Um dos maiores prazeres de um pai é conseguir transmitir seus gostos para o filho. Na família Machado, Ricardo foi além. O ciclista de Lagoa Vermelha conseguiu passar o amor pelo esporte não só para a filha Luana, mas também para a neta Melissa, que ao completar 12 anos de idade em 2018 também irá participar de torneios da modalidade.
O papai e vovô Ricardo Machado, de 55 anos, é o progenitor da paixão familiar. Desde criança sempre teve o amor pelos esportes correndo em suas veias. Praticou atletismo, futebol de campo, futsal e vôlei. Porém, o desejo de praticar o ciclismo surgiu de uma maneira inusitada. Ricardo assistia pela televisão a prova mais tradicional do ciclismo brasileiro, a 9 de Julho, quando se sentiu atraído pelo esporte e decidiu que era o que gostaria de fazer para o resto da vida. A condição financeira da família, somada ao fato de não saber pedalar, quase impediu o ingresso de Ricardo no ciclismo. Morando em Joinville-SC na época, Ricardo se agarrou no sonho para superar as adversidades. Conseguiu comprar uma bicicleta comum e passou a pedalar diariamente. Em um percursso até Porto Alegre, Ricardo ouviu de um amigo, que já pedalava, uma frase que marcou sua vida. “Ricardo, você pedala melhor do que eu. Seu estilo de pedalar é incrível” - mal sabia o seu amigo que a frase dita seria de uma felicidade enorme.
Ricardo treinou durante um ano e meio para correr durante 22 dias pela região sul. Divulgou na imprensa, conseguiu apoio de patrocionadores e passou a disputar torneios oficiais. Melhor adaptado ao esporte, o ciclista percebeu que tinha uma dificuldade para acompanhar o ritmo de outros atletas em terreno plano, porém nas subidas longas conseguia levar vantagem. Dessa observação veio a ideia de correr em Mountain Bike. Na modalidade que envolve corridas em pistas com subidas e descidas bruscas, Ricardo conseguia levar uma enorme vantagem em relação aos mesmos adversários que o derrotavam nas provas de ciclismo de estrada. Ricardo percebeu que a paixão poderia se tornar uma profissão e acabou virando um fenômeno da modalidade, onde conquistou títulos nacionais e internacionais. Mas o maior feito do ciclista passa passa longe de ser o bicampeonato pan-americano ou o hexacampeonato brasileiro. Sua maior conquista é ter transmitido a paixão pelo ciclismo para sua filha Luana e para sua neta Melissa.
Pai de Luana e Mariane, Ricardo viu a filha mais nova seguir seus trilhos. Desde pequena demonstrando amor pelo esporte, aos 12 anos Luana começou a viajar para acompanhar e competir com o pai. Juntos, transformaram a exaustiva rotina de treinamentos diários em um programa familiar. Hoje, aos 27 anos, ela acumula um pentacampeonato brasileiro, além de títulos em provas nacionais, na sua bagagem. Em 2017, Luana não participou de nenhuma prova pois estava amamentando - e se depender do sangue, teremos mais uma ciclista em breve.
A filha mais velha, Mariane, até tentou praticar o ciclismo, mas acabou rumando para as danças tradicionalistas. Porém, ainda continua vivenciado o esporte. Casada com um atleta e treinador de ciclismo, Mariane viu sua filha Melissa, neta de Ricardo, aderir ao esporte também. Aos 11 anos, Melissa participa de algumas pequenas competições e está a espera de completar 12 anos, em 2018, para poder participar de competições oficiais.
Como nas outras profissões, os ciclistas também efrentam problemas. Conciliar a rotina de treinamento e o enorme desgaste físico das provas com um segundo emprego, algo que financeiramente é fundamental, é o maior deles. Por isso, Ricardo também trabalha como microempresário, enquanto Luana é professora de Educação Física – e ambos contam com apoio da Universidade de Passo Fundo (UPF). Para os jovens que sonham em cultivar o sonho de praticar o ciclismo, o multicampeão Ricardo deixa um recado. “Vocês precisam se descobrir, dentro do ciclismo existem várias modalidades”.
