Clubes apoiam liberação de bebidas

Assembleia aprovou proposta que permite venda até o intervalo dos jogos

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Na terça-feira, a Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul aprovou a liberação do consumo de bebidas alcoólicas nos estádios por 25 votos favoráveis e 13 contrários. Pelo texto aprovado, a venda será permitida até o intervalo e após o encerramento das partidas. A matéria ainda depende de sanção do Executivo. O fim da proibição agarrada aos clubes, mas desagrada o Ministério Público.


Um apelo dos times do Interior

O deputado Gilmar Sossella, autor do Projeto de Lei, disse que a aprovação teve uma repercussão nacional. Também lembrou que dos 14 estados que estão nas Séries “A” e “B”, apenas três estados estavam com uma lei de proibição: Rio Grande do Sul, Goiás e Alagoas. “Mas o apelo maior é em relação aos times do interior e está é a razão da nossa proposta. Para que se tenha uma ideia, isso representa até 30% da arrecadação dos times do interior. O projeto existia desde 2015 e, temos que ser justos, vinha sendo tocado pelo deputado Juliano Rosso. Quando ele desistiu, imediatamente liguei para ele e disse que iria reapresentar. Modificamos um pouco, a nossa lei permite a venda até o intervalo e após o término da partida. Na Copa do Mundo da Fifa, teve uma flexibilidade permitindo a venda.”

 

Controle
O deputado também destacou o aumento da segurança. “O principal é que os times reforçaram a segurança, especialmente os aqui da capital. Colocaram o controle eletrônico, tem o controle biométrico e as câmeras de vigilância que fazem a leitura facial. Ao identificar o infrator os times ficam isentos de perder pontos, mando de campo ou serem excluídos da competição. O Grêmio hoje já tem um quarto da sua torcida identificada e o Inter começa no ano que vem. Até agora a nossa parte nós fizemos. Agora os times têm que fazer o lobby junto ao Governo do Estado para que sancione”.


Ferrão diz que o público vai aumentar
O presidente do E.C. Passo Fundo, Selvino Ferrão, vê com bons olhos a liberação. “Não ficou provado que a bebida dentro dos estádios seja um problema. Ao contrário, quem bebe fora já vem embalado. Então se for liberado o pessoal vai dizer ‘vamos lá no futebol tomar uma cervejinha e assistir o jogo’. Então agora vai voltar a tradição. Tinha gente que nem assistia ao jogo e ficava lá ao redor da copa. É uma maneira de levar gente ao estádio. Para o clube é muito bom porque vai retornar em dois sentidos. Um é o torcedor que retorna aos estádios aumentando o público e o outro é que pode vender. Hoje você não aluga a copa com facilidade, se vender cerveja o aluguel será maior. Para o clube é uma baita mão financeiramente, nem tanto pela cerveja, mas pelo número de pessoas que vão aderir ao futebol novamente”.


Ghion não vê relação com violência
O presidente do S.C. Gaúcho, Augusto Ricardo Ghion Júnior diz que é a favor. “A liberação ajuda os clubes e não interfere no comportamento. Até porque quem deseja, bebe na porta do estádio. Hoje tem identificação do torcedor que causa problemas. Como clube, nós não nos opomos à liberação. A gente não é de confusão nos estádios. Os clubes pediram a liberação, pois também vai ajudar na renda. Aqueles que provocam animosidade entre torcedores são minorias nos estádios. Então, vender bebidas até o intervalo eu acho tranquilo”.

 

Alto custo público preocupa a Promotoria do Torcedor

O promotor público Márcio Bressani, da Promotoria do Torcedor, afirmou que o Ministério Público vê com preocupação esta investida, “pela forma como foi feita, sem diálogos e ao final da legislatura, sem ouvir todos os órgãos de segurança em todas as instâncias. É uma proposta de alteração, que na verdade não altera a lei mas, a inserção proposta de um inciso ao Artigo 2º da Lei, na verdade ela desdiz tudo e a essência da Lei foi ferida. E, mais do que isso, essa alteração visando à liberação da bebida alcoólica, confronta também o Estatuto do Torcedor, que é uma legislação federal, que tem a proibição expressa, no Art. 13 A, onde diz que as bebidas são potenciais causadoras de atos de violência nos eventos esportivos. O Ministério Público entende que a presença prioritária é de acompanhamento do evento esportivo, da partida de futebol propriamente dita e, então, não se deve relativizar a questão de segurança com os números de algumas pessoas consumirem bebidas alcoólicas e muito menos por interesses econômicos de algumas as pessoas explorarem esta atividade”.

 

Público x privado
Bressani lembra que o Sindiclubes sustenta que quem fizer alguma coisa errada deve ser punido pela Brigada Militar. “Ora, o MP não entende isso como adequado. Primeiro, porque o Estatuto do Torcedor impõe a segurança do evento à federação promovedora da competição e aos clubes mandantes dos jogos. E, num segundo momento, essa lógica vai trazer um alto custo público e demandar mais estrutura de segurança para os estádios de futebol, que são na verdade eventos privados. Então, justamente aqueles que estão alertando para o risco do aumento do incremento da violência nos estádios, são aqueles que os clubes, e o Sindiclubes, quer responsabilizar pelo eventual aumento da violência nos estádios. O Ministério Público acredita ainda na sensibilidade do governador , atual ou eleito, que irá examinar a matéria, além proibições federais e estaduais, mas também para os aspectos sociais de participação nos estádios. A proibição das bebidas nos estádios foi o primeiro passo no sentido de promover encontros de torcidas, torcidas mistas que ainda é uma marca muito nossa”.

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