempenho dos atletas durante jogos e treinamentos. O preparador físico do clube, Marcelo Rohling, monitora a movimentação do elenco através de unidades GPS Qstarz. São pequenos aparelhos com dimensões em torno de 6,5 x 3,5cm e espessura de 0,5 cm. Contam com baterias recarregáveis que permitem até quatro horas de funcionamento. O resultado das medições será copiado em um computador e, em um programa específico, permitirá detalhados conhecimentos sobre o desempenho de cada atleta. São resultados como deslocamentos do jogador em cada tempo de jogo, velocidades obtidas em várias intensidades, acelerações e seus comparativos.
Velocidade e desempenho
A utilização do sistema não tem nenhuma complicação. “Colocamos o aparelho com uma braçadeira, mas deve permanecer embaixo da camisa e não pode aparecer durante o jogo”, explicou Marcelo. A medição inicia logo após o aquecimento. “Depois a gente abre no computador para saber a distância percorrida, a velocidade em máxima intensidade e o sprint (arrancada) de cada um”. As informações serão transformadas em potenciais ferramentas de trabalho. “Analisamos se o atleta está tendo um acréscimo ou decréscimo de um jogo para o outro”. Marcelo deixa claro que, pelas características distintas, há jogos que exigem mais e outros menos. Assim, as verificações são dados científicos para aproveitar nos treinamentos da semana. “Atletas velocistas, ao invés de fazer treinos longos (resistência) eu priorizo os sprints (arrancadas), pois será o que ele vai fazer no jogo”. O uso do GPS nos treinamentos tem muitas finalidades. “Uma delas é controlar o volume de treino antes de jogos”.
O condicionamento
Em avaliação básica sobre o condicionamento do elenco do Passo Fundo, Marcelo Rohling entende que “após três jogos ainda tem que evoluir”. O preparador considera que “no quarto jogo o grupo entra no ápice do condicionamento”. Isso, claro, para aqueles que fizeram os trabalhos de toda a pré-temporada. Com jogos apenas uma vez por semana, entente que o calendário favorece uma boa sequência no condicionamento. Após cada jogo é possível um dia de folga. “É uma recuperação total após o jogo para depois termos uma carga para a próxima partida. Isso é muito positivo”. Marcelo traçou um paralelo com equipes da Série B do Brasileirão. “Tinha jogos na terça e na sexta-feira e muito tempo em viagem, isso era horrível”.
Marcelo Rohling
O preparado físico do Passo Fundo é Marcelo Rohling, 42 anos. Nascido no Paraná, é graduado em Educação Física pela Univille (SC) e pós-graduado em Fisiologia do Exercício pela Universidade Gama Filho (RJ). Além de equipes de base, já atuou como preparador do Joinville, Santa Cruz, Caxias, Juventude, Náutico, Sampaio Correa, Boa Esporte e Sertãozinho.