Mal em campo e nas finanças, o Esporte Clube Passo Fundo passa por uma longa crise. A instabilidade, que se instalou em 2017 quando a equipe foi rebaixada para a Divisão de Acesso, vem tendo efeitos no cofre e na administração do clube. Esses e outros fatores levaram o presidente Selvino Ferrão a pedir demissão do cargo, em caráter irrevogável, conforme carta entregue ao presidente do Conselho Deliberativo, Luiz Valério. A questão financeira determinou o pedido. Segundo Luiz Valério, “dívida tem bastante”. Também informou que, pelos estatutos, quem assume o cargo é o vice-presidente Moisés Alves. Ainda contou que já houve uma reunião com conselheiros e o patrono Elói Taschetto. Haverá, ainda, uma nova reunião “para decidir o que vamos fazer para buscar recursos com jantares e patrocínios. Podem ficar tranquilos, pois o Passo Fundo não vai parar”, completou Valério.
A carta
Na carta de demissão, Selvino Ferrão deixa claro que não teve o apoio que esperava para superar a crise financeira do clube. “Estou me sentindo uma pessoa incapaz para gerir todas as dificuldades financeiras que se encontra nosso clube, pois os senhores são sabedores da situação precária em que assumimos essa entidade. Tentamos de todas as formas solucionar esses entraves, para o qual eu contava com o apoio e ajuda de todos os membros do conselho, com tristeza informo ao senhor presidente (do CD) que não recebi esse respaldo”. No final, ele ainda fez um apelo. “Peço encarecidamente senhor presidente do conselho, conselheiros e patrono deste clube que se unam e façam o mais rápido possível algo para solucionar essas dívidas, antes que a entidade tenha um fim trágico”.
O desabafo
“Todos deram para trás”, desabafou Selvino Ferrão. Sobre a situação financeira do clube, são muitas contas que têm que ser pagas. “Tem dívida trabalhista e então entra um dinheiro no banco e eles já tiram”, reclamou sobre as dificuldades administrativas. Ferrão também explicou que já entregou as contas bancárias ao presidente do conselho. Disse, ainda, que não tem mais como colocar dinheiro para ajudar o clube e que necessita se dedicar mais a sua empresa. Porém, demonstra tristeza em relação à falta de apoio para superar a crise. “Na hora, todo mundo me deixou sozinho. Não vou mais me envolver com futebol. As pessoas não valorizam”.
O patrono
O patrono Elói Taschetto está preocupado com a mobilização dos conselheiros, o que deverá ocorrer em um jantar, já visando pagar as contas mais urgentes. Em relação às finanças no vermelho, entende que é necessário um levantamento. “Vamos contratar uma auditoria, pois o Passo Fundo não pode ter essa dívida”. Sobre valores, as informações não são exatas, mas, apura-se, superam a faixa de R$ 1 milhão. Taschetto também foi enfático ao declarar que “não vamos vender o patrimônio de jeito nenhum, mas vamos colocar a casa em dia”.
O vice
Na quinta-feira, o ECPF divulgou nota informando que o vice-presidente, Moisés Soares Alves, assumiu o cargo de presidente, de acordo com os estatutos do clube. “Já tivemos duas reuniões com o patrono Taschetto e conselheiros. Na próxima segunda-feira vamos nos reunir novamente para conversar e unir o grupo”, informou Moisés. Para superar a crise, ele pretende convocar algumas pessoas para “uma virada de mesa e colocar o Passo Fundo em uma nova rota”.