Há muitos anos o futebol feminino está em crescimento, ganhou competições em todos os níveis. Mas também cresce a presença das meninas nas equipes das escolas, clubes e escolinhas de futebol. Não há uma preocupação com o gênero, pois garotas e garotos se misturam em campo na disputa por uma bola. Nas categorias de base do Esporte Clube Passo Fundo elas suam a camiseta. As categorias Sub-11 e Sub-13 já tiveram a presença de oito meninas, de acordo com o experiente técnico Juarez Villela. Agora elas são três: Karolyn, Mariana e Letícia. Na tarde de sexta-feira, logo após uma atividade técnica, Karolyn Setti dividia o espaço no bebedouro com dois meninos. Ela tem 10 anos e é atacante. “Prefiro jogar na frente mais pelo meio”. Aluna da Escola Santo Antônio, na Vila Ricci, ela sempre gostou de bater uma bolinha. “Eu gostava de jogar no pátio de casa. Aí a mãe me trouxe para cá. Estou treinando aqui desse junho”. Treina muito, pois está de olho na camisa número 9.
Vaidade e futebol
Em meio aos chutes, sempre tem alguém que prefere evitar os gols. É o caso de Mariana Ferrão, 13 anos, que estuda na Escola Jerônimo Coelho. Ela está em sua segunda passagem pela Escolinha do Passo Fundo. “Eu vim porque eu quis voltar. Também jogo como goleira na escola”. Mariana tem um motivo ainda mais forte para vestir a camiseta do clube, pois é neta do presidente Selvino Ferrão. “Ela rebate muito bem a bola. Agora a gente trabalha para aperfeiçoar a maneira de segurar a bola”, avalia Villela, com a experiência dos seus 73 anos e o comando de equipes profissionais do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Sergipe. “Elas estão num momento da vida em que misturam a vaidade com o domínio da bola”, explica com orgulho o treinador. Não há distinção no tratamento entre as meninas e os meninos, inclusive na decisão do momento certo para ganharem a titularidade. “Por enquanto elas vão entrando aos poucos”. Ou seja, como se ouve no jargão do futebol, ainda estão sendo ‘preservadas’. Mas brigando pela titularidade.