Futebol se joga com 11 e todos são importantes. Mas há peculiaridades regionais com uma pitada de folclore. Diz a lenda que, se em outros estados um time se monta a partir de um bom atacante, aqui no Rio Grande do Sul começa com um zagueiro. Agora, no caso do Esporte Clube Passo Fundo, inicia com uma dupla de zaga: Ludwig e Miller. Dividindo os espaços no gramado ou as funções de marcação, a dupla se entende muito bem. E continua afinada fora de campo, onde mantém uma linguagem similar para falar da equipe como um conjunto, da marcação solidária e da evolução do grupo. Os defensores dividem o bom desempenho com o experiente goleiro Villa, os laterais, volantes, meias e atacantes: “não é só uma zaga, é um time”.
Os zagueiros
Com 1,92m de altura, Eduardo Enrique Ludwig está com 25 anos. Natural de Bom Princípio, já jogou em times como Bahia, Figueirense e Lajeadense. Com 1,87m, Miller da Silva Melo está com 24 anos, nasceu em Cruzeiro do Sul, no Acre, jogou pelo Nacional de Manaus, Uberlândia e Vila Nova. O Passo Fundo estreou na Divisão de Acesso do Campeonato Gaúcho com uma vitória em casa. Mais do que um bom começo, é uma dose de tranquilidade para os jogadores. “Quando a gente sofreu o gol pensei que a torcida teria uma reação, mas continuou nos apoiando”, disse satisfeito Ludwig. Ele abre o jogo para falar da ansiedade da estreia. “Você se prepara um semestre inteiro e aí vêm os primeiros 15 minutos de jogo. Parece que você está carregando a família toda nas costas. Mas depois vai”, explicou.
Ação em conjunto
“Não é só a zaga. A defesa começa no ataque. Por isso a gente tem um poder defensivo muito forte”, explicou Miller. “O primeiro objetivo é não tomar gol. É um conjunto para atacar e para defender, onde um (setor) ajuda o outro, da saída à marcação”. Reforçando as palavras de Miller, Ludwig entende que o time “evoluiu bastante taticamente e a marcação começa desde o primeiro atacante”. Esse entrosamento foi gradativo na pré-temporada, através dos treinamentos táticos. Mas o crescimento dentro de campo depende muito das peças que estão atuando. Para que isso dê certo há, também, uma afinidade no elenco. Segundo Miller, o diálogo é constante. “A gente conversa muito dentro de campo”. A vida de zagueiro não é nenhuma barbada. Mas pode ser facilitada com boa marcação dos volantes, laterais e meias. Essa obstrução na frente da zaga é o famoso primeiro combate. Os volantes Thiago Costa e Nattan vêm cumprindo esse importante papel. “É não deixar jogar diante da gente e criar dificuldades para eles (adversários)” exemplifica Miller.
Confiança
Domingo, às 15 horas, o Passo Fundo enfrentará o União Frederiquense, na nova Arena União, em Frederico Westphalen. Se depender do otimismo da dupla de zagueiros o time volta com uma vitória. Mas, claro, tudo com a bola e os pés no chão. “Tá todo mundo querendo trazer os três pontos. Vamos enfrentar um estádio lotado, é a inauguração. Mas não falta qualidade para vencer”, entende Ludwig. No outro lado da zaga, Miller reforça que “a vitória em casa foi muito importante e aumenta a nossa confiança. Fomos o único time que venceu em casa na primeira rodada. Isso também ajuda a buscar um bom resultado”. Papo encerrado e os zagueiros voltaram ao vestiário, pois logo começaria um treinamento tático. Enfim, com ou sem a bola, Ludwig e Miller formam uma dupla bem afinada.