Pedro Henrique Rocha de Oliveira, 18 anos, é surdo. Poderia estar restrito às suas limitações de comunicação, se inserir no mercado de trabalho e seguir sua vida normalmente. Mas Pedro almeja mais. Desde novembro do ano passado, ele trabalha na Lavanderia do Hospital São Vicente de Paulo de Passo Fundo. Além de estar trabalhando ele quer ser reconhecido no meio esportivo. Joga na posição de pivô no futsal e está despontando nos campeonatos dessa modalidade. Recentemente, ele foi convocado pela Confederação Brasileira Desportiva de Surdos para integrar a Seleção Brasileira de Futsal, que disputou o Pan-Americano de Futsal de Surdos 2018, realizado m Montevidéu, Uruguai. Junto de seu treinador Alex Luís Emiliavaca, eles descreveram, por meio da Língua Brasileira de Sinais (Libras), que no primeiro jogo da competição perderam para Argentina, com um gol marcado por Pedro. Já no segundo jogo, o atleta fez 6 gols, sendo destaque do evento. Diante de inúmeras conquistas como estas, os horizontes se ampliaram e as projeções de Pedro são jogar na seleção brasileira.
Lavanderia do HSVP
Mesmo com poucos dias de trabalho na Lavanderia do HSVP, ele recebeu o apoio de sua gestora Adriana Rigo e do gerente de Recursos Humanos Jairo Davoglio, que prontamente atenderam seu pedido e o liberaram para a competição em solo uruguaio. Aliás, há uma verdadeira corrente de pessoas e entidades que apoiam atletas surdos como o Pedro, para alçarem voos mais altos.
Profissionais envolvidos no Polo Regional de Desenvolvimento de Esporte e Lazer, projeto vinculado desde 2015, à Reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários da Universidade de Passo Fundo, dão todo o suporte para surdos e cegos que integram a ASPF (Associação dos Surdos de Passo Fundo) e a APACE (Associação Passofundense de Cegos), para participarem de atividades esportivas, de recreação e lazer. “Nós fomentamos estratégias, formas de inserção social para possibilitarmos cidadania a essas pessoas, que nos emocionam pelo seu desenvolvimento e superação no esporte que gostam e estão evoluindo”, destaca a professora da UPF, Lorita Maria Weschenfelder, que coordena o projeto do Polo.
Alto rendimento
O atleta pratica o esporte de alto rendimento desde os 14 anos. Em setembro de 2015, o treinador conta que participaram da primeira competição, quando ele já percebeu o potencial de Pedro. “Eles classificaram-se para o Brasil Copa dos Surdos de Minas Gerais, que aconteceu em 2016. Pedro foi evoluindo tecnicamente e começou a despontar. Em 2017 foram campeões do Campeonato Brasileiro de Futsal de Surdos realizado em Goiás, pela Confederação Brasileira de Desportos de Surdos”, ressalta Alex. O treinador salienta que Pedro realizou três treinos com a Seleção Brasileira de Futsal de Surdos e que está convocado para participar das Olimpíadas, no Pan-Americano que será realizado na Suíça. “Na competição realizada este mês no Uruguai, nossa equipe conquistou o terceiro lugar e Pedro foi destaque esportivo do campeonato. Uma felicidade para todos nós”.
Treinar, estudar e trabalhar
No início Pedro conta que não gostava tanto de treinar. Mas com o passar dos anos foi focando e o gosto veio naturalmente. “Muito legal. Comecei a focar e a gostar do esporte. Agora eu adoro jogar. Estou sempre treinando, correndo e me preparando para as competições. Estou muito feliz, ganhei troféu e para o futuro sonho em jogar na seleção, mas antes eu preciso ganhar um título expressivo para ter bolsa”, projeta o atleta. Ele agradece imensamente o carinho, a dedicação de seu treinador, da professora Lorita, da parceira Camila da Silva Guireri, formada em Educação Física e que o incentiva bastante, sua gestora Adriana do HSVP e a todos que apoiam o esporte. Pedro reforça que o esporte tem um significado especial em sua vida, pois o motivou para estudar, trabalhar e, especialmente, respeitar as pessoas, indiferente de suas diferenças e limitações.